Lançamento de painel marca abertura da Semana do Clima em Salvador

Abertura da Semana do Clima, em Salvador | Foto: Max Haack/Secom

Evento com chancela da ONU discute resposta às mudanças climáticas até sexta-feira (23)

Salvador – BA. A Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudança do Clima (Climate Week) ou Semana do Clima teve início na manhã desse dia 19, em Salvador. A programação, que terá a participação de representantes de 26 países e mais de 5 mil inscritos, foi aberta com a instalação do Painel Salvador de Mudança do Clima, órgão que será composto por pesquisadores do tema.

O prefeito de Salvador, ACM Neto, afirmou, em seu discurso, que o evento tem um “apelo muito especial” em função da discussão do clima, da sustentabilidade, da preservação do meio ambiente e do impacto que as Mudanças climáticas causam na América Latina. “É a chance de nossa capital apresentar tudo que tem feito quando o assunto é sustentabilidade e resiliência”, acrescentou.

Além do gestor, compuseram a mesa de abertura do evento o secretário municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência André Fraga; o embaixador da Holanda, Kess van Rij; o primeiro-secretário da Embaixada da Alemanha, Lutz Morgenstern; e o diretor da Agência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), James Grabert. Chamou atenção o fato de não haver representantes do governo federal. Contudo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é aguardado em Salvador nos próximos dias.

“É importante para Salvador receber este evento porque demonstra que o governo local está organizado e estruturado para entregar políticas públicas de sustentabilidade. Vamos receber hoje aqui, por exemplo, uma premiação simbólica por termos o primeiro aterro do mundo a ser credenciado pela ONU para negociar créditos de carbono. Isso faz com que todo o resíduo gerado na cidade tenha um índice de 21% de reciclagem, ainda gerando energia e vendendo crédito de carbono”, destacou André Fraga.

Bioenergia

Salvador é a primeira cidade do mundo a conseguir o registro pela ONU para a emissão de crédito de carbono com engenharia em aterros sanitários, case que será destacado durante a Semana do Clima.

Desde 2005, o aterro administrado pela Battre já mitigou 8 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. Cerca de 65 % dos resíduos produzidos pela cidade que chegam às unidades de coleta e limpeza são direcionados para estação de transbordo, localizada no bairro Canabrava. Quando este material chega ao aterro, no CIA, ele passa pelo processo para que, posteriormente, possa ser gerado o biogás. O fluxo é continuo e à medida que a produção de resíduos passa pelo processo, a extração do biogás ocorre para a geração de energia.

Para tornar a geração de energia uma realidade, Salvador possui uma usina termelétrica movida a biogás situada no interior do aterro sanitário. Primeira do Nordeste, a Termoverde Salvador gera em média 10.000 MWh/mês, energia suficiente para abastecer a demanda de cerca de 200 mil habitantes.

Alerta

A programação da manhã prosseguiu com o painel “Impacto da Mudança do Clima no Brasil”, do climatologista brasileiro Carlos Nobre. Na ocasião, foram demonstrados os impactos das Mudanças Climáticas no País, principalmente nos temas saúde, áreas urbanas, Amazônia, Semiárido e agricultura. Além disso, o cientista destacou a importância e quais deveriam ser as atitudes do Brasil para cumprir os compromissos do Acordo de Paris.

“Nós estamos vivendo uma situação semelhante à que os EUA vem vivendo desde 2017, de que o Governo Federal vai em uma direção e os governos estaduais em outra. O que estamos observando no Brasil é uma adesão até maior dos governos estaduais para a continuidade da pauta do Acordo de Paris do que nos EUA. Aqui, cerca de 23 governos estão comprometidos em continuar com o acordo, então temos que torcer para que a federação funcione e consiga vencer essa fase difícil”, ressaltou.

Nobre ainda falou sobre como as Mudanças Climáticas já estão impactando o País. “O Brasil é um país tropical, de altas temperaturas e umidade, ou seja, mais vulnerável ao aumento de temperatura. A nossa agricultura está em uma faixa de clima quase no limite e, se continuar esse processo, o Brasil vai perder a liderança nessa área”, projetou o cientista, uma das principais atrações da Semana do Clima.

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