As Feiras Agroecológicas e Solidárias são espaços que acolhem os saberes e os sabores da Agricultura Familiar. O café quentinho, a tapioca com coco e os bolos de milho e macaxeira dividem o espaço da barraca com o colorido das frutas e verduras frescas, regado a conversas entre agricultores, agricultoras, consumidores e consumidoras. É neste cenário que o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra) inicia o Projeto Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias.
Nas feiras, agricultores e agricultoras comercializam tanto nas cidades, quanto no campo, alimentos cultivados em seus quintais a partir dos princípios agroecológicos, permitindo uma aproximação entre o campo e a cidade – diferenciando-se das feiras livres pelos princípios da solidariedade, do respeito ao meio ambiente, além da oferta de alimentos livres de agrotóxicos e de exploração humana.
No Ceará, as dinâmicas e ações de organizações da sociedade civil junto às famílias agricultoras têm sido instrumento de mobilização e dinamização destes processos locais e microrregionais, que têm permitido a construção de estratégias coletivas para fortalecimento da organização social dos agricultores e agricultoras agroecológicos e dos espaços de comercialização de circuito curto, especialmente das feiras agroecológicas e solidárias no âmbito estadual.
As diversas experiências de comercialização e articulações vivenciadas nos territórios Vales do Curu e Aracatiaçu, Sertão Central, Maciço de Baturité e Sobral; pelo Cetra serviram de alento para que, em 2009, nascesse a Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará.
A Rede possibilitou, nos últimos anos, o fortalecimento do debate político sobre Agroecologia e Economia Solidária, além da “organização na comercialização e na defesa da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, por meio da oferta de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos e que vêm direto dos quintais para mesa dos consumidores”, pontua Flávia Cavalcante, assessora das Redes de Agricultores Agroecológicos.
Com realização do Cetra, o projeto é apoiado pelo Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (Ecoforte), por meio da Fundação Banco do Brasil (FBB), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Governo Federal.
Feiras Agroecológicas e Solidárias
A primeira Feira Agroecológica e Solidária surgiu em dezembro de 2005, em Itapipoca (CE), como resultado de uma ação com ênfase em quintais agroecológicos. Desde então, por ser um importante espaço para construção e promoção da Agroecologia, as feiras passaram a fazer parte da estratégia institucional do Cetra, como conta Cristina Nascimento, membro da coordenação colegiada da ONG: “as feiras se tornaram, uma ação importante para a promoção da Agroecologia e da Convivência com o Semiárido, além de incentivar os agricultores e agricultoras a continuarem com os processos agroecológicos”.
Atualmente são 15 Feiras Agroecológicas e Solidárias apoiadas diretamente pelo Cetra. E 16 compõem a Rede – as 15 apoiadas pela ONG e a Feira Agroecológica do Espaço Antônio Conselheiro, apoiada pelo Instituto Antônio Conselheiro (IAC). Parte delas é realizada nas sedes dos municípios e parte nos distritos ou nas próprias comunidades.
Convivência com o Semiárido
Desde 1981 o Cetra começou a escrever sua história no Ceará, entrelaçada na luta pelo direito à terra na qual mulheres e homens de comunidades tradicionais do campo protagonizaram momentos de coragem e resistência. O trabalho, que girava em torno da assessoria jurídica pelo direito à terra em municípios como Aratuba, Itapipoca e Quixadá, entre outros, tomou outra forma a partir dos anos de 1990: era tempo de trabalhar na terra conquistada. Trabalho que tinha o gosto da resistência aguerrida do povo camponês e da transformação do campo em espaço de bem viver.
Nessa perspectiva, o Cetra atua nos últimos anos sob as temáticas da Convivência com o Semiárido, Agroecologia e Socioeconomia Solidária com o intuito de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de agricultoras e agricultores familiares, de povos tradicionais do campo, das juventudes e de mulheres camponesas.
São conquistas amparadas na luta coletiva pelas políticas de Convivência com o Semiárido, como as Tecnologias Sociais de armazenamento de água e as feiras agroecológicas e solidárias, onde as famílias agricultoras comercializam alimentos livres de agrotóxicos cultivados em seu próprio quintal.
A luta pela terra – reforma agrária e demarcação de terras indígenas e quilombolas – o feminismo, a diversidade, a Agroecologia, a cultura e as juventudes são também bandeiras permanentes na construção de um Semiárido vivo e digno para se viver.
Serviço
O que: Lançamento do projeto Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará
Quando: 31 de julho – a partir das 8h
Onde: Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca – Praça da Igreja Matriz de Itapipoca – esquina da Av. Anastácio Braga com a Rua Inocêncio Braga – Cruzeiro – Itapipoca – CE