Um lanche coletivo foi servido a todos os presentes no evento de lançamento do projeto da Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará | Foto: Eduardo Queiroz

Itapipoca – CE. A produção familiar agroecológica de alimentos vem crescendo e garantindo a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros. Para os produtores, que vêm trocando experiências e melhorando dia a dia as suas práticas, a comercialização sempre foi um desafio. Uma das soluções que vem sendo trabalhada é a comercialização direta, por meio das Feiras Agroecológicas Solidárias.

Nestes espaços de comercialização que se multiplicam pelo Nordeste, é garantido um preço justo para ambas as partes. Sem a figura do atravessador, que por vezes compra pela metade e vende pelo dobro, agricultores conseguem sustentar suas famílias e consumidores levam para casa produtos que asseguram uma origem livre de agrotóxicos e com condições de trabalho indignas.

Além de preço, esse contato direto viabiliza trocas sobre qualidade, demandas e outros pontos que ajudam os agricultores e agricultoras familiares a melhor direcionarem suas produções e incrementarem ainda mais as suas rendas.

Foi com o objetivo de fortalecer esses espaços que nasceu o projeto da Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará. Ele deriva de diversas experiências de comercialização e articulação vivenciadas nos territórios Vale do Curu e Aracatiaçu, Sertão Central, Maciço de Baturité e Sobral.

A Rede é um espaço de auto-organização dos(as) agricultores(as) agroecológicos(as) para práticas da Socioeconomia Solidária e da produção de alimentos saudáveis para a segurança alimentar e nutricional. Seu objetivo é fortalecer as Feiras Agroecológicas e Solidárias que resgatam as identidades alimentares, acolhem os saberes e sabores da Agricultura Familiar que comercializa produtos do quintal e fortalece a relação campo – cidade.

Proposta do projeto

  • Fortalecer processos de comercialização de agricultores(as) agroecológicos(as) nas Feiras Agroecológicas e Solidárias
  • Fortalecer a auto-organização política e econômica de mulheres e jovens na Rede de Feiras, com incentivo ao protagonismo e empoderamento

O projeto da Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará é uma realização do Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhado (Cetra), em parceria com a Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará e do Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (Ecoforte), por meio da Fundação Banco do Brasil (Fundação BB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Governo Federal.

Veja vídeo:

Muito mais que orgânicos

O projeto foi lançado oficialmente na nessa quarta-feira (31), na Praça da Igreja Matriz de Itapipoca, no Norte do Ceará, a aproximadamente 135 Km da capital, Fortaleza. “Agroecologia é muito mais que produção de alimentos orgânicos. São produtos que não usam veneno, não permitem a violência contra a mulher, o trabalho infantil, onde homens e mulheres se respeitam, convivem com o Semiárido. Só essa feira de Itapipoca tem 14 anos. Não é qualquer trajetória”, afirma a coordenadora do Cetra, Cristina Nascimento.

Segundo suas informações, o investimento será feito em kits para feiras, unidades de referência, biodigestores, reúso e toda a infraestrutura para fortalecer os quintais produtivos e ter mais oferta de produtos nas feiras, tudo sob a coordenação do Cetra.

Na ocasião, já que era dia de feira em Itapipoca, teve comercialização. Mas também teve um lanche servido aos presentes sob as bênçãos do agricultor familiar Célio Santos, de Trairi; de Samuel Tremembé, da Barra do Mundaú; a agricultora Rita Oliveira, de Tururu; e de Aurila Maria de Sousa Sales, da comunidade quilombola de Nazaré, em Itapipoca.

Eles agradeceram à Mãe Terra e a Tupã pela fartura produzida por agricultores(as) agroecológicos(as). Ao mesmo tempo, pediram força, inspiração e oportunidade para expandir suas culturas que vêm sendo desvalorizadas.

Na ocasião, já que era dia de feira em Itapipoca, teve comercialização | Foto: Eduardo Queiroz

“A gente passa o ano trabalhando, o atravessador quer pagar a metade e cobrar o dobro do consumidor. Isso não é justo. Além disso, é uma forma de se aproximar do consumidor, conhecer o gosto dele e busca oferecer aquilo que ele está esperando”, afirma o agricultor familiar José Fernando Silva Pereira, 31, de Barreira, no Maciço de Baturité, que produz uma grande variedade de produtos derivados do caju.

“É uma forma de conseguir ter um dinheirinho a mais. Eu trabalho na feira desde 2003 , tenho oito filhos e nunca precisei de outro serviço”, finaliza a agricultora familiar Maria de Fátima dos Santos, a Fafá, 56, moradora de Jenipapo, em Itapipoca.

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