Por Alice Sales
Colaboradora

Segundo a professora Olívia Cordeira de Oliveira, diretora do Igeo/UFBA, essas tecnologias possuem total possibilidade de serem adotadas em grande escala | Foto: Líliam Cunha

Salvador – BA. Há quase dois meses desde o início de aparecimento da mancha de óleo que se espalha pelos mares do Nordeste, o desafio é a corrida contra o tempo para traçar meios de limpar as praias e conter a chegada da substância à costa. Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em parceria com a Universidade de Salvador (UNIFACS) apresentou soluções que podem ajudar na retirada do óleo no litoral. As tecnologias apresentadas pelas instituições estão sendo avaliadas há pelo menos 10 anos de estudos.

Uma das técnicas desenvolvidas consiste no uso de produtos naturais como fibras de sisal e de coco, que após testes realizados em campo, se mostraram capazes de funcionar como esponjas para absorver o petróleo que chega flutuando à costa. A fibra funciona absorvendo a substância em até 20 vezes mais que o valor de sua massa, se mostrando uma solução eficaz para a retirada e contenção do petróleo cru no mar.

Outra pesquisa realizada pelas mesmas instituições é resultado de análises de amostras de areia, sedimentos de mangue e água do mar recolhidas na praia para isolar micro-organismos com capacidade de biodegradação do petróleo. A tecnologia se vale de plantas e micro-organismos para remover o óleo dos manguezais. Um exemplo de uma dessas plantas é o mangue vermelho, que após passar por um processo biotecnológico realizado em laboratório tem a função de biodegradar o petróleo.

Para que a água do mar esteja livre do óleo, os pesquisadores também apresentam um equipamento capaz de absorver por meio de microalgas o petróleo cru que já está dissolvido na água, tornando-a limpa novamente. Após a absorção do petróleo, as algas transformam a substância em biomassa, reutilizada depois para gerar biodiesel dentro da economia circular. A ideia é que os reatores de tratamento da água sejam instalados próximos às áreas afetadas.

Segundo o pesquisador Ícaro Moreira, professor do Programa de Pós-Graduação em Geoquímica da UFBA, esse reator está patenteado e um projeto em parceria com a Prefeitura de Salvador, que envolve economia circular com rios urbanos e esgotamento sanitário está prestes a ser iniciado. Com relação ao problema do derramamento de petróleo, o professor relata que a equipe de pesquisadores está sendo procurada por algumas pessoas que buscam por informações sobre a possibilidade de parceria.

De acordo com a professora Olívia Cordeira de Oliveira, diretora do Instituto de Geociências (Igeo)/UFBA, essas tecnologias possuem total possibilidade de serem adotadas em grande escala para solucionar problemas como o que o Nordeste vem enfrentando.

Já são 283 localidades afetadas com o derramamento de petróleo cru que afeta os mares de 98 municípios dos nove Estados nordestinos.

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