Campanha de financiamento coletivo visa publicar “Akva”, que relata a jornada dde uma molécula de água que descongela na Antártida, viaja até o Brasil e passa pela Bacia do Rio Paraopeba, afetada pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho
O jornalista Bruno Moreno e a ilustradora Anna Cunha lançaram, no Dia Mundial da Água (22 de março) campanha de financiamento coletivo para viabilizar a publicação do livro infantil “Akva”, que se encerra no próximo dia 10. Narrado em primeira pessoa por uma molécula d’água, que descongela na Antártida, “Akva” (aguado, em Esperanto) relata a aventura da personagem em seu retorno ao ciclo hidrológico do Planeta, após milhões de anos congelada. Tendo “voado” milhares de quilômetros, em forma de nuvem, desde o Polo Sul até Minas Gerais, a personagem “chove” na Bacia do Rio Paraopeba.
Com uma linguagem acessível ao público maior de oito anos, “Akva” aborda diversos temas da atualidade e do currículo escolar, sem ser didática, mas envolvendo os leitores em uma aventura. Ao longo da narrativa, a personagem assume características reflexivas e contemplativas, além de vivenciar conteúdos de Química, Física, Biologia, Geografia e História.
Ao mesmo tempo, o livro está em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas, em especial o ODS 13.3 (Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mitigação da mudança do clima, adaptação, redução de impacto e alerta precoce).
A jornada
A história começa com uma reclamação da personagem: o “combinado”, quando congelou, há milhões de anos, era que o tempo de “descanso” seria muito mais prolongado. No entanto, como o Planeta está sofrendo com as Mudanças Climáticas que desencadeiam o descongelamento das calotas polares, a personagem “acorda” antes da hora.
Depois de deixar o estado sólido e passar ao líquido, Akva chega à Terra do Fogo, no extremo sul da América do Sul. Lá, se transforma em nuvem e vem até o Brasil, para chover na Serra de Ouro Branco, cidade em que o autor, Bruno Moreno, morou durante a infância. No texto, concluído em 2018, a personagem segue a jornada dos cursos d’água daquela região, entra na casa de uma família, alcança o Rio São Francisco e chega até o Nordeste. Apesar de querer voltar às áreas mais frias do Planeta, Akva decide ficar para contribuir com a revegetação do Semiárido e da Caatinga, e também matar a sede das pessoas e dos animais.
Esta era a história, concluída em 2018. No entanto, com o desastre ocorrido em Brumadinho, na Bacia do Rio Paraopeba, no início deste ano, a narrativa ganhou mais um capítulo para contar o triste episódio, seguindo a mesma linha de raciocínio do livro: a interação das moléculas com o ambiente físico e antrópico.
A origem
A ideia do livro nasceu em 2014, a partir de uma viagem do autor à Argentina. No retorno ao Brasil, ao observar as nuvens, ele pensou na logística reversa das moléculas d’água que estavam nas nuvens do lado de fora do avião, e sua inspiração chegou até a Antártida. Naquele momento, em um guardanapo, escreveu a primeira ideia, que foi desenvolvida ao longo dos anos.
“Na escola aprendemos o Ciclo da Água, observando uma imagem que tem o mar, uma montanha e umas nuvens. No entanto, o Ciclo Hidrológico da Terra é muito mais complexo. É um sistema interligado, no qual a água faz parte de praticamente tudo o que acontece no Planeta. Apresentar essa noção às crianças é fundamental para que possamos criar uma conscientização de que o Planeta é um só, e tudo está integrado. Uma molécula d’água que hoje está em meu corpo já pode ter rodado o mundo, passado por outras pessoas, animais, vegetais, etc. Além disso, o texto contempla temas fundamentais e super atuais, baseados nas Mudanças Climáticas, no desflorestamento e no processo de desertificação de grandes áreas”, argumenta Bruno Moreno.
Já a ilustradora Anna Cunha se juntou ao projeto em 2019, a convite de Bruno Moreno, e produzirá 16 ilustrações para a publicação. Duas delas já estão prontas. Uma retrata a Antártida e a outra o momento em que Akva chove na Serra de Ouro Branco. “O livro de Akva é um projeto importantíssimo e urgente, inadiável. Falar com as crianças sobre água e conscientizá-las de que nosso bem mais precioso está ameaçado, de que o Planeta é finito, de que cada gesto nosso, cada palavra, cada gota importa, é um dever. A única chance de iluminar o futuro é acender nas crianças o compromisso fundamental com a natureza, com o mundo, com o outro, com a promessa de vida que arde, que brilha, que nos move”, enfatiza Anna Cunha.
Recompensas
Como recompensas a quem contribuir no financiamento coletivo, além do livro (formato aproximado A4, com 44 páginas, em cor), os autores oferecem quebra-cabeça, jogo da memória, postal e pôster, todos com ilustrações de Anna Cunha. O vão de R$ 10, para o postal; a R$ 2.500,00, para o pacote com 15 livros e uma oficina para até 15 crianças, que envolve literatura e artes plásticas, tendo como tema o próprio livro. A meta é alcançar R$ 40.330,00 até 10 de maio. O lançamento do livro está previsto para setembro de 2019.
Bruno Moreno
Jornalista formado em 2002, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) Minas, trabalhou por 14 anos em um jornal de Belo Horizonte (MG). Atualmente, integra o time da Árvore, um laboratório de comunicação corporativa. Participou da cobertura de eventos e megaeventos no Brasil, México, Inglaterra e Alemanha. Como repórter, conquistou os seguintes prêmios: VII Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativo; 8º Prêmio Délio Rocha de Jornalismo de Interesse Público; 1º Prêmio de Jornalismo da Adep-MG (3º lugar); Prêmio de Jornalismo da Adep-RS (3º lugar); 6º Prêmio CDL de Jornalismo. Além disso, publicou o livro “Os Limites de Belo Horizonte e os Limites da Luz”, em 2008.
Anna Cunha
Anna Cunha é graduada em Artes Plásticas pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e pós-graduada em Ilustração, pela Escola de Disseny i Art (EINA), da Universitat Autònoma de Barcelona. Em seu percurso, passou por agências de Design; pela oficina tipográfica do Gutenberg Museum, na Alemanha; e pela editora alemã Hermann Schmidt Verlag, especializada em publicações de Design. Já ilustrou mais de 20 livros, para editoras brasileiras e estrangeiras, dentre os quais teve títulos selecionados para o Catálogo de Bolonha e títulos premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Foi finalista do Prêmio Jabuti, categoria Ilustração, e recebeu menção honrosa no Prêmio João-de-Barro, categoria Livro Ilustrado.
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