Nordestinos são convocados a traçar o oceano que querem para o futuro

Série de eventos on-line nacionais e regionais segue até dezembro, começando pelo Nordeste. Objetivo é reunir informações sobre diferentes realidades do País para traçar ações integradas para o ambiente marinho brasileiro para os anos de 2021 a 2030

Nove dos 17 estados costeiros do País estão no Nordeste, que conta com quase 45% da faixa litorânea do Brasil | Foto: Maristela Crispim

Até a próxima sexta-feira (18), nordestinos estarão envolvidos em evento on-line para contribuir com a construção do Plano Nacional para a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. As diretrizes traçadas ajudarão o Brasil a planejar ações a favor do ecossistema marinho-costeiro para serem executadas entre de 2021 a 2030.

A participação e o engajamento de diferentes setores da sociedade são parte essencial para desenvolver um plano nacional, que contemple os anseios, os desafios e as particularidades de todas as regiões do País, visando a proteção do ambiente marinho.

“O Nordeste brasileiro abrange a maior extensão do nosso litoral. É fundamental debatermos os desafios da região para protegermos este patrimônio natural rico em belezas cênicas que atraem milhares de turistas de todo o mundo. Considerando que esta foi a faixa costeira mais atingida pelo derramamento de óleo do último ano e que ainda acompanhamos os efeitos desse evento, precisamos trazer mais profundidade e conhecimento sobre o tema”, afirma o vice-presidente regional da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jailson Bittencourt de Andrade, representante do evento regional.

Nove dos 17 estados costeiros do País estão na região Nordeste, que conta com quase 45% da faixa litorânea do Brasil. Segundo dados da Rede ODS Brasil, o Nordeste é a segunda região mais habitada do Brasil, com mais de 57 milhões de habitantes, sendo que 32% vivem no litoral. Além do reconhecimento turístico, cultural e histórico, por onde iniciou a colonização brasileira, a região é caracterizada por abrigar grande diversidade de ecossistemas, concentrando recifes de corais, manguezais e praias arenosas.

Oficinas regionais

Para Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), o setor do turismo depende fortemente da costa nordestina e precisa revisitar seus processos para se tornar cada vez mais responsável e sustentável. “Temos muitas construções erguidas à beira-mar. Sem contar com a resiliência costeira, essas edificações podem ser comprometidas com o avanço e elevação do mar decorrente das mudanças climáticas”, avalia Christofoletti.

A Década do Oceano foi proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para que todas as nações voltem atenção ao oceano para conscientizar a população global sobre a sua importância e mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares.

O evento no Nordeste faz parte de uma programação que seguirá até novembro com outras oficinas subnacionais – uma para cada região o Brasil. O calendário termina em dezembro com um webinário nacionalO que temos e para onde vamos”, que trará os resultados de todos os encontros regionais, com um panorama nacional. A série de eventos para traçar o Plano Nacional para a Década do Oceano é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marinha do Brasil, Unesco Brasil, Unifesp, Fundação Grupo Boticário e Rede ODS Brasil.

Década Global

Em 2015, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Nela foram estabelecidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser alcançados por todos os países até 2030. O Objetivo 14 da Agenda 2030, Vida na Água, visa conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos.

Em 2016, as Nações Unidas concluíram a primeira Avaliação Mundial dos Oceanos que apontou a urgência de gerenciar com sustentabilidade as atividades no oceano. Por isso, em 2017, foi proclamada a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, a ser implementada de 2021 a 2030, buscando cumprir os compromissos da Agenda 2030, com foco no ODS 14 e correlatos.

A Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), coordena o design, e a preparação de um Plano de Implementação da Década, para definir um conjunto de avanços científicos e tecnológicos de alto nível, necessários ao alcance de sete resultados desejados: um oceano limpo; saudável e resiliente; previsível; seguro; sustentável e produtivo; transparente e acessível; e conhecido e valorizado por todos.

A principal motivação para a Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável é unir esforços de todos os setores relacionados ao mar para reverter o ciclo de declínio na saúde do oceano e criar melhores condições para a concretização do desenvolvimento sustentável. Para isso, estratégias de adaptação e decisões políticas baseadas na ciência são fundamentais. A Década se propõe a ser um processo inclusivo, participativo e global, que respeita as realidades locais para a construção de um futuro sustentável.

Agenda dos eventos

14 a 18 de setembro: Oficina Região Nordeste
5 a 9 de outubro: Oficina Região Sudeste
19 a 23 de outubro: Oficina Região Sul
9 a 13 de novembro: Oficina Região Centro-Oeste
2 de dezembro: II Webinar Nacional – O que temos e para onde vamos?

Serviço

A programação completa e o formulário de inscrição para as próximas etapas estão disponíveis no site Década da Ciência Oceânica Brasil. As vagas são limitadas.

Fontes: Fundação Grupo Boticário e Década da Ciência Oceânica Brasil

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