Você já parou para pensar o que Consumo Consciente tem a ver com Educação Financeira? Na nossa opinião, tudo. Se o Consumo Consciente, derivado do Consumo Sustentável, está relacionado a cada escolha e seu impacto no meio ambiente, na sociedade e nas finanças; e Educação Financeira é a arte de dominar o dinheiro, com mais consciência a cada ato relacionado a ele, tudo se conecta.
Texto
Adriana Pimentel
Isabelli Fernandes
Líliam Cunha
Maristela Crispim
Rose Serafim
Edição
Maristela Crispim
Fortaleza (CE) / Salvador (BA). Consumo Consciente tem a ver com repensar a aquisição de bens a partir, não apenas da necessidade do próprio consumo, mas do conhecimento da origem e processos produtivos até o uso e o descarte de determinado produto. É um ato auto reflexivo que vai impactar, inclusive, no uso racional do dinheiro.
Compras, e mais compras, lojas cheias, filas para pagar e um estresse que se percebe no ritmo acelerado das pessoas entrando e saindo de diferentes estabelecimentos. Esta é uma cena típica do período de Natal, onde o presentear representa demonstrar afeto ao outro e, em alguns casos, é só a obrigação de retribuir algo que recebeu. Mas, será que, em meio a uma pandemia, esta é a melhor forma de se fazer presente? É mesmo o sentido do Natal?
Para Lua Queiroz, arquiteta e produtora de conteúdo sobre consumo consciente, o momento é de reflexão, “quando nos deparamos com uma realidade sem shopping e com fretes e prazos exorbitantes, o que de fato nos fez falta? Produtos ou pessoas? Produtos ou lugares? Produtos ou momentos? Se pararmos para pensar, vamos perceber que já temos quase tudo que precisamos aqui com a gente. Este Natal já está sendo diferente de todos os outros, que tal torná-lo menos difícil para todos, inclusive para a natureza e para o nosso bolso, priorizando a ajuda mútua, o fazer a mão, as mensagens, a intenção, tudo que de fato sentimos falta?”
Uma opção para responder a esses questionamentos é ter mais consciência na hora de comprar. E, principalmente, não se deixar levar pela publicidade, que, em alguns casos, te faz acreditar, por exemplo, que um determinado objeto pode te trazer a “felicidade” ou mesmo te faz acreditar que realmente necessita deste objeto e estar atento a estas questões pode ajudar a escolhas que vão fazer a diferença em seu bolso e orçamento.
Segundo Larissa Yumi Kuroki, coordenadora de Conteúdos e Metodologias do Instituto Akatu, é preciso que o consumidor compreenda que a compra de um novo bem está associada a um processo maior de produção, dividido em várias etapas e que, por sua vez, gera impactos negativos no meio ambiente, como consumo de recursos (água e energia); mudança no uso da terra, prejudicando não só as espécies que antes ali habitavam, como também comunidades locais que dependiam dela para sua sobrevivência; emissões de gases de efeito estufa (GEE) no processamento e transporte; além da geração de resíduos que acabam indo parar na natureza.
Neste contexto, o papel da Educação Financeira é crucial. “Existe todo um contexto social em conectar a Educação Financeira às relações de consumo. Não é somente aprender a calcular juros e parcelas, e sim promover a cultura de conscientização e cidadania, proporcionando como resultado uma sociedade mais saudável” afirma Randal Glauber Mesquita, professor e especialista em Educação Financeira.
Ele destaca também que “essa relação é tranquilamente observada no consumo local, onde temos a aproximação de clientes com produtores da própria região. Desenvolvendo o produtor local há um impacto direto na economia, gerando emprego e renda também locais. Quanto mais estruturada for essa cadeia de produção e consumo, mais positivo será o impacto social e Educação Financeira consolida a continuidade deste ciclo virtuoso, uma vez que promove relações de consumo mais equilibradas. Sendo assim, o ganho social acontece quando o negócio prospera e são mantidas relações equilibradas em toda cadeia de consumo”.
Como exercício para começar a praticar o consumo consciente, Larissa Yumi Kurok sugere seis perguntas que podem te ajudar a fazer essa escolha:
1. Por que comprar? Reflita se você realmente precisa comprar ou se está sendo levado por um impulso do momento.
2. O que comprar? Pense sobre quais características do produto atenderão à sua necessidade e leve em consideração os impactos associados ao produto na hora da seleção.
3. Como comprar? É hora de pensar sobre as formas de pagamento e sobre a logística dessa compra. É melhor comprar à vista ou a prazo? Como vai buscar e levar as mercadorias de forma a ter o menor impacto negativo possível?
4. De quem comprar? Sempre que puder, acompanhe notícias de fontes confiáveis e tente descobrir informações sobre as empresas que fabricam e vendem o produto ou serviço: verifique se há cuidado no uso dos recursos naturais, se os funcionários são respeitados.
5. Como usar? Quando você leva o produto para casa, é preciso dar uma vida longa a ele. Cuide para estender ao máximo a vida útil daquilo que você compra. Assim você evita os impactos associados à fabricação, o transporte e o descarte de outros produtos.
6. Como descartar? Aquilo que não tem mais utilidade para você pode ser reformado ou pode ser interessante para outra pessoa. Se isso não for mais possível, é preciso fazer um descarte adequado. Veja se o material pode ser encaminhado para a reciclagem ou se exige descarte especial.
O elemento pandemia
A pandemia da Covid-19, para quem seguiu e/ou ainda segue as normas de isolamento social, possibilitou uma oportunidade de exercício maior do nosso poder de reflexão sobre os nossos atos de consumo. Isso se deu por vários motivos, entre eles o desemprego e, consequentemente, a redução da renda familiar, alta nos preços e mudanças de hábitos e comportamento.
Com a rotina restrita ao lar e as incertezas econômicas trazidas com a pandemia, as pessoas passaram a priorizar itens que antes nem eram considerados de muita importância. Segundo levantamento feito pela empresa Nielsen, especializada em pesquisas de mercado, os brasileiros passaram a comprar mais antissépticos para mãos (623%), softwares (389%), filtros de ar (100%), álcool (85%), limpeza geral (58%), sabão líquido (33%), amaciantes (30%) e curativos (29%).
Outra mudança verificada durante o período de isolamento é o aumento das refeições feitas em casa e a busca por refeições rápidas e práticas. E é justamente neste setor que o brasileiro tem sentido no bolso o maior impacto. Segundo dados divulgados na última segunda-feira (22), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de alimentação e bebidas teve alta de preços de 2% na prévia do mês, puxando para cima o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, que fecha 2020 com uma taxa de 4,23%. Entre os itens com maior taxa de inflação destacam-se as carnes (5,53%), o arroz (4,96%), as frutas (3,62%), a batata-inglesa (17,96%) e o óleo de soja (7%).
Festas de ‘novo normal’
Sabemos que, por tradição, a noite de Natal é dia de banquete na mesa, presentes em volta da árvore, roupas novas, casa decorada e muita gente reunida. Mas, assim como tudo em 2020, as comemorações familiares também serão diferentes em muitas residências. Neste ano, os grandes encontros familiares devem dar lugar a celebrações mais íntimas, restritas aos familiares que moram na mesma residência.
Mas, se o número de pessoas presentes na ceia será reduzido, o mesmo não podemos falar dos preços dos itens que fazem parte dela. Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 16 itens consumidos pelos brasileiros na ceia de Natal registraram um aumento médio de 15% nos preços. Destaque para o arroz (62%), pernil suíno (31%), aves (14,51%), bacalhau (10%), frutas (14,99%), batata inglesa (10,67%) – o Índice de Preço ao Consumidor (IPC) foi calculado entre dezembro de 2019 e novembro de 2020.
Como aqui estamos falando em Consumo Consciente e Educação Financeira vamos mostrar como, com criatividade e substituições, é possível manter a tradição junto à família e economizar. Quem nos fala sobre isso é a psicóloga Aída Sampaio, que neste ano adequou o cardápio e fará uma ceia com menos variedades de pratos e menor custo. “Gostaria muito que a minha ceia fosse como nos outros anos, mas, neste 2020, ela vai ser bem diferente. Primeiro porque a situação não está para se festejar nada, então farei uma ceia simples, por está faltando dinheiro e está tudo muito caro e, também, por ter um número menor de familiares ao meu lado”, diz a psicóloga.
“Neste ano busquei itens mais baratos, trocamos a ave natalina por um galeto, que além de ser mais barato, atende ao número de participantes, evitando o desperdício. Além disso, reduzimos as opções de pratos preparados, está tudo sendo planejado para a demanda de três pessoas. Com estes ajustes na ceia, economizei para comprar o item que eu não abro mão em ter e que é um dos mais caros: o queijo tipo reino”, relata Aída.
Para as famílias que manterão os encontros com maior número de participantes, uma alternativa para reduzir as despesas é o rateio do custo da ceia, como acontece na casa da família da jornalista Patrícia Carvalho. Ela conta que, nos anos anteriores, a ceia da família, que vive em Natal (RN), era custeada pelos avós e os tios complementavam com alguns itens, como bebidas e salgados.
Mas, neste 2020, será diferente. A ceia da família será colaborativa, com todos compartilhando o trabalho e os gastos. “Serei responsável pela mão de obra e arrumação da mesa. A limpeza ficará com um dos meus tios e a louça com minha mãe e outra tia. São 11 tios no total”, explica Patrícia. A jornalista fez a lista de ingredientes e o custo será dividido entre os demais membros da família. “É a primeira vez que faremos assim. Houve um questionamento e outro em relação às quantidades, mas, no fim, entramos em um acordo e concluímos que a economia será de aproximadamente 500 reais. E o mais importante é que estaremos juntos, mesmo com todas as limitações que a pandemia nos trouxe”, pondera.
Evitar o desperdício é outra peça fundamental no quesito economia, afinal jogar alimento fora é jogar dinheiro no lixo. Para evitar sobras na ceia, o primeiro passo é listar a quantidade de pessoas, incluindo adultos e crianças. “Para almoço e jantar consideramos de 300 a 400 gramas de alimento, por adultos, e de 100 a 250 gramas por criança, de acordo com a idade. Para bebidas deve-se considerar o consumo de 100ml (criança) e 500ml (adulto)”, explica a nutricionista Jamille Figueiredo.
Se ainda assim sobrar alimentos, a nutricionista orienta a não os deixar expostos na mesa a noite toda. “O melhor é servir os pratos apenas na hora que for consumir e logo após armazenar em vasilhas com tampa e refrigerar para consumo em até três dias”.
Um novo estilo de vida
“Fiz a escolha de ter as coisas, mas sem ter custos exorbitantes”, a afirmação é da publicitária Luciane Reis. A “inserção” de Luciane no Consumo Sustentável veio da necessidade, mas logo se tornou um estilo de vida. “Trabalhava e morava em Brasília e tinha um salário que me permitia ir a uma loja e comprar o que eu quisesse, assim como acontece com a maioria das pessoas. Mas não fiz um planejamento financeiro, não construí um fundo de reserva para necessidades e quando perdi o emprego lá, perdi tudo o que eu tinha, voltei para Salvador apenas com o meu gato”.
A necessidade de montar uma casa nova, sem uma renda que comportasse os custos disso fez com que Luciane buscasse soluções alternativas no melhor estilo faça você mesmo e, com o tempo, ela conta que isso se tornou um hábito e um estilo de vida. “Na época, propus ao meu companheiro que a gente confeccionasse nossos móveis, busquei referências em redes sociais e botei a mão na massa e isso foi me fazendo bem, percebi que poderia ter uma casa gostosa e harmoniosa somente com criatividade, sem necessariamente ter custos elevados”, conta.
“Percebi, por exemplo, que não preciso pagar 4 mil reais para ter um sofá. Que posso ter uma casa sustentável feita a partir de coisas que outras pessoas consideram sem valor e isso hoje é para mim uma questão de respeito ao meu dinheiro e cuidado com minha relação financeira”, explica.
Quando não pode confeccionar ou restaurar os móveis, como é o caso dos eletrodomésticos, como fogão e geladeira, a publicitária buscar por alternativas mais econômicas, como lojas que vendem produtos com pequenas avarias. Ela conta que sua geladeira, por exemplo, em lojas convencionais, custava em torno de 4 mil reais, mas pagou R$1.600 em uma com avarias e teve um custo extra de R$150 reais para arrumar, economizando no total R$1.250 reais. “Hoje, eu compreendo que eu posso ter uma casa arrumada sem que necessariamente eu pague muito por isso”, finaliza Luciane.
Brechós online sustentam famílias
Com o avançar do isolamento social, um novo modelo de negócio tem ganhado destaque nas redes sociais, principalmente entre os apaixonados por moda. Trata-se dos brechós: lojas virtuais ou físicas destinadas à venda de peças usadas e novas. Muitas vezes, esses espaços focam no estilo vintage, com valorização da moda de décadas passadas, e até investem em modelos sem gênero.
Psicóloga recém-formada, Suyanne Silva, 25, começou a desapegar de umas peças de roupa após perder peso. Ela também percebeu que comprava muito mais do que conseguia vestir. Na época, em 2017, Suy, como é conhecida, trabalhava numa empresa de telemarketing e tinha muitas colegas de trabalho para as quais oferecia os itens. Além disso, também criou um perfil no Instagram. O empreendimento, entretanto, durou pouco tempo, logo após acabarem as peças próprias.
“Após os desapegos, levei a consciência e o amor por compras em brechós. Nunca deixei de acompanhar. No início de 2020, decidi reativar a página e transformá-la em armários”, conta Suy, que hoje tem o trabalho com o brechó exclusivo para Instagram como principal fonte de renda. Ela e a namorada alugaram um apartamento para morar e abrigar o estoque, ateliê e escritório do negócio.
Além das duas, a equipe Armários ainda emprega outras quatro pessoas, incluindo serviços de atendimento, consignação, artes visuais e entrega. Outras 100 mulheres já repassaram roupas para serem vendidas pelo brechó, ganhando 50% dos rendimentos. Dessa forma, o serviço online já serviu de fonte de renda para mais de uma centena de pessoas. Suyanne explica que o movimento aumentou durante a quarentena e dezembro teve a maior movimentação que o negócio já experimentou. Assim, ela acredita que muitas pessoas tenham escolhido vestir-se das peças do brechó nas festas de fim de ano.
Já a autônoma Charllyane Teles, viu no brechó uma nova possibilidade de obter renda quando estava desempregada. Ela também precisava de flexibilidade no trabalho, já que tinha de dedicar boa parte do tempo ao cuidado com o filho, Eduardo, 12, que é autista; e à Valentina, 7.
Com formação em estética, ela sempre fez bicos em outras áreas, mas entrou para o mundo da venda de peças usadas em 2018. Foi preciso um ano de muitas feirinhas, estudo e dedicação ao negócio para que este se tornasse sua principal fonte de renda. Hoje, a Pitéu tem site próprio e clientes fixos. O brechó com pegada vintage tem peças vindas de bazares de dentro e fora de Fortaleza, se firma como um negócio familiar e afrocentrado e que abre espaço para ajudar outras pessoas.
“Fazemos parceria com artistas, que fazem nossos cartões de campanha, que vão nos pacotes das clientes. Parceria com artesãs, com bordadeiras. Nós procuramos inovar não só no nosso setor, mas trazer luz a outras pessoas que precisem”, explica Charllyane, que também conta que faz curadorias de roupas a serem doadas para bazares solidários, pessoas em situação de rua e até para ajudar mulheres que queiram também começar o próprio negócio.
A relação com as roupas
Suyanne sempre teve interesse em moda e revela que costumava consumir muito do que via nas lojas desde a adolescência. “Eu comprava demais! Não tinha um estilo definido, então comprava peças de vários estilos e, no auge da adolescência, eu me identificava com todos eles!”, enfatiza, contando que seguia o exemplo da mãe dela, também muito ligada a novas tendências.
Atualmente, após iniciada a experiência com o desapego, ela emprega novos conhecimentos, como paleta de cores, e diz ter adquirido uma nova consciência no consumo. “Além da consciência de consumo, eu adquiri educação socioambiental. Eu comecei a me perguntar sobre várias atitudes de consumo e desperdício e impacto ambiental. Começando por uma peça jogada no armário só por apego até produtos e meios de produção poluentes”, detalha Suy.
Ela revela que evita utilizar materiais plásticos no dia a dia e mudou até a relação com produtos químicos para o cabelo, além de evitar consumir mais do que é capaz de dar uso em roupas. Suy também afirma manter distância de lojas de departamento.
“Tenho meu canudo. Não uso mais produtos testados em animais ou de origem animal nem para o cabelo, nem para a pele (e se uso é 10% de tudo). Meu guarda-roupas é limitado a peças que eu realmente uso! Sou adepta ao desapego real. Compro roupas usadas, móveis usados e outros. Faço desapegos de 4 em 4 meses. Compro peças de slow fashion (priorizo os pequenos produtores locais/mulheres de preferência). A redução de plásticos do brechó foi tão significante que até sacolas em tecido a gente começou a produzir ou usamos papel kraft”, conta.
Já Charllyane consumiu de brechós desde a infância, quando, segundo ela, havia uma fama ruim nas roupas com essa origem. “As roupas de brechó ou bazar tinham fama de serem sujas, ruins etc! Mas eu sempre montava alguns lookinhos legais e as minhas amigas me perguntavam onde eu havia comprado”, relembra. Além de ser o negócio que sustenta ela, os dois filhos e a companheira, a autônoma também vê a Pitéu como uma oportunidade de fazer moda sustentável e que não se convenciona a padrões. “Penso que a possibilidade de construir uma moda com democracia, agênero, acessível e ecológica são pontos cruciais”, ressalta.
De acordo com as empreendedoras, o perfil de compradores de brechó varia muito no fator renda, gênero, e vai desde adolescentes a jovens adultos. Mas a forma de consumo é mais comum entre as mulheres. A estimativa delas é de que existem atualmente em Fortaleza pelo menos 50 brechós em funcionamento, dentre negócios exclusivos na internet a outros com endereços físicos.
“Tenho peças de brechó que já comprei há 4 anos e continuam em perfeito estado”, defende a jornalista Alice Sousa, de 23 anos. Ela revela que esse foi o ano que mais consumiu peças de brechó. Além do preço mais acessível para produtos de qualidade, ela ainda encontra nas lojinhas on-line modelagens clássicas. Também é uma preocupação dela fazer parte de um fluxo de Consumo Consciente. “Hoje em dia, o consumo, principalmente em roupas de fast-fashion é muito absurdo”, enfatiza.
O fator preço também é preponderante nas escolhas de Alice. “Vale a pena consumir do brechó pois se tem acesso a um tecido e acabamento de qualidade por um preço entre R$ 20 e R$ 60 reais, o que compensa muito”, salienta.
As pegadas do consumismo
Quando a época do Natal se aproxima, é possível ver o cenário mudando. Lojas começam as decorações, anunciam promoções e os vendedores ambulantes incrementam o seu estoque para que as vendas sejam rentáveis. O que muitos não percebem é que, mesmo com inúmeras lixeiras e vários garis fazendo a limpeza, o Centro de Fortaleza ainda enfrenta o grande problema de descarte inadequado.
Ruas, calçadas e até mesmo vasos de plantas são tomados por plásticos, embalagens de papelão, bitucas de cigarro, isopor, entre outros. O consumo desenfreado e o descaso fazem com que as ruas do Centro, principalmente no período natalino, tornem-se um cenário de abandono e sujeira. De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, as embalagens de papelão, plástico e embalagens multicamadas representam, no cenário nacional, cerca de 32,8% de todo o resíduo sólido urbano (RSU) produzido.
O estudo ainda afirma que, no ano de 2019, foram produzidas cerca de 79 milhões de toneladas de RSU. Em 2010, para efeito de comparação, a marca foi de 67 milhões, um aumento de 12 milhões (t/ano). Em quase 10 anos, houve um aumento de 30,9 kg/hab/ano. Isso quer dizer que, atualmente, cada pessoa produz uma média de 379,2 kg de RSU. O Panorama ainda destaca que, em 2019, o Ceará produziu cerca de 3 milhões de toneladas.
“Como comerciante, eu procuro sempre descartar lixo nos lugares e horários certos. Aqui, usamos tudo que a gente pode reciclar ou reutilizar. Até colocamos em sacos separados as latinhas de refrigerante e cerveja, mas eu vejo muita gente que joga garrafa em qualquer lugar. Uma vez até achei uma fralda de bebê usada durante a limpeza da galeria”, afirma Rosa Maria, comerciante do Centro de Fortaleza.
É necessário ressaltar que não existe “jogar fora”. Estamos em um só planeta. O lixo, quando não tratado, torna-se um poluente para o meio ambiente e, consequentemente, prejudicial para qualquer forma de vida, inclusive a nossa própria. Datas comemorativas não podem ser objeto de consumo desenfreado. Existe o consumo consciente e a responsabilidade ambiental.
Serviço
@manaconsciente
@armarios__
@piteustore