Salvador terá mais três hortas de folhas sagradas no primeiro semestre

Entre hortaliças para consumo gastronômico e folhas utilizadas em cultos de religiões de matriz africana, as mudas disponíveis no plantio incluem manjericão, alfazema, alecrim, lavanda e hortelã | Fotos: Bruno Concha/Secom

Salvador – BA. A utilização de folhas de ervas é muito comum nos terreiros de candomblé. Por isso, o terreiro Juçara Kondiré, localizado em Paripe, Salvador (Bahia), recebeu, no último dia 13, 140 mudas disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), em parceria com a Secretaria Municipal da Reparação (Semur).

A titular da Secis, Edna França, pontua que o projeto tem o compromisso de entregar mais três hortas sagradas no primeiro semestre deste ano. “Ainda neste mês, vamos nos reunir para decidir quais serão os próximos terreiros e de que forma poderemos ampliar para implantar o plantio em outros”, assinala.

Entre hortaliças para consumo gastronômico e folhas utilizadas em cultos de religiões de matriz africana, as mudas disponíveis no plantio incluem manjericão, alfazema, alecrim, lavanda e hortelã. “Atualmente é difícil encontrar algumas plantas nas feiras e o custo costuma ser alto. Então é importante termos acesso a essas mudas aqui, para que possamos cultivá-las e, assim, sempre tê-las”, pontua o pai de santo Gersonildon Santana, ou pai Nido, responsável pelo terreiro Juçara Kondiré.

Rituais

Além do uso alimentar, o manjericão, classificado como erva morna, é também responsável pela renovação, equilíbrio e pela restauração do corpo energético, como pontua o representante religioso. Por isso, é também utilizado em rituais, a exemplo do batismo das crianças.

“Quando batizamos uma criança no candomblé, usamos a arruda, alecrim e, também, o manjericão para o banho de lava-cabeça dos pequenos. Além disso, também fazemos uso de plantas quando recolhemos os iniciados de santo, onde os refolhemos (envolver em folhas) por um período deitado nas folhas, ou seja, não existe o candomblé, nem nascimento religioso sem o uso delas”, explica pai Nido.

O presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras (CMCN), Evilásio Bouças, afirma que, além de mudas, a iniciativa planta o espírito de coletividade. “É um projeto que poderá fazer com que a ideia do plantio seja aderida por mais comunidades de candomblé”, avalia.

Balanço

Além das quatro hortas de folhas sagradas, a capital baiana conta com 34 hortas comunitárias, 17 escolares e um pomar, totalizando 56. Duas delas são acessíveis para deficientes, idosos e crianças, situadas no Imbuí e Jardim das Margaridas.

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