Redenção escondida

Imagem de casa rodeada por vegetação, com telhando também coberto por vegetação que desce pelas laterais. No telhado também há placas para geração de energia solar. O telhado tem duas águas formando uma cumieira triangular. A fachada tem detalhes em madeira, mas é quase completamente formada por portas e janelas de vidro com molduras pretas.
Imagem meramente ilustrativa de casa no campo com telhado verde gerada com auxílio de Inteligência artificial | Foto: Freepik

Casa de campo de um arquiteto paulistano famoso, capa de revista elegante de design e arquitetura. Beleza inegável, um espetáculo de estética e ética. Desenhos, materiais, posturas, cores, é tudo de uma qualidade estonteante.

Impossível evitar o desejo de estar ali, naquele lugar lindo, correto, impecável. Só que não é apenas para poucos. É para quase ninguém. Não por culpa do arquiteto e de sua família, posando com simplicidade para as notáveis fotos da Edição.

A fórmula da exótica edificação é simples e perfeitamente reproduzível. Uma união de blocos em estilo contêiner de transporte, janelões rasgados para receber a luz natural, teto verde, tecnologias básicas de reciclagem de resíduos e de água. Energia limpa integrada à vida doméstica.

Até os belos móveis podem ser replicados em versões mais viáveis à aquisição das maiorias. O exemplo está dado e exposto. O questionamento é: por quais motivos os tetos verdes não são aplicados a todas as habitações? Por qual mistério a energia solar não chegou às classes que mais precisam economizar na conta da luz? Por exemplo.

Foi notícia recente, a caminho do esquecimento, que o litoral do Rio de Janeiro subirá mais de 16 centímetros até 2030. A Praia de Atafona, lugar da infância de amigos queridos, enfrenta os efeitos da invasão do mar há mais de uma década, como consequência do assoreamento das margens do Rio Paraíba do Sul que lá desagua. E quantos casos mais! Atafona chamou-me a atenção por se tratar de afeto de gente à qual quero muito bem.

Virou pieguice, o que vulgarmente chamam de MIMIMI, indignar-se com essas coisas. Nem a submersão do Rio Grande do Sul ensinou postura diferente. Houve quem se desse ao desplante de não ouvir notícias para não se incomodar.

Choro até hoje pela tragédia gaúcha. Colaboro como posso na reconstrução. Não por virtude, certamente, mas por um bom senso que insiste em me perseguir.
Comprei a dita revista chique e delicio-me a olhar repetidamente para a bela vivenda do interior paulista. Além de renovar a minha coragem para continuar com o MIMIMI pela salvação do Planeta.

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