Apuiarés / Pentecoste / Tejuçuoca – CE. No interior do Ceará, desde 2015, criadores(as) de abelhas se organizam em rede para fortalecimento da produção local, a Rede Néctar do Sertão, com apoio da Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel). Ao enxergar a ameaça de extinção das espécies e o grande potencial do inseto e do território, os meliponicultores, criadores de abelhas sem ferrão, se reúnem para trocar experiências e melhorar a produção local.
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Os meliponicultores costumam preservar e restaurar os ecossistemas locais para que as abelhas nativas brasileiras possam se reproduzir em um habitat saudável. Um exemplo de espécie natural e endêmica, ou seja, exclusiva do bioma Caatinga, é a jandaíra (Melipona subnitida). Ela poliniza cerca de 30% a 60% das plantas da Caatinga, também do Pantanal e parte da Mata Atlântica. Na Caatinga existem cerca de 30 espécies de abelhas endêmicas. Elas possuem um habitat único e características diferentes das demais. Possuem o ferrão atrofiado, são menores e mais escuras, com variações de tons de marrom e preto.
Por meio da polinização, o pequeno inseto ajuda a manter a flora do bioma, visto que poliniza apenas espécies vegetais nativas. Seu mel é considerado mais nutritivo e possui aplicações medicinais. Apesar de toda a importância, a espécie Jandaíra está ameaçada. Estima-se que aproximadamente um terço esteja em extinção.
A Rede Néctar do Sertão reúne produtores de comunidades rurais dos municípios de Apuiarés, Pentecoste e Tejuçuoca, no Ceará. Os(as) produtores(as) da comunidade Lagoa
das Pedras, do município de Apuiarés (CE), são responsáveis por uma reserva ambiental com cerca de 100m², onde foram plantadas diversas espécies nativas da Caatinga, como aroeira, angico e pau d’arco, também conhecido como ipê. As espécies foram estrategicamente pensadas pela afinidade que têm com a abelha nativa jandaíra.
Graças à rede criada, os meliponicultores mantém o espaço de maneira sustentável e colaborativa.
Segundo a diretora de Programas da Adel, Aurigele Alves, para a criação da Rede Néctar do Sertão foi preciso organização e engajamento por parte dos produtores. “Nós apoiamos o protagonismo e o empreendedorismo de produtores de comunidades rurais do Nordeste e promovemos a sustentabilidade por meio da valorização cultural. Com os produtores de mel, atuamos por meio da ampliação de capacidades, acesso a crédito e na cooperação entre protagonistas locais”, ressalta.
As atividades da Adel com o grupo incluem assessorias, pesquisa, estudo e encontros para fortalecer os vínculos entre os participantes. Em abril da 2022, a organização realizou, no Meliponário Modelo da Rede Néctar, em Apuiarés, um intercâmbio de conhecimentos entre os integrantes da Rede. Participaram do encontro membros da Adel, representantes da Associação Cearense de Meliponicultores (ACMEL), das secretarias municipais de agricultura de Pentecoste e de Apuiarés, lideranças comunitárias e produtores rurais de mais de dez comunidades da região.
O Intercâmbio da Rede Néctar do Sertão serviu para articular a participação social e institucional do grupo em um Arranjo Produtivo Local (APL) para fortalecer a Cadeia do Mel na região do Vale do Curu (CE) e pensar na estruturação da rota do mel no território. O poder legislativo e executivo do Ceará publicaram e sancionaram, neste ano, a Lei Nº 17.896, de 11/01/2022, que dispõe sobre a criação, o manejo, o comércio e o transporte de abelhas sem ferrão no Estado do Ceará, uma grande conquista para essa cadeia produtiva que até então não tinha prerrogativas legais que encetavam respaldo aos meliponicultores.
Contudo, para os produtores comercializarem sua produção, é preciso mais. Em 20 de maio de 2022, Dia Mundial das Abelhas, a Adel realizou, junto com a ACMEL, no seu canal no YouTube um debate com os produtores de mel sobre a emissão do Decreto Estadual para regulamentar a lei aprovada e a publicação do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ).
Essa articulação defende que somente com a articulação dos produtores e esse decreto o mel de abelha-sem-ferrão no Estado do Ceará, terá a definição de aspectos de rotulagem, qualidade e segurança sanitária, para viabilizar a certificação por selos de inspeção de alimentos de origem animal (SIF, SIE e SIM) dos méis, e portanto, abrir mercados para sua comercialização.
O Dia Mundial das Abelhas foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), como um lembrete da importância de proteger o inseto que é fundamental para a manutenção de plantações de alimentos, plantas silvestres e ecossistemas inteiros. São mais de 20 mil espécies de abelhas no mundo. Os principais agentes que ameaçam a sua preservação são o desmatamento, as queimadas e o uso de agrotóxicos. Por isso, as atividades de preservação das abelhas são tão importantes.
A Adel é uma organização sem fins lucrativos, que nasceu no Ceará, mas que atua em todo o Brasil. Ela tem como missão promover o desenvolvimento local de comunidades rurais no sertão do Nordeste por meio do empreendedorismo e do protagonismo social de jovens e agricultores.
Fonte: Adel
Considero a preservação da Castinga de extrema importância por esse motivo pretendo manter preservada a mata nativa presente na minha propriedade em Beberibe e gostaria de obter maiores informações de como participar desse projeto.
Possuo algumas colmeias de Jandaira e poder ampliar seu cultivo possibilitando a manutenção da mata e tornar o sítio produtivo servindo de exemplo aos vizinhos é um dos mais grandes objetivos.
Como posso obter maiores informações sobre o projeto?
Agradeço antecipadamente.
Que bom saber do seu interesse em contribuir, Aurinete.
Dá uma passada no site da Adel (https://www.adel.org.br/) e procure falar diretamente com eles sobre seu interesse em se engajar.
Boa sorte!
Muito importante conservar nosso meio ambiente, para isto que há desvio no entendimento do IBAMA, pois ao proibir o criatório de animais silvestres está, contribuindo para sua extinção. O que os órgãos conservacionistas deve fazer é, ao contrário, incentivar a domesticação dos animais de forma procriarem em cativeiro. Ao lado disto, deve-se exigir dos criadores a reintrodução destes animais na natureza, a uma taxa digamos, de 20 a 25%, é assim teríamos tanto o animal doméstico como o silvestre. No meu romance Noite em Paris que publico no blogue de mesmo nome se fala disto através de personagens onde se discute não haver problema de extinção da espécie entre os animais domésticos, muito pelo contrário, o que se vê é sua expansão e até o surgimento de novas raças. Sou adepto da utilização dos animais para alimentação, condicionando-se a um abate menos doloroso. No meu entender tudo que está sobre a terra e na terra pode fazer parte da cadeia alimentar.