Níveis de estiagem reduzem no Nordeste, mas situação ainda é crítica

Por Felipe Lima
Da Funceme

As chuvas que esverdearam o sertão semiárido ainda não foram suficientes para mudar significativamente o mapa da seca | Foto: Laudemira Rabelo

Fortaleza – CE. O Monitor de Secas apontou redução das áreas e dos níveis de seca em maior parte da região Nordeste no mês de março em comparação com fevereiro, conforme o mapa mais recente da ferramenta de monitoramento regular e periódico da situação da estiagem na região e de outros estados fora dela.

Conforme os dados mais recentes, o Nordeste tinha 79,91% da sua área com algum nível de seca, que vai da grave para a excepcional. Já no último mês, apresentou 75,29%, o que representa uma variação absoluta de cerca de 5%. Neste contexto, o mais relevante é que a região segue sem apresentar os dois piores níveis e ainda passando de 33,44% para 14,115 quanto à porção com seca grave.

Hoje, os estados mais atingidos com algum grau de severidade são Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Paraíba. Já aqueles com maiores percentuais considerados sem seca relativa são Maranhão e Ceará, que têm 65,06% e 38,85%, respectivamente.

“A atenuação e até a extinção de categorias de seca mais intensa em algumas áreas estão associadas aos desvios positivos de precipitação acima de 100 mm para o mês de março”, comenta o pesquisador da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Francisco Vasconcelos Júnior.

Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Paraíba são os estados com maiores percentuais por área com algum grau de severidade | Fonte: Funceme

Cenário hídrico

Apesar dos dados positivos, em estados como o Ceará, onde 38,84% do território está sem seca relativa, o cenário hídrico ainda é preocupante. Dos 155 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 57 estão com capacidade abaixo dos 30%. A boa notícia é que os principais reservatórios do Estado recebem água no último bimestre.

“Nos meses de fevereiro e março as precipitações ocorreram de forma mais regulares, quando comparado com o mês de janeiro. A distribuição espacial e temporal das precipitações contribuiu para a gradual redução no nível de severidade da seca em todo o território cearense. Um exemplo foi a alta no nível de água armazenada nos dois maiores reservatórios do Ceará, Castanhão e Orós”, explica o geólogo da Gerência de Pesquisas e Estudos em Recursos Hídricos da Funceme, Gilberto Mobus.

Com capacidade para 6,7 bilhões de metros cúbicos d’água, o Açude Castanhão iniciou o ano com pouco menos de 2,5% de água armazenada. Embora a atual condição não seja confortável, hoje o reservatório está com aproximadamente 13% de água armazenada.

Outros estados

Fora da região Nordeste, os estados que são acompanhados pelo Monitor de Secas como Tocantins, Minas Gerais e Espírito Santo, também apresentaram saldo positivo quanto à variação dos níveis de severidade da estiagem. Porém, o Estado da região Norte tem apenas 3,89% da sua área sem seca relativa.

Minas apresenta, conforme o mapa mais atual da ferramenta, 41,49 (%) da sua área com algum grau de seca, sendo a maior parte classificado com seca moderada. Neste nível, são esperados alguns danos às culturas e pastagens, além de córregos com níveis baixos. Já no ES, todo o estado está classificado sem seca relativa.

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