Ceará teve trimestre dezembro, janeiro e fevereiro mais chuvoso dos últimos oito anos

As chuvas acima da média, em fevereiro, ainda não significaram aporte para os grandes açudes do Estado | Foto: Maristela Crispim

O último trimestre, que engloba a pré-estação (dezembro e janeiro) e o primeiro mês da quadra chuvosa (fevereiro), teve o de melhor índice dos últimos oito anos. Os registros da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apontam 377 milímetros para o período, cuja média histórica é de 242,3 mm. A melhor marca antes da atual é de 2010/2011, quando foram registrados 470 mm.

O primeiro mês da quadra chuvosa, isoladamente, teve um desvio de 51.2% em relação à média histórica, que é 118.6 mm, ao registrar 179.4 mm. Esse volume, no entanto, não teve uma distribuição regular no tempo e no espaço. Enquanto o município de Acaraú, no Litoral Norte do Estado, registrou 482.4 mm, 200.9% acima da média, que é 160.3 mm; em Jardim, no Cariri, choveu 75% abaixo da média, que é 114 mm, com registro de apenas 28.5 mm.

Reservas preocupantes

Aqui cabem duas ressalvas. Primeiro: os bons registros médios registrados até aqui não garantem que teremos chuvas acima da média no restante da quadra chuvosa, de março a maio. A própria Funceme faz questão de deixar claro que não há qualquer relação entre a pré-estação e a quadra, que são ocasionadas por sistemas indutores diferentes.

O prognóstico da Institutição para o período chuvoso de março a maio de 2019 indica 40% de probabilidade de chuvas em torno da normal climatológica, 35% para a categoria abaixo da média e 25% acima dela. Os dados foram divulgados na última quinta-feira (28).

Segundo, essa irregularidade na distribuição das chuvas não garante recarga significativa, até porque nas regiões onde se concentram os maiores açudes do Estado, Centro-Sul e Sertão Central, as chuvas ficaram abaixo do esperado. Na primeira estão localizados o Orós (5,4%) e o Castanhão (3,48%). Na segunda região, o terceiro maior reservatório, Arrojado Lisboa (Banabuiú), está com 5,84%.

Atualmente, dos 155 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 100 estão com volume inferior a 30%, sendo nove completamente secos. Por outro lado, 11 estão acima de 90%, incluindo cinco que estão sangrando: São José I (Boa Viagem), Batente (Ocara), Germinal (Palmácia), Maranguapinho (Maranguape) e Tijuquinha (Baturité).

Nebulosidade variável e chuvas isoladas

A previsão do tempo para o Ceará durante o feriado prolongado de Carnaval é de nebulosidade variável com chuvas isoladas na faixa litorânea, na Ibiapaba e no Maciço de Baturité. Nas demais áreas, não estão descartadas precipitações, porém, o céu ficará predominantemente nublado, segundo a Funceme.

Ainda segundo os meteorologistas da Instituição, as chuvas previstas para o litoral, incluindo Fortaleza, devem se concentrar entra a madrugada e o período da manhã. Comportamento será semelhante nas regiões vizinhas com cenário favorável às precipitações.

A avaliação indica que as chuvas previstas estão associadas, principalmente, à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que encontra-se próxima à costa norte do Nordeste. O cenário desfavorável para ocorrência de chuvas no Centro-Sul do Ceará, como no Cariri, se deve ao posicionamento do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN).

“Apesar de a faixa litorânea estar mais favorável às chuvas, não estão descartadas precipitações nas demais áreas, como no Centro-Sul do Estado. Há possibilidade. Porém, nós observamos a ocorrência deste fenômeno (VCAN) e seu posicionamento, assim como seu deslocamento podem atrapalhar a ocorrência de chuvas”, reforça a meteorologista da Funceme Meiry Sakamoto.

Durante todo o feriadão, a Funceme ficará de plantão e realizará novas análises do cenário e, se preciso, realizará a atualização da previsão do tempo. Para acompanhar, basta acessar o site ou ainda obter detalhes por meio do aplicativo Funceme Tempo.

Fontes: Funceme e Portal Hidrológico do Ceará

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