Autoridades prometem apurar e punir responsáveis pelas mortes de caciques no Maranhão

Por Yara Peres
Colaboradora

Na tarde deste domingo, o secretário de segurança pública do Maranhão, Jefferson Portella, esteve na localidade de Terra Brava (MA), para desfazer o bloqueio da BR-226 e propor um acordo entre as partes

Jenipapo dos Vieiras – MA. Com o assassinato de dois caciques, nesse sábado, na Terra Indígena Cana Brava, no município de Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão, a Etnia Guajajara contabiliza três mortes em menos de 40 dias. A população indígena brasileira vive já alguns anos uma situação crítica com relação à sua própria existência. Porém, o atual panorama aponta para um status de crescente genocídio, agravado com a ausência de políticas públicas voltadas à população indígena no atual governo.

Desde o crime, indígenas realizam uma manifestação no trecho da Rodovia BR-266, na localidade de Barra do Corda e Grajaú por um de um posicionamento do poder público em relação aos crimes contra os povos da região. “Hoje estamos aqui para que a sociedade pare de nos matar. Entendemos isso como uma manifestação de ódio e preconceito”, explica o líder local Magno Guajajara.

Segundo o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Maranhão, Guaraci Mendes, que esteve no local do crime na manhã deste domingo, a morte de indígenas é uma realidade infeliz. “Há um clima de inimizade e hostilidade por parte dos moradores da região. As mortes são por represálias e pelo fato de serem indígenas”, explica.

Magno Guajajara reitera que os casos são apurados, mas que não há uma continuidade no sentido de punir os criminosos. “Entendemos isso como um engavetamento de provas de vidas. Acredito que a Funai faz a sua parte na questão de denunciar, mas nós vivemos num estado de vulnerabilidade”, afirma.

Conforme nota encaminhada à Eco Nordeste pela Polícia Federal, uma equipe foi enviada ao local do caso ainda no sábado (7) e foi instaurado um inquérito policial para apuração dos homicídios e suas circunstâncias. Questionados quanto à possível estagnação de inquéritos sobre os povos indígenas, a Polícia Federal comprometeu-se em fazer um levantamento e divulgá-lo nesta semana.

Além das represálias, indígenas do Maranhão afirmam conviver diariamente com a hostilidade da população, que tem compartilhado, por meio de aplicativos de mensagens e redes sociais, áudios e postagens de incitação à violência e ao racismo.

Na tarde deste domingo, o secretário de segurança pública do Maranhão, Jefferson Portella, esteve na localidade de Terra Brava (MA), para desfazer o bloqueio da Rodovia BR-226, onde propôs um acordo entre as partes. Conforme representantes indígenas, o secretário garantiu apuração dos crimes e a prisão dos assassinos.

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