Trilha em floresta com mudas plantadas às margens e três pessoas ao fundo
O plantio das mudas de 12 espécies nativas da Caatinga visa, sobretudo, os serviços ecossistêmicos que uma floresta pode oferecer ao meio ambiente e às comunidades do entorno da Reserva | Foto: Associação Caatinga

Por Alice Sales
Colaboradora

Crateús – CE / Buriti dos Montes – PI. A Fazenda Gameleira, área recentemente anexada à Serra das Almas, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) administrada pela Associação Caatinga, acaba de receber o plantio de 5 mil mudas da Caatinga, para o reflorestamento do território. A Ação, realizada no último mês, é uma iniciativa do Projeto No Clima da Caatinga (NCC), com o patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental. O plantio das mudas de 12 espécies nativas da Caatinga visa, sobretudo, os serviços ecossistêmicos que uma floresta pode oferecer à própria natureza e às comunidades do entorno da Reserva.

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De acordo com Samuel Portela, coordenador de áreas protegidas da Associação Caatinga, como principais efeitos esperados pelo plantio das mudas na área destaca-se o sequestro de carbono e a promoção da segurança hídrica das comunidades sertanejas das imediações da RPPN, já que nas proximidades há nascentes e a presença da floresta auxilia na infiltração de água para o subsolo.

A ação esteve alinhada com iniciativas de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global, assim como à década de recuperação dos ecossistemas. A iniciativa também esteve pautada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), plano global de sustentabilidade lançado pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) em 2015.

Aproximadamente 5 hectares receberam as mudas de carnaúba, angico, ipê roxo, aroeira, tamboril, coronha, sabiá, jatobá, catingueira, copaíba, amburana de cheiro e jucá, espécies que favorecem inclusive a sobrevivência da fauna local.  “A área que recebeu as mudas encontrava-se degradada, porque era um antigo aceiro entre a Reserva Natural Serra das Alma e a Fazenda Gameleira. Com o plantio, a ideia é acelerar o processo de reflorestamento desses hectares”, ressaltou Olavo Vieira, analista ambiental da Associação Caatinga.

Um diferencial neste processo, foi o reúso da água utilizada no manejo dessas mudas. O recurso para irrigar as mudas veio do Sistema Bioágua, tecnologia sustentável de convivência com o Semiárido instalada no local, capaz de filtrar a água que vem da cozinha e dos banheiros das instalações da Reserva.

Além disso, as mudas foram produzidas em um viveiro da Associação Caatinga, a partir de sementes compradas de coletores locais capacitados pelo projeto. “Além de restaurar uma área degradada, a iniciativa gera renda para as comunidades que estão ao redor da Serra das Almas”, destaca Samuel. 

Educação Ambiental 

Como um dos braços da iniciativa, a cada 1.000 mudas produzidas, 20 serão destinadas às atividades escolares de Educação Ambiental para as crianças das comunidades, num total de 100 mudas doadas para a ação educacional. “O projeto busca também aproximar as futuras gerações e conscientizar sobre o tema por meio de atividades práticas e dinâmicas de Educação Ambiental”, ressalta Olavo Vieira. 

Associação Caatinga 

A Associação Caatinga (AC) foi fundada no Ceará em 1998 com o apoio do Fundo Samuel Johnson para a conservação da Caatinga, com a missão de promover a conservação das terras, florestas e águas do bioma para garantir a permanência de todas as suas formas de vida. É uma entidade não governamental, sem fins lucrativos, que atua há 22 anos na conservação e valorização da única floresta exclusivamente brasileira, ameaçada e que concentra a maior biodiversidade dentre as regiões semiáridas do Planeta.

A Organização administra a Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) localizada entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI). A RNSA é reconhecida, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga por abrigar uma representativa área de Caatinga preservada e pela sua interação com as comunidades rurais do seu entorno. São 6.300 hectares de área protegida que resguardam três nascentes, espécies ameaçadas de extinção e que contribui para a manutenção de serviços ambientais e ecossistêmicos.

“No clima da Caatinga” 

O projeto “No Clima da Caatinga” é uma iniciativa patrocinada pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O projeto tem a finalidade de buscar a diminuição dos efeitos potencializadores do aquecimento global por meio da conservação do Semiárido, a partir do desenvolvimento de um modelo integrado de conservação da Caatinga. Na atual etapa, que terá a duração de três anos, o projeto, que atua no semiárido nordestino desde 2011, vai promover ações que vão desde a restauração florestal até a distribuição de tecnologias sociais de convivência com o semiárido e adaptação às mudanças climáticas.

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