O Governo de Pernambuco vai apresentar uma proposta de compromisso com metas, ações e a definição do papel dos estados brasileiros para reduzir as emissões de Gases de Feito Estufa (GEE). O tema foi debatido nesse dia 13, durante a reunião do Fórum Pernambucano de Mudanças Climáticas, coordenado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). As primeiras iniciativas que farão parte desse documento começaram a ser coletadas ainda no encontro e envolvem soluções na área de energia, transporte, reflorestamento, agroecologia, urbanismo e políticas públicas.
Segundo o secretário de Meio Ambiente, José Bertotti, a ideia é que a carta de compromisso seja debatida junto à Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) e apresentada durante a Conferência do Nacional de Mudanças Climáticas, que será realizada no fim do ano, em Recife.
“Pernambuco é pioneiro na construção da Política de Mudanças Climáticas e o estado cumpre o seu papel quando monitora, elabora políticas e mobiliza a sociedade. O Fórum permite que os diversos atores se articulem, que proponham políticas e que essas políticas sejam criticadas e aperfeiçoadas através de um modelo participativo de discussão. Esse é o modelo de desenvolvimento que estamos construindo, com diálogo claro e que persegue metas concretas de Desenvolvimento Sustentável”, afirmou Bertotti.
O debate, que reuniu mais de 160 pessoas na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), contou ainda com a participação do coordenador-executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), Alfredo Sirkis; do secretário de executivo do Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (Iclei) América do Sul, Rodrigo Perpétuo; e do ambientalista Sérgio Xavier.
Em sua exposição, Sirkis destacou que o Brasil atualmente vive um retrocesso nas política ambientais, citando, em especial o avanço do desmatamento. Segundo ele, entre 2004 e 2012, o Brasil foi o país que mais reduziu as emissões de CO2 por combater a derrubada da floresta. Já em julho deste ano, em comparação a igual período de 2018, o desmatamento cresceu 278%, disse o ambientalista, lembrando os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em contraponto, ele ressaltou o protagonismo de Pernambuco. “Tem uma performance muito interessante em termos de energias limpas, uma das legislações mais avançadas do Brasil em Mudanças Climáticas, e tem sido um dos estados que mais chama a atenção através da sua mobilização política. Os estados brasileiros hoje têm uma importância central. No cenário complicado no âmbito do governo federal, é nos estados que as coisas vão acontecer e nós – do Centro Brasil no Clima – estamos aqui para apoiar e fazer a conexão direta entre os estados e as fontes financiadoras. Queremos que o Brasil possa se beneficiar dessa ajuda internacional e isso tem que ser feito diretamente dos estados”, declarou Alfredo Sirkis.
O ambientalista Sérgio Xavier, que também participou do debate, frisou alguns instrumentos importantes como o Plano Estadual de Mudanças Climáticas, leis e diversos projetos em curso no Estado. “O inventário é importante para saber a situação e os setores que mais emitem. Ele é um radar importante para fazer o planejamento e definir as ações. O Estado dá exemplo para cobrar de outros lugares. Pernambuco é muito prejudicado com as Mudanças Climáticas, vai ter mais desertificação no Semiárido, avanço do mar na região metropolitana e chuvas intensas na Zona da Mata. É um estado que precisa não só fazer parte, mas cobrar que o Brasil e o mundo seja ativo nessas questões de reduzir as emissões”, colocou Xavier.
Para o secretário Executivo do Iclei América do Sul, Rodrigo Perpétuo, o encontro permitiu o diálogo entre diferentes atores que buscam fazer frente à emergência climática que está vivendo. “No Iclei América do Sul, trabalhamos para a implementação de ações que permitam aumentar a ambição climática do Brasil. Em Pernambuco, temos apoiado na criação deste Fórum e, em 2011, contribuímos tecnicamente na elaboração do Plano Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas. Atualmente, estamos apoiando na criação e comunicação de um sistema de Monitoramento, Revisão e Validação (MRV) para emissões e ações de mitigação, por meio do projeto Under2Coalition”, disse Perpétuo.