Foto: José Martins/Projeto Golfinho Rotador

Por Yara Peres
(Colaboradora)

Pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador, em Fernando de Noronha, iniciam uma pesquisa que visa descobrir nos próximos dois anos cerca de 50 mamíferos do gênero. Apesar de parecerem todos iguais: cinza-escuro no dorso, cinza-claro nos flancos e branco no ventre, os cientistas afirmam que há marcas no corpo dos golfinhos-rotadores que os diferenciam uns dos outros. Os resultados da pesquisa complementarão o estudo já existente da espécie que conta com 700 golfinhos catalogados no arquipélago pernambucano.

A pesquisa é realizada por foto e vídeo identificação dos animais, considerada uma técnica menos invasiva, sem contato físico entre o pesquisador e o animal. “Imagine imobilizar um golfinho para colocar uma anilha, por exemplo?”, indaga Lisandra Maria, integrante da equipe de pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador.

Ela explica que o mamífero é tão sensível ao manejo humano que o estresse de ser tirado da água pode até causar a morte. O método de identificação dos golfinhos a partir das marcas do corpo, segundo a equipe, tem conseguido informações importantes sobre o comportamento da espécie, como a fidelidade dos golfinhos ao arquipélago de Noronha, por exemplo.

Geralmente apenas a nadadeira dorsal é registrada nas fotos para identificação de cetáceos, em virtude da turbidez da água. “Aqui em Fernando de Noronha, onde a água é transparente, a gente vê e registra o corpo inteiro, possibilitando a análise de marcas de outras partes, não só da nadadeira dorsal”, explica José Martins, coordenador-geral do projeto.

Ainda segundo ele, as marcas podem ser cicatrizes de interações entre rotadores ou ainda entre eles e tubarões-charutos. Nesse caso, trata-se de marcas circulares, provocadas pela mordida desse pequeno tubarão, cientificamente chamado Isistius brasiliensis.

O último estudo sobre esses mamíferos aquáticos identificou que 43,5% deles tiveram apenas uma avistagem registrada, e 18,4% deles contabilizaram mais de cinco avistagens. “Os indivíduos mais frequentemente avistados demonstram maior grau de fidelidade à ocupação na área, sugerindo esses golfinhos como mais residentes do que aqueles que possuem cinco ou menos avistagens”, informa José Martins.

Os golfinhos vivem entre 20 e 30 anos segundo os pesquisadores. E essa etapa do estudo finaliza o catálogo iniciado há 28 anos quando o Projeto Golfinho Rotador começou a atuar no Arquipélago de Fernando de Noronha.  Com a conclusão do trabalho, a equipe vai iniciar outro catálogo sobre uma nova geração desses mamíferos marinhos.

A ONG Centro Golfinho Rotador é responsável pela execução do projeto, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O trabalho de foto identificação e outras atividades de pesquisa realizadas ao longo do projeto têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e do Governo Federal.

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