Os programas de cisternas podem integrar as ações de promoção de saúde | Foto: Eduardo Queiroz

As Tecnologias Sociais para a Convivência com o Semiárido evoluíram e têm garantido melhor qualidade de vida a milhares de agricultores familiares brasileiros, com a ampliação do acesso à água e alimentos saudáveis.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é a principal responsável por esse desenvolvimento e vem se atuando no sentido de trabalhar de uma forma mais integrada a questão da saúde desses trabalhadores.

Rafael Neves, coordenador do Programa Um milhão de Cisternas (P1MC) e do Programa Cisterna nas Escolas, afirma que, para a ASA, é uma excelente perspectiva levar as cisternas para junto das políticas de saneamento.

O médico sanitarista Jorge Machado, coordenador do Programa da Saúde, Ambiente e Trabalho da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), explica que o Saneamento Rural faz parte do Plano Nacional de Saneamento, incluído na Política Nacional de Atenção Integral às Populações do Campo, das Florestas e das Águas.

Segundo ele a Fiocruz tem acompanhado a agenda de projetos e de formação. Junto com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), desenvolve, há quatro anos, um projeto de Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis no Semiárido Brasileiro.

“Nesse projeto, nós temos nos aproximado da Política de Saneamento Rural. Entre as diretrizes discutidas nesses últimos dois anos, nos aproximamos de alguns territórios. Temos escritório no Piauí, e sedes em Pernambuco, Bahia e Ceará. Nossa proposta é articular Saúde Ambiental, Atenção Básica em Saúde da Família e a complexidade da atenção com biotecnologia”, conta.

Segundo ele, estão sendo trabalhadas três abordagens: Tecnologia Social ligada à promoção da saúde no território; acompanhar as agendas sociais e institucionais no sentido da promoção à saúde do ponto de vista econômico, social e ambiental no contexto dos territórios; e construção de tecnologias participativas, daí a necessidade de aproximação com a ASA, que tem uma vasta experiência nesses processos.

“A ideia é articular territórios saudáveis sustentáveis, não para o combate às fragilidades ambientais, mas para superar e promover uma vida saudável em articulação com todos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável“, destaca.

De acordo com o médico, o saneamento vem com uma proposta de universalização do acesso à água de beber e para uma agricultura saudável, que promova a Soberania Alimentar.

“A cultura nordestina é de muito fácil aproximação para a criação de uma vigilância em saúde ambiental e territorial com dimensões coletivas do trabalho e da saúde por suas características semelhantes. O Sistema de Saúde ainda não se aproxima dessa dimensão”, enfatiza.

Ele conta que, neste sentido, no Piauí, já foi desenvolvido o Curso Livre de Educação Profissional em Vigilância Popular em Saúde e Manejo de Águas com turmas em duas comunidades, incluindo pessoas de outras localidades para atuarem como multiplicadores, em conjunto com a ASA. Também foi desenvolvido um curso de especialização em Saúde Coletiva com esse foco, em Pernambuco e no Ceará, que devem evoluir para um mestrado.

Rafael Neves destaca que a ASA neste momento está desenvolvendo estratégias para levar essas ações aos outros estados do Semiárido.

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