Quixadá – CE. Paisagens graníticas são todas as formas de relevo modeladas em rochas graníticas expostas. Incluem maciços, inselbergs e lajedos. Essas paisagens são comuns no Nordeste, nos estados da Bahia, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

“São áreas com elevado potencial científico e paisagístico, sendo sua preservação fundamental para a ciência e para o desenvolvimento sustentável“, afirma o professor Rubson Pinheiro Maia, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

São exemplos de paisagens graníticas os inselbergs – do Alemão, “ilhas de pedra” -, presentes no Sertão Central do Ceará, principalmente em Quixadá e Quixeramobim. Mas também em Araruna, na Paraíba; Milagres, na Bahia; e Patu, no Rio Grande do Norte.

“Já os lajedos com boulders são pedras em forma de bolas gigantes como os existentes em Cabaceiras, na Paraíba”, revela o pesquisador e acrescenta: “uma alternativa viável para preservação desse tipo de formação é a criação de parques, comuns em países da Europa e dos Estados Unidos, por exemplo, com a paisagem como atrativo turístico“.

Na Paraíba, por exemplo, o Lajedo de Pai Mateus conta com uma iniciativa particular de exploração sustentável e recebe milhares de visitantes anualmente. No Rio Grande do Norte também há inselbergs protegidos pela Unidade de Conservação Pedra da Boca. “No Ceará, ainda não temos iniciativas desse tipo, mas poderíamos ter”, sugere.

A proposta de criação de um Geopark – chancelado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) -, em Quixadá e Quixeramobim, está sendo construída por profissionais de diferentes universidades e o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM).

O professor acrescenta que o Ceará ainda carece de informações detalhadas sobre essas paisagens graníticas: “Não existem muitas publicações sobre Quixadá que tratem da evolução, origem da paisagem. Nem mapas de detalhe existem. Agora estamos digitalizando os inselbergs”. Ele adianta que está em curso um projeto de pesquisa que será um grande laboratório a céu aberto sobre a evolução paleoclimática do Nordeste e deve abrir caminhos para muitos estudos na área.

A proposta de criação do Geopark, segundo o professor, é um estímulo ao desenvolvimento de pesquisas, do geoturismo e outras atividades que possam contribuir para ampliação do conhecimento e consequente preservação dessas formas tão características do Sertão Central do Ceará.

“A proposta de Geopark só existe em função do relevo. Pois um dos seus critérios é a importância científica“, arremata e acrescenta que, por serem rochas de larga utilização na construção civil, sofrem ameaças constantes da mineração por um lado e de expansão urbana por outro, daí a necessidade de conhecimento, valorização e preservação.

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