Fortaleza – CE. A Agência Eco Nordeste se junta às demais mídias socioambientais brasileiras independentes, unidas por meio da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA), na defesa irrestrita da preservação da nossa legislação relativa à proteção da natureza que nos cerca e que nos garante tudo o que é necessário para o nosso bem-estar físico e mental.
Na última sexta-feira, o mundo inteiro reagiu à fala do ministro Ricardo Salles, em gravação de reunião ministerial, de que o momento era para aproveitar a “tranquilidade” pela distração da imprensa com a Covid-19 – que já ceifou mais de 22 mil vidas em nosso país – para “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”.
Mas, como escreve o presidente da RBJA, Dal Marcondes, em nota, “A mídia e os jornalistas ambientais estão atentos a tudo o que esse ministro faz, e antes que o golpe ambiental seja consumado é preciso agir contra o desmonte da legislação ambiental e das instituições de fiscalização e pesquisa ambiental”.
É importante destacar, ainda conforme a nota, que “a legislação ambiental brasileira sempre foi considerada uma das mais avançadas do mundo, e o País assumiu uma posição de respeito nas conferências internacionais sobre meio ambiente, clima e desenvolvimento sustentável“.
A nota é finalizada destacando o preparo e atenção dos jornalistas especializados: “O Jornalismo Ambiental Brasileiro tem demonstrado sua alta capacidade técnica e capilaridade de cobertura. Agora é hora de mais uma vez nos unirmos para fiscalizar cada ato desse governo e não permitir que ‘um boi sequer’ passe sem ser esmiuçado e compreendido em suas origens e propósitos. Estamos juntos e seguiremos firmes no propósito da defesa da lei e do patrimônio ambiental Brasileiro”.
“A fala de Ricardo Salles comprova a importância da imprensa livre e comprometida com a correta apuração dos fatos”, diz o anúncio publicado nas edições desse domingo de “O Globo” e da “Folha de SP” pelo Greenpeace, WWF, SOS Mata Atlântica, ClimaInfo, Instituto Socioambiental (ISA) e Observatório do Clima (OC).
Sobre a declaração do ministro Salles, o secretário do Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno: “No momento em que a maior parte da sociedade está preocupada com questões como o aquecimento global, o combate ao desmatamento, a preservação da biodiversidade, a ampliação da cobertura vegetal, a despoluição do ar e da água, a coleta seletiva de resíduos sólidos, é lamentável que a maior autoridade do meio ambiente do país se posicione de forma tão desrespeitosa. A Constituição determina que a Amazônia é um bioma que deve ser preservado. A humanidade está preocupada com o desmatamento da Amazônia. Ao propor o afrouxamento da legislação ambiental, o ministro parece defender outros interesses, bem diferentes dos ideais ecológicos”.
No sábado (23), Salles respondeu às acusações em entrevista à CNN Brasil. Declarou que sua fala se inseria na preocupação ministerial com a desburocratização do Estado, uma bandeira do Governo Federal.
É importante destacar que Salles demitiu técnicos e pesquisadores experientes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), alguns logo após importantes operações de combate a ilegalidades ambientais.
Ao mesmo tempo, um dado preocupante serve de alerta. Enquanto a recessão global gerada pela Covid-19 deve causar uma redução nas emissões de gases de efeito estufa da ordem de 6% em 2020, o Brasil caminha em sentido contrário. Análise do Observatório do Clima lançada na última quinta-feira (21) indica que as emissões do Brasil podem subir entre 10% e 20% neste ano de pandemia em relação a 2018, último ano para o qual há dados disponíveis.
Segundo nota técnica do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do OC (Seeg), o forte aumento do desmatamento na Amazônia neste ano tende a compensar a queda esperada das emissões no setor de energia e na atividade industrial, além da redução que também vem sendo verificada no desmatamento no Cerrado.
Povos tradicionais
Na mesma reunião ministerial assistimos, estarrecidos, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmar odiar as expressões “povos indígenas e povos ciganos”. Como está em nossos princípios dar voz àquelas comunidades que são menos ouvidas, mais excluídas e pressionadas, não podemos nos calar. Por que tanto ódio?
São esses povos, junto com muitos outros, que migraram por vontade própria ou a força para o Brasil, os responsáveis pela formação da nossa cultura e que merecem respeito, valorização e a manutenção dos seus direitos constitucionais.
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