A Universidade Federal do Ceará (UFC) iniciou as expedições oceanográficas para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, Unidade de Conservação (UC) do Ceará localizada a cerca de 10 milhas náuticas (18 Km) do Porto do Mucuripe, em Fortaleza. Os embarques começaram na segunda-feira (8) no Argo Equatorial, barco de pesquisa do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da UFC.
De acordo com o professor Marcelo Soares, coordenador da elaboração do Plano de Manejo, ao todo a expedição terá 10 dias de duração, com atividades multidisciplinares. Até quarta-feira (10), os pesquisadores já fizeram coletas de água para análise de nutrientes, carbono, micro-organismos e condições físico-químicas da água, como temperatura, oxigênio e salinidade.
Já nos dias 11, 12 e 22 de julho, oito pesquisadores realizam mergulhos científicos para produzir fotos e vídeos e diagnosticar animais como peixes, corais e esponjas. “Nós iremos mergulhar em nove recifes diferentes com profundidades significativas. Alguns deles nunca foram visitados. Será, sem dúvidas, um mergulho emocionante e com grande riqueza de conhecimento que servirá de base para a conservação dos oceanos”, ressalta o professor Marcelo, que também é mergulhador de resgate.
Em termos de inovação tecnológica e científica, estão sendo feitas medições automáticas de carbono com um equipamento do Laboratório de Biogeoquímica Costeira da UFC. A ideia é entender se o parque marinho funciona capturando o excesso de carbono na atmosfera e ajudando no controle das mudanças climáticas globais. Para isso, entre os dias 11 e 12 de julho, o Argo Equatorial irá pernoitar no mar realizando medições durante a noite e a madrugada. Irão embarcar pesquisadores do plano de manejo e alunos do Curso de Oceanografia da UFC como parte das atividades obrigatórias de embarque supervisionado.
As pesquisas seguirão de 23 a 26 de julho com o objetivo de usar tecnologias inovadoras para criar um mapa dos recifes no fundo do mar, além de verificar a profundidade onde os recifes ocorrem e entender mais da contaminação que pode ser transportada da costa até o parque. Isso porque, de acordo com o professor Rivelino Cavalcante, do Labomar, existe a suspeita de que a Unidade de Conservação pode estar sendo poluída com microplásticos e agrotóxicos urbanos vindos de Fortaleza e de outras regiões.
Plano de Manejo
As expedições que ocorrem neste mês de julho fazem parte das atividades do Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, iniciado em fevereiro deste ano pelo Labomar. Leia matéria:
Lançado Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio
O plano insere-se no Contrato de Prestação de Serviços de Consultoria Técnica firmado entre o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio); a UFC, por meio da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC) e do Labomar; e a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), no âmbito do Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (GEF Mar). Esse plano visa propor medidas para a conservação e o uso sustentável do parque.
As atividades embarcadas envolvem mais de 30 pessoas, entre estudantes, servidores docentes e técnico-administrativos do Labomar e pesquisadoras da Faculdade de Direito da UFC. Os pesquisadores contam ainda com o apoio do Laboratório Embarcado Multiusuário do Atlântico Equatorial (Lemae), que funciona a bordo do Argo Equatorial.
Parque Marinho
O Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio é a única UC totalmente submersa do Estado do Ceará. Situado a cerca de 1h30 de barco de Fortaleza, possui extensos recifes de corais e uma rica biodiversidade marinha. “Esta área é importante para pesca, mergulho e recursos renováveis, porém é pouco conhecida ainda para a ciência e está tendo um reforço em ações de conservação e fiscalização pelo Governo do Estado”, considera o professor Marcelo.
Todas as atividades, vídeos e mergulhos das expedições podem ser acompanhadas no Instagram do Projeto .
Fonte: Portal da UFC