Expedição de 26 dias por 1.450 km, da Praia do Forte (BA) a Vitória (ES), avistou 163 grupos de baleias-jubarte em temporada reprodutiva | Fotos: Projeto Baleia Jubarte

Mata de São João (BA). Foram 26 dias de navegação, mais de 800 milhas náuticas (cerca de 1.450 km) navegadas e 173 grupos de baleias avistados… E a certeza de que, graças a décadas de monitoramento e proteção em águas brasileiras, as baleias-jubarte seguem firmes rumo à recuperação total de sua população. Esse é o principal resultado da “Expedição Entre Baleias e Golfinhos 2020 – Praia do Forte a Vitória”, realizada pelo Projeto Baleia Jubarte e encerrada na última semana de setembro, e que teve como objetivo registrar as jubartes em sua principal área de concentração reprodutiva no Brasil.

Presentes ao longo de nossa costa entre o inverno e a primavera, quando vêm da região antártica para acasalar, parir e amamentar seus filhotes, as jubartes já estiveram à beira da extinção por causa da caça indiscriminada praticada desde o período do Brasil-Colônia até a segunda metade do século XX. Desde 1988, o Projeto Baleia Jubarte se dedica a estudar e proteger a espécie, colaborando com autoridades públicas para desenvolver ações de conservação com base no conhecimento acumulado em suas pesquisas de campo.

Mudanças na pandemia

A Expedição 2020 foi realizada como parte dos esforços do Projeto Baleia Jubarte em entender o comportamento das baleias nesta temporada atípica, de pandemia, durante a qual a atividade econômica diminuiu e, com ela, a presença humana nos mares. Segundo o coordenador de comunicação do Projeto patrocinado pela Petrobras, e que também coordenou a Expedição, Enrico Marcovaldi, as informações colhidas ainda serão analisadas, mas foi visível a diminuição da navegação e a reduzida presença de redes
de pesca na região.

“As baleias-jubarte estão retomando sua distribuição original ao longo da costa brasileira e, com isso, aumentam as interações com atividades humanas no mar, o que pode ameaçar a espécie de diversas maneiras, desde colisões com navios a emalhamento em redes de pesca, e nosso papel é buscar entender esses riscos e como reduzi-los, para assegurar que a espécie sobreviva e prospere nas nossas águas”, explica.

Boa notícia

A boa notícia é que, talvez até pela diminuição dessas atividades humanas no mar, as jubartes compareceram em grande número e estão dando um show na Bahia e no Espírito Santo. Das 460 baleias avistadas, 97 eram filhotes, evidenciando o sucesso da temporada reprodutiva, principalmente na região do Banco dos Abrolhos, que é a principal área de concentração das jubartes no Brasil.

Além de muitos registros em vídeo e fotos do comportamento dos animais, foram realizadas 107 foto-identificações individuais, usando o padrão de coloração da cauda das jubartes para catalogar cada uma delas; 25 biópsias para análise genética e de poluentes; e 61 medições de tamanho dos animais por meio de fotogrametria. Também foram realizadas diversas gravações do canto dos machos, característicos da espécie e que mudam anualmente.

Retomada do Turismo

Durante a Expedição a equipe também visitou diversas comunidades ao longo da costa onde se desenvolvem atividades de Turismo de Observação de Baleias, seriamente prejudicadas neste ano pelos efeitos da pandemia. Segundo o coordenador do tema no Projeto, o biólogo Sergio Cipolotti, “o turismo voltado às baleias-jubarte já é um grande gerador de emprego e renda em várias localidades, e nossa missão está sendo entender os efeitos da pandemia nas empresas e colaboradores e apoiar os operadores
para a retomada segura e sustentável das atividades o quanto antes”.

O crescimento continuado da população de jubartes, entretanto, é garantia de que já em 2021 a geração de emprego e renda com o turismo de observação voltará a acontecer. “Para nós, é uma imensa satisfação constatar que nossos esforços de mais de três décadas pela proteção das baleias e do seu ambiente, por meio do Projeto Baleia Jubarte, continuam dando frutos, na forma palpável dessa grande quantidade de filhotes”, acrescentou Marcovaldi.

A Expedição também terá como produto adicional, a ser lançado em breve, um documentário apresentando informações sobre o trabalho de pesquisa, a situação do turismo de observação e as perspectivas com o aumento da população de jubartes, tendo como pano de fundo as belíssimas imagens captadas pela equipe do Projeto durante o trabalho de campo.

Projeto Baleia Jubarte

Atuando há mais de 30 anos na pesquisa e conservação das baleias-jubarte e do ambiente marinho no Brasil, o Projeto Baleia Jubarte, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, integra a Rede Biomar, juntamente com outros projetos patrocinados pela empresa (Albatroz, Coral Vivo, Golfinho Rotador, Meros do Brasil e Tamar), que atuam de forma integrada na conservação da biodiversidade marinha do Brasil.

O Projeto Baleia Jubarte é realizado pelo Instituto Baleia Jubarte, a partir de suas sedes na Praia do Forte e em Caravelas, Bahia; e em Vitória, no Espírito Santo. Por meio deste projeto são realizadas ações de pesquisa científica, turismo responsável, ações de educação ambiental, bem como atividades de conservação que têm contribuído para o sucesso da recuperação da população de jubartes do atlântico sul ocidental.

Fonte: Projeto Baleia Jubarte

Mais informações

www.baleiajubarte.org.br
www.facebook.com/projetobaleiajubarte
www.instagram.com/projetobaleiajubarte

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