Menina feita em uma animação vestindo roupa branca com listras rosas e máscara de mergulho. O desenho está inserido em uma fotografia real de corais, no fundo do mar
‘Cora e os Corais’ leva o público infantil a conhecer as aventuras de uma menina de origem indígena de 8 anos e de seu primo, Cauê, de 9, em um passeio no barco de turismo dos avós durante o Carnaval | Ilustração: Projeto Coral Vivo

Um curta-metragem inédito voltado para crianças  acaba de ser  lançado pelo Projeto Coral Vivo.  “Cora e os Corais”, já disponível no canal do YouTube do projeto, foi desenvolvido em uma técnica que mistura ilustrações em 2D de Mariana Massarani com fotografias do fundo do mar de Áthila Bertoncin. Com direção de Levi Luz e Bia Hetzel e roteiro de Flávia Lins e Silva (“Detetives do Prédio Azul”) e Camila Queiroz, o curta-metragem chama a atenção do público infantil para as ameaças do plástico no oceano, ao trazer todos os objetos feitos desse material em fotografias misturadas aos desenhos.

“Cora e os Corais” leva o público infantil a conhecer as aventuras de uma menina de origem indígena de 8 anos e de seu primo, Cauê, de 9, em um passeio no barco de turismo dos avós durante o Carnaval. O filme leva os espectadores a uma jornada submarina que  destaca a importância do cuidado com o oceano e apresenta algumas das espécies que habitam o trecho de maior biodiversidade de nosso litoral, como corais, peixes sargentinhos, tubarões-lixa, polvos, tartarugas-marinhas e arraias.

Algo de muito especial ocorre na história de Cora: durante o mergulho, ela descobre que tem o superpoder de escutar a vida marinha. Atenta aos avisos e reclamações dos seres do mar  em relação às ameaças causadas pelos humanos, como uma âncora jogada em cima dos corais, uma sacola plástica engolida pela tartaruga e um copo descartável e outros objetos perdidos no mar, Cora usa sua sensibilidade para dar voz aos pedidos dos animais.

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Como apelo, ela pede por mais cuidado e carinho com o oceano e lembra que lugar de plástico não é no mar. Graças aos cuidados da família de Cora com o ambiente subaquático, os seres marinhos voltam à tranquilidade e todos os personagens do filme, inclusive os turistas embarcados no cruzeiro, presenciam o maior show do oceano: o momento mágico da Lua Nova de Carnaval, durante o qual, todos os anos, acontece a desova dos corais-cérebro-da-Bahia.

Bia Hetzel, diretora do curta-metragem, conta que o que inspirou a realização de um trabalho com um resultado tão bonito é o que inspira a equipe todos os dias em cada mínimo gesto ou pensamento: o amor pelo Oceano e a causa da conservação ambiental em sentido amplo. “No Projeto Coral Vivo e em todo o grande elenco da produção do filme, esse amor vibra em cada pólipo de sua colônia.  A gente tem maresia no cérebro e três corações, como os polvos: fazemos muitas coisas ao mesmo tempo, sempre com três amores em mente: as pessoas, o oceano e a vida que pulsa no planetinha azul”, explica.

Hetzel relembra que a produção de “Cora e os Corais” foi um trabalho gigante e ao mesmo tempo formidável, sendo para todos um grande desafio. “Como uma travessia oceânica: quando a gente se propôs a fazer, planejamos tudo nos mínimos detalhes, buscamos a melhor tripulação, discutimos as rotas possíveis e o tipo de barco ideal e zarpamos com força e coragem para chegar no coração das crianças brasileiras com o máximo de informação relevante possível dentro de um filme lindo e envolvente”.

Além disso, Bia Hetzel ressalta que a produção reuniu alguns dos maiores talentos do País em torno de um produto cultural diferenciado dentro de um projeto de pesquisa e conservação marinha. e que cada pessoa que colaborou – desde a roteirista Flávia Lins e Silva, até a ilustradora, os animadores, dubladores, a diretora musical, a advogada, mergulharam na causa do Projeto Coral Vivo:

“Todos nós somos encantados e orgulhosos do conhecimento gerado pelos cientistas do projeto, que acompanharam também a produção da animação nos seus mínimos detalhes. Foi um casamento da Ciência com a Arte movido por paixão e não por conveniência. Uma obra coletiva, feita por quase duas dezenas de pessoas, quase toda de modo remoto, durante uma grande pandemia, com todas as alegrias e desafios que isso implicou”.

Sobre o processo criativo para a produção do curta-metragem, Bia Hetze destaca que tudo teve início a partir do argumento criado pelo Coral Vivo, junto com a Flávia Lins, para começar a produzir o roteiro. Com o roteiro já pronto, foi a hora de buscar a parceria dos diretores de animação, Levi Luz e Bruno Vidigal, e da Mariana Massarani, que apesar de ser uma das ilustradoras mais queridas desse país nunca havia feito uma animação antes.

A partir disso, criou-se o conceito visual, que agregou a fotografia para os cenários e todos os objetos plásticos, com a atuação de Áthila Bertoncini e o Fábio Negrão, na produção fotográfica, na Bahia. Partindo já para a animação, mais de uma dezena de versões foram desenvolvidas até chegar à última.  Foi quando embarcou na produção a  compositora e pianista Paula da Matta, e também o produtor de áudio, Luiz D´Orey. A direção das vozes foi um capítulo à parte, com o cuidado de manter os personagens  com um sotaque próprio do filme, mais puxado para o Nordeste.

Ao todo, mais de 30 profissionais estiveram envolvidos nessa produção, desde a construção do roteiro até o trabalho de animação, dublagem e edição. O filme apresenta também uma trilha sonora única e rica em ritmos e instrumentos brasileiros, que ajuda o público a mergulhar ainda mais na aventura de Cora, Cauê e dos seres marinhos. Cinco músicas feitas especialmente para o filme pela compositora Paula da Matta compõem o álbum “Cora e os Corais”, disponível nas plataformas de streaming de áudio Spotify e Apple Music.

Educação Ambiental para o público infantil

Animação de dois meninos e uma menina, com roupas coloridas, durante um mergulho no fundo do mar. As crianças usam máscaras de mergulho e estão inseridas em uma fotografia real do fundo do mar
A ideia foi criar um conteúdo de linguagem simples e desperte interesse ao público infantil e mais que isso, que haja a vontade nas crianças em colocar em prática a mensagem que o curta-metragem deseja passar | Ilustração: Projeto Coral Vivo

Flávia Guebert, oceanógrafa e coordenadora geral do projeto Coral Vivo, destaca que o grande cerne da produção de um material como esse é a importância de conseguir dialogar em uma linguagem direcionada ao público infantil. “Nada melhor do que ter um curta-metragem infantil com crianças que conversem linguagem que outras crianças vão compreender. Então a temática ou o problema do lixo marinho quando conversado já por crianças tem uma diferença na absorção do conteúdo, do interesse, na empatia”, ressalta.

A ideia foi criar um conteúdo de linguagem simples e desperte interesse ao público infantil e mais que isso, que haja a vontade nas crianças em colocar em prática a mensagem que o curta-metragem deseja passar.

“É sobre crianças que vão mergulhar e que querem descobrir os problemas que estão acontecendo no mar por causa do lixo marinho, que estão associados aquilo tudo.  Tudo isso traz muita empatia para quem assiste. Então, a gente deseja tocar o coração das crianças com relação aos problemas do lixo, a natureza, aos cuidados que todos devemos ter. Por isso criamos um material próprio que traz essa essa linguagem adequada e que conversa com o público infantil”.

A obra, que prima pela originalidade e qualidade, foi idealizada pelo Projeto Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras, e produzido pelo Instituto Coral Vivo.

Sinopse

Cora, uma menina de 8 anos, vai passar o feriado de Carnaval em Mar Belo, litoral da Bahia, na casa de seus avós, com quem vive Cauê, o primo de 9 anos. Após perder uma sacola plástica no mar durante um passeio no barco de turismo do avô Tonhão, Cora descobre que os recifes de coral não são pedras espalhadas pelo mar, e sim colônias de seres vivos que vivem fixo e são muito animados, bons de festa e de conversa, zeladores fundamentais para o equilíbrio entre a teia de vida que existe entre o mar e a terra.

Com uma sensibilidade extraordinária, traduzida no superpoder de conseguir ouvir o que os seres marinhos têm a dizer, Cora acaba levando sua família e os turistas embarcados não só a “escutar” as vozes da natureza, mas também a se apaixonar pelo mundo marinho e testemunhar um dos espetáculos mais lindos do oceano: a desova dos corais. Animação. 12 minutos.

Projeto Coral Vivo

O Projeto Coral Vivo nasceu no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a partir de pesquisas em recifes e ambientes coralíneos brasileiros. Desde 2006, com o patrocínio da Petrobras, além de parcerias locais e nacionais, passou a atuar junto a vários setores da sociedade, como os órgãos governamentais; as universidades e escolas; os conselhos gestores; o segmento de turismo; os pescadores e os coletivos jovens.

O projeto possui uma Rede de Pesquisas com 14 instituições envolvidas e uma Base de Pesquisas e Visitação em Porto Seguro (BA). Juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realiza a coordenação executiva do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais), que inclui 18 áreas geográficas e 52 espécies ameaçadas.

Suas ações de educação incluem a formação continuada de professores e a edição de publicações de divulgação científica. O projeto tem vários e importantes livros publicados, disponibilizados gratuitamente para download em seu site, além de uma produção científica robusta e internacionalmente reconhecida e referendada. Nas redes sociais, o Coral Vivo já tem mais de 370 mil seguidores. Saiba mais no site coralvivo.org.br.

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