Os ventos passaram a ser o segundo recurso mais utilizado no Brasil para a geração de energia elétrica e já temos 15 GW de capacidade instalada. São mais de 7 mil aerogeradores, em 601 parques eólicos, em 12 estados. Esses dados foram divulgados nesta quinta-feira (11), pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). No caso específico do Nordeste, os recordes de atendimentos a carga já ultrapassam 70% em uma base diária.
“Se considerarmos que a energia eólica tinha cerca de 1 GW instalado em 2011, é um feito realmente impressionante chegarmos a ocupar este lugar de destaque na matriz elétrica. Acho fundamental destacar que há diferentes formas de observar a matriz elétrica de um País e uma das possibilidades é considerar a fonte primária de geração, ou seja, qual é o recurso utilizado para a geração elétrica. Acredito que esta é uma forma de apresentação que nos dá uma visão interessante e detalhada do que estamos utilizando para produzir energia no Brasil e, neste caso, o vento é a segunda fonte do País”, explica Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica.
Dos 15 GW de capacidade instalada, 86% estão no Nordeste. Veja o ranking dos maiores:
Estado – Potência (MW) – Nº de parques
- Rio Grande do Norte – 4.066,15 – 151
- Bahia – 3.934,99 – 153
- Ceará – 2.045,46 – 79
- Rio Grande do Sul – 1.831,87 – 80
- Piauí – 1.638,10 – 60
- Pernambuco – 781,99 – 34
Além dos 15 GW de capacidade instalada, há outros 4,6 GW já contratados ou em construção, o que significa que, no fim de 2023, serão pelo menos 19,7 GW considerando apenas contratos já viabilizados em leilões e com outorgas do mercado livre publicadas e contratos assinados até agora. Novos leilões e novos contratos no mercado devem aumentar os números projetados consideravelmente.
“No caso do Brasil, além deste crescimento consistente nos últimos anos, existe um fator que tem que ser destacado sempre, que é a qualidade de nossos ventos. Enquanto a média mundial do fator de capacidade está em cerca de 25%, o Fator de Capacidade médio brasileiro em 2018 foi de 42%, sendo que, no Nordeste, durante a temporada de safra dos ventos, que vai de junho a novembro, é bastante comum parques atingirem fatores de capacidade que passam dos 80%. Isso faz com que a produção dos aerogeradores instalados em solo brasileiro seja muito maior que as mesmas máquinas em outros Países. Somos abençoados não apenas pela grande quantidade de vento, mas também pela qualidade dele”, resume Elbia.
Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em 2018, foram gerados 48,4 TWh de energia elétrica, o que representou 8,6% de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN) no período. Em relação a 2017, foi registrado um crescimento de 14,6% na geração de energia eólica, enquanto a geração como um todo cresceu 1,5% no mesmo período.
“Se quisermos trazer isso para uma compreensão mais próxima da nossa realidade, dá para dizer que o que as eólicas produziram de energia no ano passado, em média, seria o suficiente para abastecer 25,5 milhões de residências ou cerca de 80 milhões de pessoas”, explica Elbia.
Novos recordes
“Daqui a uns dois meses vamos começar a ver de novo notícias de recordes de geração de energia eólica e isso começa a acontecer porque no finalzinho de maio já estaremos entrando no período que chamamos de safra dos ventos, quando os ventos estão em sua produção máxima”, avisa Elbia.
No ano passado, durante a Safra dos Ventos, a energia eólica chegou a atender quase 14% do SIN. Ele atende praticamente todo o País e é constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte. O Boletim Mensal de Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), referente ao mês de setembro de 2018, por exemplo, mostra que, no dia 19 de setembro, uma quarta-feira, a energia eólica chegou ao percentual de 13,98% de atendimento recorde nacional na média do dia.
Ventos do Nordeste
No caso específico do Nordeste, os recordes de atendimentos a carga já ultrapassam 70% em uma base diária, mas o dado mais recente de recorde da região é do dia 13 de novembro de 2018, um domingo às 9h11, quando todo o Nordeste foi atendido por energia eólica e ainda houve exportação dessa fonte, já que o volume de 8.920 MW atendou 104% daquela demanda com 86% de fator de capacidade. Nesta mesma data, além do recorde instantâneo é importante mencionar que, por um período de duas horas, o Nordeste foi abastecido em 100% por energia eólica.
Por diversos períodos, o Nordeste assume a figura de exportador de energia, uma realidade totalmente oposta ao histórico do submercado que é por natureza importador de energia.
Para calcular a matriz por fonte, a ABEEólica utiliza os dados da Aneel, à disposição no Banco de Informações de Geração (BIG). Na matriz apresentada pela ABEEólica, são detalhados os fósseis por considerar que é importante sabermos que tipos de combustíveis estamos usando. Seria possível, no entanto, fazer uma matriz ainda mais detalhada, abrindo também os tipos de insumo da biomassa, ou ainda, apresentar o potencial hídrico detalhado, separando as Grandes Usinas e as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).
O fato é que não há uma única forma de se mostrar uma matriz. Poderiam, por exemplo, juntar todas as térmicas, independentemente do recurso utilizado como fonte primeira, e as térmicas ficariam em segundo lugar. Seria possível, ainda, montar uma matriz que separasse apenas o que é recurso renovável e o térmico. No caso do Brasil, por exemplo, teríamos 83,2% da matriz renovável e 16,7% térmica.
A ABEEólica reúne cerca de cem empresas da indústria eólica, incluindo fábricas de aerogeradores, de pás eólicas, operadoras de parques eólicos, investidores e diversos fornecedores da cadeia produtiva.
Fonte: ABEEólica