Por Saulo Coelho
Embrapa Tabuleiros Costeiros

A cidade de Piranhas (AL) fica às margens do Rio São Francisco | Foto: Maristela Crispim

Aracaju (SE). Desde 2018, pesquisadores nordestinos percorrem anualmente 240Km do Baixo São Francisco para coletar dados sobre um dos mais importantes rios do País. O resultado são trabalhos interdisciplinares, apoiados por 18 instituições, entre elas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que compõem um retrato das reais condições da água, das suas margens e das populações que junto a ele sobrevivem.

Todos os anos, cada expedição gera um relatório científico, que serve como uma visão panorâmica e atualizada para orientar ações concretas e políticas públicas a respeito do Rio São Francisco. Neste ano, no entanto, cientistas, estudantes e o público em geral também passam a contar com mais uma opção de acesso a este conhecimento: Um e-book, lançando pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que compila dados, análises e imagens das expedições de 2018 e 2019. O livro está disponível para download neste link. São 21 capítulos, em 25 áreas de pesquisa.

As duas edições da expedição e a publicação contaram com a participação dos pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros, que fica em Aracaju (SE), Carlos Alberto da Silva, especialista em Sustentabilidade de Sistemas Aquícolas; e Marcus Cruz, especialista em Recursos Hídricos. A segunda edição contou também com o pesquisador Fábio Torresan, especialista em Ecologia e Recursos Naturais.

Poluído, desmatado e assoreado

De acordo com o material, no trecho estudado, o São Francisco encontra-se com poluentes, desmatamento e assoreamento (processo de acúmulo de dejetos e detritos, a partir do desmatamento que retira a proteção das margens). Além disso, as comunidades ribeirinhas vivem em situação socioeconômica precária, sendo muito poucas as políticas públicas de colaboração em ações ambientais.

De acordo com o professor Emerson Soares, engenheiro de pesca e doutor em Biotecnologia, é necessário um trabalho em conjunto de instituições, prefeituras, comunidades, “para podermos, aos poucos, ir revertendo a situação grave em que o São Francisco se encontra, principalmente em relação ao saneamento básico, presença de contaminantes, regulação da vazão correta e que atenda às necessidades de todos os usuários”, explica. Ele acrescenta que o ponto mais relevante demonstrado nas observações é que “o rio vem sendo muito mal tratado. Ele precisa ganhar o lugar de destaque que merece, ser melhor aproveitado”.

Para tanto, o cientista sugere medidas como um novo tipo de Turismo, que seja mais Inclusivo, com geração de renda para as comunidades ribeirinhas; Educação Ambiental nos municípios em que as pessoas vivem da pesca; tratamento de água; combate ao desmatamento e construções irregulares às margens do São Francisco, além de políticas de compensação ambiental (por exemplo, previstas na Lei 9.985), além de eficácia na fiscalização.

O Governo de Alagoas apoiou as expedições que geraram o livro por meio da Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação (Secti), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh) e do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater).

O livro foi patrocinado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) e pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), com o apoio de produção da Agência Peixe Vivo.

*Com textos e informações das Assessorias de Comunicação da Ufal e CBHSF

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