Abelhas jandaíra (melipona subnitida), endêmicas do nordeste brasileiro, que têm cerca de um terço da espécie em extinção | Foto: Eduardo Queiroz

Neste dia 3 de outubro, o Brasil celebra o Dia Nacional das Abelhas. Insetos voadores elas são conhecidas pelo seu importante papel na polinização. Pertencem à ordem Hymenoptera, da superfamília Apoidea, subgrupo Anthophila, e são aparentados das vespas e formigas.

As do grupo Meliponini produtoras de mel pertencem geralmente aos gêneros Trigona, Scaptotrigona, Melipona, embora existam outros gêneros contendo espécies que produzem algum mel aproveitável. Elas são cultivadas na meliponicultura da mesma forma que as abelhas com ferrão do gênero Apis são cultivadas na apicultura.

A importância das abelhas para a manutenção da vida humana não é mais novidade para ninguém. Mas e quando uma espécie, sozinha, é responsável pela polinização de 30 a 60% das plantas da Caatinga, do Pantanal e de manchas da Mata Atlântica, importantes ecossistemas brasileiros?

Essas são as abelhas jandaíra (melipona subnitida), endêmicas do nordeste brasileiro, que têm cerca de um terço da espécie em extinção. Os motivos também não são novos: desmatamento e extrativismo predatório.

Uma das características das abelhas melíponas é a seletividade delas, pois polinizam apenas as espécies nativas. Por isso, a sua conservação é uma necessidade, já que elas ocupam uma importante função na perpetuação da floresta e sua biodiversidade, como polinizadoras e parte integrante da teia alimentar.

O projeto No Clima da Caatinga (NCC), da Associação Caatinga, entende que essas abelhas também têm um papel socioeconômico importante. Por isso, o projeto capacitou mais de 282 pessoas em meliponicultura, a criação de abelhas sem ferrão, além de distribuir quase 200 colônias de jandaíra em 16 comunidades do Nordeste.

As jandaíra são mais fáceis de criar e podem gerar um incremento à renda familiar. Como não possuem ferrão, não são agressivas e se adaptam bem ao manejo. Assim, mulheres, crianças e até mesmo idosos podem atuar nos cuidados necessários para desenvolver a atividade, que dispensa o uso de macacões, fumegadores e outros equipamentos que encarecem a criação de abelhas.

Em condições normais de clima e florada, a produção anual de cada enxame de jandaíra pode chegar a 1,5 litro de mel. Com propriedades e composição nutritiva superior ao mel comum, um litro pode ser vendido por até R$ 120. No Nordeste, também há a aplicação medicinal, que pode ser posto sobre feridas, conjuntivites e diversas outras doenças de origem bacteriana, inclusive um estudo, que comprovou a eficácia da aplicação tópica do mel de Jandaíra sobre feridas de ratos.

Em quatro anos do projeto “No Clima da Caatinga”, 3.300 famílias foram envolvidas em 40 comunidades do Ceará e do Piauí. A Associação promove, por meio deste projeto, ações de restauração florestal da Caatinga, Educação Ambiental e implantação de Tecnologias Sustentáveis, que evitaram a emissão de 152 toneladas de gás carbônico e capturaram 12 mil toneladas de CO2. Ao longo das quatro etapas, mais de 1.500 pessoas foram capacitadas em tecnologias sustentáveis e 500 educadores capacitados em ações de Educação Ambiental envolvendo mais de 20 mil alunos.

Data Mundial

A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 20 de maio como o Dia Mundial das Abelhas. Data foi proclamada pela sua Assembleia Geral para lembrar a importância da polinização para o Desenvolvimento Sustentável. Insetos podem visitar cerca de 7 mil flores por dia, atuando como agentes fundamentais ao equilíbrio dos ecossistemas. São também fonte de mel e outros produtos que dão oportunidade de sustento para agricultores.

As abelhas e outros polinizadores — como as mariposas, morcegos e pássaros — permitem a reprodução de diferentes espécies de plantas, incluindo de vegetais consumidos como alimento pelos seres humanos.

O 20 de maio foi escolhido para a data por ser o dia do nascimento de Anton Janša, esloveno nascido no século XVIII que foi pioneiro na criação e uso de técnicas modernas de apicultura.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já desenvolve atividades de capacitação em apicultura no âmbito de diferentes projetos de desenvolvimento rural, do Azerbaidjão ao Níger.

A agência da ONU está liderando a criação de uma base de dados sobre os serviços de polinização prestados pelas abelhas e outros animais em nível global. Uma das vantagens do investimento nas cadeias produtivas associadas às abelhas é o uso reduzido de capital e de propriedade de terra.

Os polinizadores não apenas contribuem com a segurança alimentar, uma vez que são fomentadores da vida vegetal, mas também atuam como sentinelas do meio ambiente, pois variações de seu comportamento indicam ameaças emergentes e desequilíbrios nos ecossistemas.

Insetos invasores, pesticidas, mudanças no uso da terra e a prática da monocultura reduzem os nutrientes disponíveis na natureza e representam uma ameaça às colônias de abelhas.

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