Beberibe – CE. Circulam em redes sociais imagens impressionantes do desabamento de falésias próximo ao Centro de Artesanato, na Praia do Morro Branco, município de Beberibe, no Litoral Leste do Ceará, a 90 Km da capital, Fortaleza. No local, os sedimentos deslizaram em direção às barracas de praia, levando parte do calçamento e deixando casas prestes a desabar.

Moradores relaram que, antes do deslizamento, apareceram buracos no chão. “Dolinas (buracos) são a fase pré-colapso”, revela o professor Rubson Maia, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

“Assim que soubemos da situação, a prefeita pediu ajuda ao Governo do Estado pelo tamanho da cratera. Imediatamente o Governo enviou equipe e equipamentos para iniciar a obra, prevista para acabar em 20 dias”, informa a secretária de Turismo de Beberibe, Rosana Lima. Ela afirma que os desmoronamentos se deram pela erosão do solo que cedeu com o alto volume de chuvas registrado nos últimos dias.

De fato, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), até as 7h desse dia 29 de março foram registrados 390mm de chuvas em Beberibe, enquanto a média histórica do mês é 223mm, um desvio de 75%.

O professor Rubson Maia explica que a Formação Barreiras, rochas onde ocorrem as falésias de todo litoral brasileiro, possui ampla variabilidade de texturas, composições, graus de cimentação, fraturamento, etc.

“Em Beberibe, especificamente, as camadas sedimentares são pouco consolidadas. Isso significa que há pouca coesão entre os sedimentos, tornando-os mais erodíveis. Por outro lado, a porosidade, nesses casos é maior, fazendo desses depósitos sedimentares potenciais aquíferos”, informa.

“Exatamente na área colapsada, há um dreno de esgoto/captação pluvial. É provável que as águas drenadas tenham saturado os sedimentos nesse setor. A saturação diminui o atrito entre as partículas, facilitando sua movimentação, que é potencializada pelo peso sobrejacente das camadas sobrepostas. Disso resulta na perda da estabilidade da escarpa, levando à erosão da base e o colapso do topo”, detalha.

A ocupação do topo e da base das falésias, segundo o professor / pesquisador, sempre é um problema, que se torna mais crítico quando o material da formação é instável, como é o caso da Praia de Morro Branco.

De acordo com as informações do professor Rubson Maia, que esteve no local e fez imagens da situação nesse fim de semana, a Prefeitura fez uma estabilização provisória com manto de pedra tosca: “Nada definitivo, mas diminui um pouco a chance do avanço imediato da erosão”.

Ele disse ainda que tentou contatar a prefeita, mas não conseguiu e enviou um e-mail para a chefe de gabinete. “Trabalho em um projeto do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) avaliando a estabilidade das falésias. Basta ela formalizar o interesse para incluirmos Beberibe”, finaliza.

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