Por Alice Sales
Colaboradora

Além das praias em Fortaleza, o Ibama identificou que as manchas de óleo atingiram 132 praias de todos os estados do Nordeste. O Ceará é o segundo Estado menos afetado, atrás do Piauí

Fortaleza – CE. A remoção de resíduos de petróleo cru despejados no mar, que atingiram a faixa de praias da cidade, está sendo realizada em uma ação emergencial da Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF) que mobiliza técnicos das Secretarias Municipais de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). A iniciativa teve início no último dia 2 e já retirou da orla cerca de 500 litros do material, além de quatro toneladas de outros resíduos.

A intervenção de emergência, que tem acompanhamento de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e apoio de equipamentos da Petrobras, deverá seguir até que não sejam encontrados mais vestígios de óleos nas praias de Fortaleza.

Além do trabalho de limpeza que vem sendo feito diariamente na faixa de areia da costa da capital cearense, a ação conta com uma equipe de 25 homens que percorrem as praias do Futuro, Caça e Pesca, Titanzinho, Cofeco e Sabiaguaba, que foram atingidas pelo óleo.

Segundo a titular da Seuma, Águeda Muniz, “o trabalho conjunto de limpeza evita maiores danos ambientais, tanto para os recursos hídricos como para a fauna marinha. A Prefeitura está dedicada a essa tarefa com o objetivo de retirar todo o material encontrado nas praias da Cidade e, assim, melhorar as condições de balneabilidade para os frequentadores, sejam turistas ou fortalezenses.”

Força-Tarefa

Em nota enviada à imprensa, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) declarou que o Governo do Ceará está dispondo todos os recursos para mitigar os impactos do óleo derramado e que há 12 dias não há notícia da mancha de óleo perto da costa do Estado, nem a informação de novas praias contaminadas pelo óleo. Além disso, foi informado que a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) está recolhendo corretamente o óleo das praias e enviando o material para a queima em um forno licenciado para este tipo de combustão.

A Seuma também está prestando assistência no recolhimento de animais e cadáveres de animais oleados, encaminhando-os aos centros de recuperação e de pesquisa, além de acionar as autoridades se houver a necessidade de conter o óleo do mar, antes de chegar à praia.

O Governo do Estado do Ceará realizou, na última quarta-feira (9), um sobrevoo por todo o litoral cearense para observar a ocorrência de mancha de óleo próximo à costa, com a participação de técnicos da Semace, Ibama e representantes de ONGs ligadas ao meio ambiente.

Segundo a informação do técnico da Semace, Gustavo Gurgel, sobre o deslocamento das manchas de óleo “não temos manchas novas, até o momento. Temos manchas passando de uma praia para outra, por deriva marítima”, informou. A Marinha também destacou que não “foram avistadas novas manchas em alto mar” no litoral cearense. Também foi realizada uma vistoria por terra de todo o litoral, para observar a ocorrência de mancha de flocos de óleo nas praias, com a participação de pessoal do Detran, Corpo de Bombeiros e da Sema.

Nesta quinta-feira (10), técnicos e especialistas de diversos órgãos se reuniram no auditório da Sema para apresentação do diagnóstico de todas as praias e avaliar as ações de monitoramento e combate à mancha de óleo no litoral cearense. O secretário-chefe da Casa Civil do Governo, Élcio Batista, destacou a importância da reunião e do “bom” trabalho que está sendo realizado pelo grupo. “O Governador Camilo Santana pediu para colocar toda a estrutura do Governo à disposição dessa articulação. Estou aqui para dizer que estamos mobilizados para resolver o problema”, afirmou.

Ficou determinado que o Ibama ficará incumbido de realizar o mapeamento de pontos de óleos e da fauna oleada encontrados. Os demais integrantes do grupo de trabalho deverão encaminhar para o Ibama foto com coordenadas, data e horário do avistamento das manchas e animais oleados, vivos ou mortos. Manchas no mar devem ser comunicadas à Marinha do Brasil, com a identificação do local aproximado.

Nesta sexta-feira (11) foi realizada uma ação de limpeza na Praia da Sabiaguaba e na segunda-feira (14), a limpeza será nas praias em Caucaia. As tartarugas mortas deverão ser encaminhadas para o Instituto Verdeluz. A necrópsia será feita pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Os cetáceos, tartarugas e outros animais oleados e encontrados vivos deverão ser comunicados à Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis).

Pesquisadores revelam possível origem

Um estudo realizado pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA) aponta que o petróleo que atinge o Litoral do Nordeste teria como origem a Venezuela. A informação foi divulgada pela diretora da entidade, a pesquisadora Olivia Oliveira, durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (10).

Além das praias em Fortaleza, o Ibama identificou que as manchas de óleo atingiram 132 praias de todos os estados da Região Nordeste. O Ceará é o segundo estado menos afetado, sendo o Piauí o menos atingido.

Em Sergipe, uma grande quantidade de óleo nas praias de Aracaju assustou a população e imagens viralizaram na internet chocando internautas. O estado, que é considerado um dos mais atingidos pelo desastre, declarou situação de emergência.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a Aracaju na última segunda-feira (7) para acompanhar de perto a situação. No último sábado (5), o presidente Jair Bolsonaro determinou que o Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal (PF) e o Ministério da Defesa, por meio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, investiguem as manchas, junto com técnicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), ou do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O presidente sinalizou urgência.

Foz do Rio São Francisco

A grande mancha de petróleo cru já chegou à foz do Rio São Francisco, no município de Piaçabuçu, litoral extremo sul de Alagoas. Segundo o Ibama, a quantidade de óleo encontrada na Foz do São Francisco está fixada em um único ponto da areia da praia, a cerca de 150 metros do rio. A Petrobras será acionada para realizar a limpeza da área para que não haja risco de o material se espalhar na foz do rio.

Serviço:

Em caso de ocorrência de óleo nas praias do Ceará, achado de animais oleados e  avistamento de mancha de óleo no mar, a Semace disponibiliza o telefone: 0800.275223

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