Victor Moura começou no jornalismo ambiental fazendo reportagens usando a bicicleta, na periferia norte do Recife. Na imagem, o primeiro trabalho de campo, em agosto de 2019
A Fundação Gabo e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) anunciaram, agora no começo de março, os selecionados para participar do workshop virtual “Desenvolvimento Sustentável: cobrindo o presente olhando para o futuro”, que será realizado nos dias 10, 15, 22 e 24 de março de 2023, sob o comando do jornalista brasileiro Gustavo Faleiros, editor de investigações ambientais do Pulitzer Center.
Entre os 16 selecionados estão dois brasileiros, Victor dos Santos Moura, da Eco Nordeste – Agência de Conteúdo; e Jéssica Martins Silva, do site ((o)) eco, ambas mídias ambientais que fazem parte da Associação de Jornalismo digital (Ajor). Os demais fazem parte dos veículos Notisancri.com (República Dominicana), Correo del Caroní (Venezuela), El País (México), DW (Espanha), Forbes (México), Meta Cris (Argentina), La Silla Rota (México), Greenwatcher.org (Colômbia), Diario Expreso (Equador), La Brava (Bolívia), Mongabay Latam – Diario El Comercio (Peru), RedAcción – Noticias en Movimiento (México), La Región (Bolívia) e Universidad de Antioquia (Colômbia).
Victor se formou pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 2021. No momento, atua como colaborador da Eco Nordeste. Foi um dos 12 selecionados pelo edital do Instituto Clima Info sobre emergência climática na região Nordeste do Brasil, em 2022. Já publicou um livro-reportagem intitulado “Ciclo Histórias pelo Recife”, no qual fala sobre mobilidade urbana, meio ambiente e marginalização na capital pernambucana. Ganhou dois prêmios enquanto estudante: a 1º edição do Prêmio de Jornalismo Cultural do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope) (2020) e a 12º edição do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão (2020). E já fez reportagens para o portal #Projeto Colabora.
Victor recebeu com alegria a notícia: “Fico feliz por estar participando deste projeto da Fundação Gabo, que é referência para o jornalismo na América Latina. Esse processo de estudar, ouvir e aprender é sempre importante na nossa profissão, ainda mais para jornalistas que estão em início de carreira, se encontrando, buscando espaço”.
“Por mais que a emergência climática seja uma pauta global, eu acredito que é essencial focar naquilo que está próximo da gente: nossa comunidade, cidade, Estado, região… Procurar entender as especificidades do território. O Nordeste do Brasil, por exemplo, é um “país” de mais de 50 milhões de habitantes. Tem suas dinâmicas de ocupação, hidrografias, relevos, biodiversidade… Mostrar que existem narrativas, problemáticas e soluções diferentes é uma obrigação do jornalismo”, destaca o jornalista.
E completa: “eu cresci e moro até hoje na beira de uma encosta, na periferia do Recife. E vivenciar tantos invernos, tanto descaso histórico, me ‘forçou’ a seguir pelo jornalismo ambiental. Não era meu objetivo ao entrar na faculdade, em 2016. Mas as coisas mudam. E, de lá para cá, a discussão a respeito de clima e meio ambiente cresceu bastante, tendo como pano de fundo a questão social, racial, de gênero… As desigualdades que o Brasil nunca deixou de ter. Todo esse contexto tem servido de base para o meu trabalho”.
Gustavo Faleiros, que vai conduzir o workshop, é jornalista e media trainer especializado em jornalismo baseado em dados. Em 2012, lançou o InfoAmazonia, um mapa digital que usa dados de satélite e outros disponíveis ao público para monitorar a Floresta Amazônica. Também ajudou a criar a Rede de Comunicação da Amazônia, que formou jornalistas e produziu 200 reportagens sobre questões ambientais na região. A rede surgiu de realizações anteriores no site ((o)) eco, do qual foi editor executivo. Começou a carreira como repórter do Valor Econômico, onde cobria assuntos relacionados a infraestrutura, energia e saneamento.
