Gilmar de Carvalho
Jornalista
Professor aposentado da UFC gilmarcarvalho15@gmail.com
Fortaleza – CE. Quem frequenta supermercados sabe como os sacos plásticos são distribuídos, irresponsável e generosamente, no empacotamento.
Muitos clientes pedem para colocar suas compras em mais de um saco, sempre com a desculpa esfarrapada de que ele pode rasgar.
Chegou-se a ensaiar a venda de sacolas retornáveis. Elas funcionaram como álibi, para dizer que as redes tomaram uma atitude responsável. Menos verdade. Sumiram de muitas redes de supermercados.
São práticas, resistentes e custam caro (em torno de cinco reais) para quem se acostumou a levar sacos de graça para casa. Vez por outra, vem a notícia de que os clientes pagarão pelos sacos. Boatos.
A facilidade com que alguns clientes levam tantos deles para casa indica que esta prática está longe de ser banida. O reúso dos sacos para lixo não parece um hábito dos menos abastados. A farra é grande também nos supermercados das elites.
Faz tempo que esta pendenga dura e não existe possibilidade de que seja resolvida. O poder público se omite e fica por isso.
O atacarejo estimula a aquisição das retornáveis, pela não distribuição gratuita dos sacos. Paradoxal, porque estes mesmos grupos têm outras práticas nas lojas de super ou hipermercados.
Por conta desta falsa economia, a gente pode contribuir para que o Planeta fique ainda mais ameaçado. Estes sacos distribuídos “de graça”, que acondicionam o lixo, levarão muitos anos para se degradar nos aterros sanitários, que substituíram os lixões, nos grandes centros.
O problema do lixo será resolvido ou atenuado, com a adoção da reciclagem. Não vale colocar depósitos coloridos (uma cor para cada tipo de lixo) e misturar tudo depois. Esta prática é desonesta.
Condomínios reagem à coleta seletiva, porque perderão tempo, farão gastos e não terão lucro. Não vejo preocupação dos “shoppings” em dar o bom exemplo. Geralmente, misturam tudo, porque tudo vai para o mesmo lugar.
Muitas indústrias fabricam sacos feitos com bagaço de cana e outros materiais, que se degradam mais rapidamente, mas são caros e pouca gente compra.
A seleção do lixo é um primeiro passo: papéis, plásticos (muito queridos pelo pessoal da reciclagem), metais, vidros (mais complicado, porque não temos reciclagem deste material em Fortaleza).
Restos de comidas, cascas de frutas e legumes e outros materiais orgânicos podem ir para a compostagem. Com uma caixa grande, com furos, serragem para recobrir camadas de lixo, e um quintal, varanda ou área de serviço, pode-se improvisar uma pequena “usina”. Depois de pouco tempo de processamento, ele estará pronto para ser usado como adubo.
Para não dizer que não falei do lixo jogado nas vias públicas: a Prefeitura tem mantido uma coleta regular e ainda oferece os “ecopontos“, para desova deste material. No entanto, é fácil contratar um carroceiro para descartar entulho, animais mortos e dejetos sem embalagem, em terrenos baldios, canteiros de avenidas (José Bastos é um péssimo exemplo) e lugares ermos.
Esta acumulação junta moscas, atrai ratos e compromete a saúde da casa, do bairro e da cidade. O entupimento dos esgotos é resultado desta falta de civilidade. É uma questão de consciência.
O bem-estar de todos deve ser a meta e não a latinha do refrigerante jogada pela janela do carro. Podemos fazer a nossa parte, nestes tempos de “vale-tudo“.