Os modelos de previsão climática indicam ainda uma diferença espacial norte-sul, de modo que na região sul do estado, a categoria mais provável é em torno da normal ou mesmo abaixo da normal | Foto: Maristela Crispim

Fortaleza – CE. O prognóstico climático para o período de março a maio de 2020 indica 40% de probabilidade de chuvas acima da média, 40% em torno da normalidade e ainda 20% abaixo da média. Os dados foram divulgados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) na manhã desta sexta-feira (28).

Não se trata de uma atualização do primeiro prognóstico divulgado em janeiro para o trimestre de fevereiro a março, pois o período de previsão é diferente. Para chegar aos resultados, foi realizada uma análise dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala (vento em superfície e em altitude, pressão ao nível do mar, temperatura da superfície do mar, entre outros) e dos resultados de modelos numéricos globais e regionais e de modelos estatísticos de diversas instituições de meteorologia do Brasil e do exterior, além da própria Funceme.

Os modelos de previsão climática indicam ainda uma diferença espacial norte-sul, de modo que na região sul do estado, a categoria mais provável é em torno da normal ou mesmo abaixo da normal em algumas áreas, enquanto na região ao norte do Ceará, a categoria mais provável é acima da normal. Além disso, salienta-se a alta variabilidade temporal no volume de chuvas ao longo do trimestre.

Chuvas em fevereiro

Fevereiro de 2020 apresenta chuvas 61,1% acima da média, de acordo com dados preliminares da Funceme divulgados nesta sexta-feira (28). Para o período, a normal climatológica é de 118,6 mm, tendo sido observados 191,1 mm, faltando completar os dados para fechar o mês.

O balanço mensal vai ao encontro do cenário indicado pela Funceme no prognóstico climático divulgado em janeiro que, além de apontar 45% de chances de precipitações acima da média para todo o trimestre de fevereiro a abril, já apontava que o primeiro mês da quadra chuvosa poderia ser chuvoso.

Em comparação com igual período do ano passado, o Ceará também apresenta dados positivos. Em fevereiro de 2019, o estado registrou 172 mm, o que representa um diferença de 11% em relação ao atual mês.

Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme, explica que o cenário observado está associado à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é o principal sistema indutor de chuvas no Ceará durante a quadra chuvosa.

“Como já havia sido apontado pela previsão climática divulgada em janeiro, para o trimestre entre fevereiro e abril, que o início da estação chuvosa realmente seria muito favorável à ocorrência de chuvas, isso aconteceu de fato, pode-se confirmar pelos números; e o sistema meteorológico que provocou essas chuvas tão abundantes foi a Zona de Convergência Intertropical. E, neste ano, em fevereiro, permaneceu bem próximo ao nosso litoral e, às vezes, até em outras regiões do estado, por isso as chuvas foram até melhor distribuídas no estado”, explica a meteorologista.

Macrorregiões

Dentro de uma análise mais específica dos dados, o cenário observado em relação às macrorregiões também foi positivo, pois todas ficaram acima da normal climatológica. Em fevereiro de 2020, o Litoral de Fortaleza foi aquela com maior acumulado: 277,1 mm, o que representa 90% acima da média, que é de 145,8 mm.

Em comparação com o ano passado, as precipitações foram mais expressivas em áreas como o Cariri e o Sertão Central e Inhamuns. Em 2019, a primeira ficou abaixo da média esperada para o mês, com 107,7 mm, sendo que a normal é 166,8 mm. Já no atual período, apresenta 253,9 mm.

Já na macrorregião do Sertão Central e Inhamuns, foram registrados 156,8 mm em fevereiro de 2020 — um dado que representa uma evolução de 49% na quantidade de chuvas esperada para a região (105,3 mm); e também um incremento de 18% quando comparado à quantidade registrada em 2019, quando foram observados 132,6 mm.

Reservatórios

Mesmo com o início de quadra chuvosa com dados interessantes para os açudes do Ceará, Meiry Sakamoto adverte que ainda é muito cedo para fazer uma avaliação.

“Os grandes reservatórios, como Castanhão e Orós, já devem ter começado a receber os primeiros volumes de água; mas, para recuperá-los, vai ser preciso que a estação seja chuvosa de fato. E mais do que isso, que as precipitações ocorram nos lugares certos e nos momentos certos”, finaliza a gerente de Meteorologia da Funceme.

Atualmente, dos 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 90 estão com volume abaixo dos 30% e 26 acima dos 90%. O Castanhão, por exemplo, tem, neste momento, apenas 2,66% de sua capacidade total.

Situação atual

Número de açudes – 155
Total acumulado – 15,84%
Abaixo de 90% – 28
Acima de 30% – 90
Três maiores:
Castanhão – 2,66%
Orós – 4,74%
Banabuiú – 6,08%

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