Projeto Rural Sustentável Caatinga sintetiza possibilidades para o NE

A Agência Eco Nordeste finaliza a série especial com histórias inspiradoras de Convivência com o Semiárido – colhidas a partir do 6º Seminário Internacional de Convivência com o Semiárido, do Centro Xingó / IABS, em Piranhas (AL) – com o Projeto Rural Sustentável Caatinga, que visa combater as mudanças climáticas e a pobreza rural com a utilização de tecnologias agropecuárias de baixa utilização de carbono em 38 municípios prioritários, em Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Sergipe.

Por Maristela Crispim
Editora

O objetivo é combater as mudanças climáticas e a pobreza rural com a utilização de tecnologias agropecuárias de baixa utilização de carbono | Foto: Maristela Crispim

Piranhas – AL. O Centro Xingó de Convivência com o Semiárido encerrou novembro e iniciou dezembro entre o 6º Seminário e o 5º Curso Internacional de Convivência com o Semiárido. Na ocasião, Pedro Leitão, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), apresentou o Projeto Rural Sustentável Caatinga.

O objetivo é combater as mudanças climáticas e a pobreza rural com a utilização de tecnologias agropecuárias de baixa utilização de carbono em 38 municípios prioritários, em Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Sergipe.

O projeto será realizado em três fases. A primeira é de produção de conhecimento, de estudos sobre a Caatinga, seis ao todo. A segunda de fortalecimento da Assistência Técnica e apoio às cadeias produtivas. E a terceira, criação de um fundo financeiro para ampliar e dar continuidade ao projeto e disseminar boas práticas.

Iniciado há pouco mais de um mês, ele será desenvolvido em três anos e conta com US$ 5 milhões financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Governo Inglês.

Em junho, o Projeto Rural Sustentável apresentou os resultados da Fase I, que teve como objetivo melhorar a gestão da terra e das florestas por pequenos e médios agricultores nos biomas Amazônia e Mata Atlântica, ao mesmo tempo em que lançou a segunda fase, com os dois novos biomas de atuação: Cerrado e Caatinga.

O objetivo é incentivar o desenvolvimento rural sustentável e a conservação da biodiversidade, por meio da implementação de tecnologias de baixa emissão de carbono. Os resultados contribuem para o cumprimento dos objetivos do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), com o fomento da implantação dessas tecnologias produtivas em propriedades rurais.

O Rural Sustentável é uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o governo britânico, o BID, tendo como implementador o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), com o apoio técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Banco do Brasil.

Entre as metas alcançadas, o Projeto promoveu o treinamento de quase 3 mil agentes de assistência técnica, a capacitação de cerca de 25 mil produtores rurais, a realização de mais de 1 mil dias de campo, além do apoio direto para mais de 46 mil hectares de implementação de tecnologias de agricultura de baixa emissão de carbono e conservação florestal.

Seminário Internacional de Convivência com o Semiárido

O projeto foi apresentado durante o 6º Seminário Internacional de Convivência com o Semiárido, realizado nos dias 28 e 29 de novembro passados. Na sequência, de 30/11 a 13/12, foi realizado o 5º Curso Internacional de Convivência com o Semiárido. Esses eventos, realizados anualmente, têm como objetivo principal a formação de pessoas mais preparadas para atuação em prol da convivência com o Semiárido brasileiro.

Essa preparação se dá por meio de:

  • Aperfeiçoamento de conhecimentos e competências relativas à convivência com regiões semiáridas
  • Promoção da troca de experiências e de conhecimentos entre atores da região e de outras regiões semelhantes em outros países e continentes
  • Discussão sobre novas formas de interação com a sociedade local e novos olhares, mais integrados, para a população residente e sua relação com o ambiente

O Semiárido abrange uma área de 912 mil Km², onde vivem cerca de 22 milhões de pessoas, que representam 46% da população nordestina e 13% da brasileira. O conceito de Desenvolvimento Sustentável enfatiza a importância de promover o desenvolvimento econômico ao corresponder um ideal comum de proteção ambiental e consciência ecológica que visam a produção e consumo racionais e condizentes com padrões seguros de mínimo existencial.

Como promover o Desenvolvimento do Semiárido e desenvolver práticas ambientalmente corretas, atreladas a ações coerentes com a sustentabilidade ecológico-social? A ideia central do Seminário foi criar um espaço de diálogo entre moradores da região e acadêmicos para que esses temas se tornem congruentes em práticas possíveis para construção de propostas de implementação sustentável em seus cotidianos.

Para além disso, é necessário se atentar também em fornecer subsídios mínimos à população que vive nestas regiões. O Seminário extrapola os atores acadêmicos e buscam além de práticas sustentáveis, buscando também o desenvolvimento local, dentre outros aspectos.

O Comitê Gestor do Centro Xingó oferece anualmente o Seminário e o Curso em parceria com outras instituições como a Universidade Federal do Cariri (UFCA), o Centro de Inovação para o Desenvolvimento Humano da Universidade de Madri (itdUPM) e o Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS-UnB).

A ideia é que essas atividades contribuam para a formação de recursos humanos qualificados com o intuito de alavancar o desenvolvimento do Semiárido brasileiro, inserindo-o em um contexto mundial de áreas suscetíveis às mudanças climáticas e à desertificação, e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

A oferta de educação superior de qualidade, mais flexível e personalizada, encontra limitações nos modelos tradicionais, fazendo com que essa proposta se transforme em uma alternativa viável e com alto potencial de ampliar o aprendizado de todos os envolvidos, como multiplicadores de conhecimento.

Centro Xingó

O Centro Xingó de Convivência com o Semiárido é um espaço de formação, pesquisa e troca de conhecimentos, localizado em Piranhas (AL) | Foto: Maristela Crispim

O Centro Xingó de Convivência com o Semiárido é um espaço de formação, pesquisa e troca de conhecimentos, localizado em Piranhas (AL), e conta com cerca de 70 ha de área, incluindo um centro de formação, unidades produtivas modelo e tecnologias sociais demonstrativas.

Ele objetiva a geração, difusão e troca de conhecimentos, práticas e experiências sustentáveis, de baixa complexidade e alta replicabilidade, para promoção de convivência harmônica e solidária com o Semiárido Brasileiro e com outras regiões semelhantes no exterior, visando a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais.

O Centro Xingó é administrado por um Comitê Gestor, composto pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri); Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf); Fundo de Cooperação para Água e Saneamento (FCAS), por meio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid); Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA); e IABS.

Mais informações

www.ruralsustentavel.org
iabs.org.br

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