Salgueiro / Cabrobó (PE). Com objetivo de efetivar a Unidade de Conservação (UC) Refúgio da Vida Silvestre (RVS) Serras Caatingueiras, estão sendo realizadas mobilizações para uma gestão compartilhada entre o Governo do Estado de Pernambuco e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Localizada entre os municípios de Salgueiro e Cabrobó, a área de proteção integral completou um ano neste último mês de junho. A proposta de criação da UC foi indicada pelo Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) e o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) da Univasf.
Com cerca de 21,6 mil hectares, a UC Serras Caatingueiras é a segunda maior unidade de proteção integral estadual de Pernambuco. Toda a área mapeada, que engloba as Serras do Livramento, Monte Santo, Letras e Bananeira, abriga importantes espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção. Ainda é possível encontrar a presença da espécie vegetal Pleurophora pulchra da família Lythraceae e a borboleta Melanis caatingensis, duas novas descobertas recentes para a ciência realizadas pelos pesquisadores do Nema e Cemafauna junto a outras instituições.
Para efetivar a UC de maneira que seja realizada a conservação da biodiversidade com melhorias na qualidade de vida da comunidade local, estão sendo executadas articulações para um sistema de cogestão. “A Univasf, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas-PE) estão se mobilizando para a realização da gestão compartilhada da UC, conforme a base legal”, afirma o gerente da Unidade de Gestão das Unidades de Conservação da CPRH, Gleydson Castelo Branco.
De acordo com o coordenador do Nema, professor Renato Garcia Rodrigues, a gestão compartilhada, quando agrega interesses públicos e o objetivo de conservar a biodiversidade, tem grandes chances de obter sucesso, uma vez que diferentes conhecimentos podem atuar juntos no mesmo objetivo. “A vasta experiência que o Governo do Estado de Pernambuco possui na gestão de suas áreas e nas diversas formas de efetivar as UCs pode se aliar à experiência e a presença que a Univasf possui na região, por possuir um campus na cidade de Salgueiro e pelos 12 anos em que executamos projetos e pesquisas na área da unidade”, explica.
No último levantamento realizado pelo Nema, foram registradas 422 espécies vegetais, sendo 231 espécies herbáceas e 35 espécies endêmicas (exclusivas) da Caatinga, como ipê-cascudo (Handroanthus spongiosus), que faz parte da lista de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Com relação à fauna, pesquisadores do Cemafauna registraram um total de 326 espécies na região, destas espécies seis são mamíferos ameaçados de extinção.
“Para a Univasf a possibilidade de gestão da RVS Serras Caatingueiras abre um gigantesco leque de ações que podem ser executadas na região, trazendo benefícios à população e aos nossos alunos, pensando sempre na conservação da biodiversidade aliada à manutenção dos costumes e da cultura da população sertaneja que habita a região”, ressalta o coordenador do Nema, professor Renato Garcia.
Origem da RVS Serras Caatingueiras
A indicação é fruto dos resultados do licenciamento ambiental das obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf), por meio do Plano Básico Ambiental 23 executado pelo Nema e Cemafauna, juntamente ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
A articulação iniciou em 2011 em parceria com a Semas-PE, a CPRH-PE e as prefeituras de Salgueiro e Cabrobó. O decreto de criação foi assinado pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, em 5 de junho de 2019, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.