Por Adriana Pimentel
Colaboradora

Fortaleza – CE. Feijão verde, Goma fresca, maxixe, ovos caipiras, mamão, sapoti e uma infinidade de outros alimentos frescos e saudáveis vindos da agricultura familiar e que, com a “nova normalidade”, podem chegar à sua mesa por um pedido virtual. Em tempos de pandemia do novo coronavírus, com as feiras livres proibidas por medida de segurança sanitária para evitar a proliferação da Covid-19, a busca por alternativas tem sido desafiadora para os agricultores e agricultoras familiares que no Ceará contabilizam cerca de 351 mil trabalhadores segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Vitor Vasconcelos, agricultor e membro da Cooperativa Caroá, de hortifruti agroecológico, formada e gerida por jovens do Semiárido cearense, celebra “Teve um aumento significativo nas vendas, e foi mesmo excelente para nós, produtores, porque foi uma demanda bem superior ao que fornecíamos na feira livre. Tivemos até que conseguir novas pessoas para trabalhar conosco, novos cooperados, novas produções, e temos aumentando o nosso leque de opções” que podem ser encontrados e pedidos pela lista virtual.

Uma dinâmica à qual a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) também teve que se adaptar e entender que o confinamento acelerou o comércio virtual, mesmo nos lugares mais distantes do Estado. Dessa demanda nasceu o Portal da Agricultura Familiar, com o objetivo, entre outros, de anunciar a oferta de produtos de todas as regiões do Estado.

Segundo a SDA, o projeto teve início com mais de 14 mil cadastros de produtores, associações e cooperativas e logo abriu o cadastro para que os agricultores pudessem ingressar no portal ou atualizar a disponibilidade dos produtos. “O portal consiste numa ferramenta capaz de fortalecer a agricultura familiar, diminuir as vulnerabilidades e criar perspectiva de renda, mesmo neste período de pandemia. O Portal da Agricultura Familiar está disponível no Ceará App e cremos que o aplicativo pode representar mais um salto nessa interação entre produtores e consumidores” afirma o secretário De Assis Diniz. Outra vitrine da produção agrícola e do cooperativismo foram o site e as redes sociais da SDA, que passaram a divulgar semanalmente atividades voltadas ao comércio virtual.

Articulação de Feiras virtuais

Com 39 anos de atuação, na luta coletiva pelos direitos e melhoria da qualidade de vida de agricultores e agricultoras familiares, o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra) participa de forma atuante na intercomunicação entre campo e cidade. Cristina Nascimento, sua coordenadora institucional, destaca que o Cetra tem assumido esse papel de mediar esse diálogo dos agricultores/as com os consumidores, apresentando os produtos e recebendo as demandas e repassando para os agricultores/as.

“Quinzenalmente, em alguns casos mensalmente, a feira tem acontecido de forma virtual e tem sido um desafio porquê é uma outra lógica, mas, também tem sido bacana, porque vem despertando outras pessoas que não conseguiam ir à feira por motivos diversos. Tem sido uma estratégia importante, primeiro, de manter viva a ideia da comercialização da produção agroecológica de forma solidária. Essa é a grande lógica das feiras agroecológicas. Quem não gosta de pegar um alimento e saber que ele não tem veneno, não tem por trás o trabalho infantil, o trabalho escravo, e sim a dignidade, o suor, o trabalho de homens e mulheres que vivem no campo?”, destaca.

No Maciço do Baturité a Rede de Produtores Agroecológicos, que é formada por pequenos produtores da agricultura familiar, também se une à comercialização virtual e oferece suas produções a cada 15 dias. Pelo site Do Chão Maçico, o contato é direto com mais de 120 agricultores da Região que trabalham com manejo sustentável que preserva as florestas e tudo que dela depende, valoriza a culinária de tradição e ainda move a economia de uma forma justa, com estímulo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE).

Ainda há dificuldades

Franci de Oliveira, coordenadora regional do Cariri na Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), que trabalha com os 27 sindicatos do sul do Ceará, ressalta que seria muito bom que as vendas on-line também contemplassem a região.

“De momento, não estamos acompanhando nenhum agricultor na venda virtual, aqui do Cariri. O que a gente tem é o agricultor que vende diretamente para pequenos supermercados e pontos da cidade, os que vendem para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e os que estão também vendendo para a Ceasa (Centrais de Abastecimento do Ceará S/A). Eles estão entregando a produção. Mas os que dependiam só da feira livre deixaram de vender, não têm onde vender”, lamenta.

Estocar não é a opção

A agricultora Irandéia Fernandes, delegada de base do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Distrito de Canindezinho Várzea Alegre, produz pães e bolos artesanais. “Não podemos estocar, diferente do artesanato, da produção de grãos, arroz, milho, feijão, que podem ser guardados e vendidos mais na frente. O coentro, o pimentão, o mamão, a acerola, a goiaba, a banana que a gente produz são de validade curta. Desejamos que essa Pandemia passe logo porque está afetando a renda familiar e gera muita dificuldade. O Governo Federal não tem facilitado a vida do segurado especial, a gente não pode solicitar o seguro emergencial e está tentando se virar como dá. Pedimos a Deus para restaurar a saúde das pessoas e que a vida possa voltar ao normal”, pondera a agricultora.

Serviço

Feira Caroá
Lista virtual: https://kyte.site/feira-caroa-organico
Instagram: @feiracaroa
Whatsapp: (85) 9 9997-8674
Cetra
Facebook / Instagram / Twitter: @cetraceara
Do chão Maciço
Site: https://dochaomacico.webnode.com
Whatsapp: (85) 9 9183-4490
Portal da Agricultura Familiar
Site: https://servicos.sda.ce.gov.br/portal/#/login
Google Store: Ceará App

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