Além de impedir a saída de madeira nativa da Unidade de Conservação, a ação visa dar visibilidade para a situação e clamar por fiscalização e apoio das autoridades e da sociedade

Porto Seguro – BA. No último dia 7, o Conselho de Caciques das aldeias do Monte Pascoal tomou uma medida emergencial. Fechou a porta da guarita principal do Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, na Bahia, e foi montada uma vigília, em revezamento, para impedir a saída de madeira nativa daquela Unidade de Conservação (UC).

A decisão foi tomada devido à falta de fiscalização e ao conflito de uso dos recursos naturais da UC, que é de Proteção Integral, principalmente contra a extração ilegal de madeira nativa. Após esta mobilização, organizações da sociedade civil contribuirão para a Vigília do Monte, prevista para próximos dias 21 e 22 de fevereiro, na Aldeia Pé do Monte.

A medida emergencial dos indígenas tem como objetivo, além de tentar interromper essa ação criminosa, dar visibilidade para a sua situação e clamar por fiscalização e apoio das autoridades e da sociedade.

Para quem quiser apoiar, uma conta bancária da Cooperativa de Trabalho de Florestamento e Reflorestamento da Aldeia Pataxó Boca da Mata (Cooplange) é: Banco do Brasil, agência 4493-8, conta 11.008-6, CNPJ 17.731.516/0001-09. O recurso será usado na mobilização.

Em entrevista ao portal ((o)) eco, o cacique Braga, da etnia Pataxó que habita a região, afirmou que o parque não está fechado para visitantes, moradores ou órgãos de gestão e fiscalização do parque, nem Polícia Federal.

Primeiro avistamento

Localizado no extremo sul da Bahia, em Porto Seguro, o Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal foi criado em 1961 e possui mais de 22 mil hectares. Este foi justamente o local avistado pelos navegadores portugueses no descobrimento do Brasil, daí a sua importância histórica.

Além disso, a área protege uma das regiões com a maior biodiversidade do planeta: a Mata Atlântica. Entre essas áreas estão a Praia da Aldeia de Barra Velha, áreas de restinga e manguezais, as praias pluviais dos rios Caraíva e Corumbau e os Campos de Mussununga, único do extremo sul da Bahia.

Ao longo das últimas décadas, a Mata Atlântica da região vem sofrendo com a exploração de sua área. O Estado tem figurado entre os que mais desmatam e o sul da Bahia é uma das regiões críticas, segundo dados do Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica/ Inpe).

No último período analisado (2017-2018), foram 1.985 hectares de Mata Atlântica. Entre os anos de 2015 e 2016, a região foi destacada justamente por conta de uma supressão de 632 hectares de floresta dentro do Parque.

“A Bahia teve uma melhoria na sua posição no ranking, saindo de primeira colocada, em 2015, para a quarta, em 2018, mas o Estado ainda está com altos índices, entre os maiores desmatadores. Em Porto Seguro, de 2015 a 2018, foram identificados 1.068 hectares de desflorestamento, sendo 632 dentro do Parque Nacional de Monte Pascoal no período de 2015-2016, o que é inaceitável“, afirma Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.

Com informações da Fundação SOS Mata Atlântica

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