A usina solar flutuante em Sobradinho é o maior projeto de Pesquisa & Desenvolvimento desta tecnologia instalado em reservatório de hidrelétrica do Brasil | Foto: Saulo Cruz / EBC

Sobradinho – BA. O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e o Ministério de Minas e Energia (MME) vão estruturar o leilão de geração de energia renovável visando tornar sustentável a operação e manutenção do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf). O objetivo é elevar o potencial energético resultante da infraestrutura do empreendimento – estimado em 3,5 gigawatts (GW) – e garantir recursos para o bombeamento das águas nos eixos Norte e Leste, com custo de aproximadamente R$ 300 milhões por ano.

A proposta foi anunciada nesta segunda-feira (5), durante a inauguração da primeira etapa da Usina Solar Flutuante no Reservatório de Sobradinho, na Bahia, também foi assinado Decreto que coloca o Projeto São Francisco no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil da Presidência da República.

O ministro Gustavo Canuto, do MDR, destacou que a iniciativa é inédita, por apresentar a integração de leilões de geração em infraestrutura social para o Desenvolvimento Regional. A previsão é que o certame ocorra no terceiro trimestre de 2020 e possam ser gerados investimentos da ordem de R$ 15 bilhões.

“Hoje a obra foi qualificada como prioridade do Programa de Parcerias de Investimentos. Este é mais um ato de esforço do Governo faz para a conclusão das obras e, também, operação sustentável do sistema. Objetivo é viabilizar um custo menor da água que chegará aos estados e à população do Nordeste”, destacou.

O Projeto São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica do Governo Federal. Com 477 Km de extensão em dois eixos de canais, Norte e Leste, o empreendimento visa garantir a oferta de água com regularidade a 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Ampliação do potencial

Além da possibilidade de reduzir a evaporação de água em reservatórios e canais ao longo do projeto, análises técnicas também apontam que, nos dois casos – placas solares flutuantes e placas terrestres de geração de energia solar –, não há necessidade de desapropriação de terras. Os estudos indicam que esse modelo pode beneficiar outras regiões no uso de reservatórios já existentes e ampliar a capacidade potencial de geração de energia do País, hoje de 166 GW, somadas todas as fontes de geração.

A usina solar flutuante em Sobradinho é o maior projeto de Pesquisa & Desenvolvimento desta tecnologia instalado em reservatório de hidrelétrica do Brasil. Deverá servir de modelo-base para estruturar a iniciativa similar ao longo dos canais e estruturas do Projeto São Francisco. O piloto do reservatório da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) utiliza tecnologias desenvolvidas pelo Centro de Referência em Energia Solar de Petrolina (Cresp).

O evento deste dia 5 marcou a energização da Usina Solar Flutuante, que tem uma potência de geração de 1MWp (Mega Watt pico) e está interligada à Usina. A segunda etapa do projeto contemplará uma nova Usina Solar Flutuante, também no Reservatório de Sobradinho, e ao término da conclusão da segunda etapa, a capacidade instalada será de 2,5MWp. O valor do investimento nessas duas plantas solares totaliza a R$ 56 milhões.

Este é primeiro estudo sobre a instalação de usina solar flutuante em lagos de hidrelétricas, aproveitando a área sobre a lâmina d’água dos reservatórios. Esse tipo de usina permite aproveitar as mesmas subestações e linhas de transmissão que escoam a energia produzida pela hidrelétrica. Projetos similares já foram iniciados em outros países, mas não em reservatórios de hidrelétricas.

Informações técnicas

  • O objetivo é comparar a eficiência de projetos solares implantados em terra e em água e promovendo avanços na geração em energia solar.
  • O Nordeste apresenta altos índices solarimétricos e por isso é considerada área com grande potencial para aproveitamento de geração solar.
  • O atual projeto instalado no Reservatório de Sobradinho, com 1 MWp, tem 3.792 módulos de placas solares; área total de 11 mil m²; é fixado ao fundo do lago por cabos, com material próprio para suportar o peso das placas e dos trabalhadores que atuam na construção e manutenção.
  • O projeto de pesquisa analisará o grau de eficiência da interação de uma usina solar em conjunto com a operação de usinas hidrelétricas.
  • A pesquisa focará fatores como a radiação solar incidente no local; produção e transporte de energia; instalação e fixação no fundo dos reservatórios; a complementariedade da energia gerada; e o escoamento desta energia
  • Os resultados dos projetos permitirão avaliar a eficácia da produção média de energia solar nesses locais.
  • Os estudos ambientais também serão contemplados na pesquisa, focando o efeito da planta fotovoltaica sobre a água do rio, além dos impactos na biota aquática.
  • A Chesf prevê, também, a instalação de 1,25MWp de fotovoltaica flutuante no reservatório da Usina de Boa Esperança, no Piauí, a ser instalada em 2020.

Fontes: MDR e Chesf

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