A pele de tilápia funciona como um curativo biológico, auxiliando na cicatrização de pacientes com queimaduras de diferentes níveis | Foto: Viktor Braga / UFC

O coordenador do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Odorico de Moraes, integrou equipe que esteve, nessa quinta-feira (9), no Palácio do Planalto, em Brasília, para apresentar resultados dos estudos com pele de tilápia e suas aplicações na área da saúde.

Conforme o professor Odorico, houve um compromisso do Governo Federal de que, tão logo a pele seja registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma comissão analisará a viabilidade de esse material biológico ser utilizado para o tratamento de queimaduras em todo o Sistema Único de Saúde (SUS). A ideia é expandir o tratamento, que já é realizado de forma experimental no Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pernambuco, para todo o Brasil.

Ainda segundo o professor Odorico, já há contatos com empresas que têm manifestado interesse em industrializar a pele de tilápia. Atualmente, o banco de pele animal do NPDM tem capacidade de produzir cerca de mil peles a cada 48 horas.

A pele de tilápia funciona como um curativo biológico, auxiliando na cicatrização de pacientes com queimaduras de diferentes níveis. Além disso, uma atadura feita com o material pode diminuir a dor, evitar a perda de líquidos dos tecidos, prevenir contaminações e trazer maior comodidade ao evitar a troca constante de curativos.

A reunião em Brasília para tratar do assunto também contou com a presença do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta; do presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), Edmar Maciel, que fez a apresentação dos estudos para o presidente; do médico e pesquisador paraibano Marcelo Borges, que desenvolveu os primeiros projetos sobre o uso da pele de tilápia; do secretário nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif; e do secretário nacional do Ecoturismo, Gilson Machado.

Ampla pesquisa na UFC

A pele de tilápia é objeto de ampla pesquisa na UFC. Os estudos são coordenados pelo professor Odorico de Moraes e pelo médico Edmar Maciel. Além da eficácia no tratamento de queimados, a pele de tilápia também tem sido aplicada com êxito em cirurgias ginecológicas. Recentemente, em procedimento inédito no mundo, foi usada na reconstrução vaginal após a redesignação sexual de uma paciente trans. Leia matéria completa na Agência UFC.

“A pele de tilápia tem um potencial enorme em vários campos da medicina. Hoje estamos estudando 18 empregos diferentes da pele de tilápia”, explica o professor Odorico. Atualmente, há estudos sobre o uso do material em seis países, com 43 projetos de pesquisa em andamento.

Experimento no Espaço

Amostras de pele de tilápia serão enviadas ao espaço para a realização de testes. Trata-se de uma ação no âmbito do projeto Cubes in Space (Cubos no Espaço), iniciativa da agência espacial norte-americana, a Nasa, em parceria com outras instituições de pesquisa e educação.

O objetivo é analisar como a pele de tilápia se comporta em condições diferentes de pressão atmosférica, radiação e gravidade. “Eles vão levar a pele de tilápia para colocar na estratosfera e, após essa exposição, vamos comparar para verificar se houve alguma alteração na estrutura, se as propriedades da pele se mantêm ou são alteradas”, informa o professor Odorico.

Espera-se que esses testes forneçam informações importantes para futuras aplicações; como, por exemplo, em próteses internas no corpo humano; e sobre como o material reage às variações do ambiente externo.

A ideia de enviar o material ao espaço partiu de astrônomos do Rio de Janeiro, que participam do Cubes in Space. Iniciado em 2013, o projeto já enviou ao espaço cerca de 700 experimentos de estudantes de mais de 60 países. Os materiais testados viajam em pequenas caixas de quatro centímetros cúbicos (4x4x4cm).

Fonte: Agência UFC

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