Livro reúne tecnologias de baixo carbono e adaptação para agricultura no Semiárido

Mulher negra tira água de cisterna. Ela usa o cabelo preso, bermuda jeans e uma blusa preta com listras brancas, sob um céu azul

As tecnologias para estocar água estão entre as medidas de adaptação relacionadas pela publicação | Foto: Adriana Pimentel

Por Alice Sales
Colaboradora

Petrolina (PE). O livro Agricultura de Baixa Emissão de Carbono em Regiões Semiáridas – Experiência Brasileira, que traz em 16 capítulos um amplo conteúdo sobre as contribuições da pesquisa para o desenvolvimento de agroecossistemas sustentáveis acaba de ser lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Semiárido. A publicação conta com 45 autores, entre cientistas da Embrapa e de instituições parceiras, e está disponível para download gratuito.

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A obra aborda os fatores naturais e históricos dentro do contexto do Semiárido brasileiro. Leva em consideração o desenvolvimento de uma agricultura de baixo de carbono. Além disso, apresenta diversas tecnologias e práticas que ajudam na redução da emissão de gases do efeito estufa, assim como as medidas de adaptação que já estão sendo executadas na região.  A publicação tem como editoras técnicas as pesquisadoras da Embrapa Francislene Angelotti e Vanderlise Giongo.

As tecnologias apresentadas na obra são, em geral, simples e replicáveis, dentre elas destaca-se a seleção de espécies de plantas tolerantes aos estresses bióticos e abióticos, uso de condicionadores de solo com múltiplas funções, adoção de sistemas de plantio direto, uso de adubos verdes, tecnologias para estocar água e melhorar sua eficiência e produtividade, a incorporação de fontes energéticas renováveis, experiências de integração lavoura-pecuária-floresta e desenhos de agroecossistemas multifuncionais.

A pesquisadora da Embrapa e editora da obra, Francislene Angelotti , explica que a mudança no uso da terra altera os ciclos de carbono e de outros elementos em escala global com significativas consequências ambientais. Com isso, faz-se necessário reduzir drasticamente as emissões antropogênicas (feitas pelo ser humano) de carbono, sendo o solo um importante local para o estoque deste elemento. Assim, as práticas de manejo e conservação do solo, com métodos adequados de preparo, que evita as queimadas, a compactação e a erosão são medidas importantes para reduzir as perdas de carbono no solo e aumentar o sequestro deste elemento.

“A recuperação dos pastos degradados, por exemplo, além de melhorar a eficiência produtiva atua como importante medida mitigadora da emissão de CO2. Além disso, melhora a qualidade do alimento fornecido para os animais contribuindo na redução da emissão de metano”, acrescenta.

Além disso, a pesquisadora alerta para o fato de que os sistemas produtivos agropecuários do Semiárido brasileiro poderão ser afetados pelas alterações climáticas, com impactos na disponibilidade de alimentos e água. Assim, a adoção de uma agricultura de baixa emissão de carbono pode contribuir para a produção sustentável com potencial de mitigação das emissões de GEE e combate ao aquecimento global.

Maria Auxiliadora Coêlho, chefe-geral da Embrapa Semiárido, ressalta o compromisso da Embrapa em torno da temática. “O Semiárido brasileiro é uma região que já vem sofrendo com os impactos negativos das mudanças climáticas sobre os seus recursos naturais e sistemas agropecuários. Frente a esses desafios, a pesquisa tem tido um papel importante em promover ações para a sustentabilidade da agropecuária regional, a segurança alimentar, a preservação dos recursos naturais e o controle das emissões dos gases do efeito estufa”.

A necessidade de formulação de políticas públicas para incentivar a adoção das tecnologias também foi destacada por Auxiliadora. “O livro faz análises e traz elementos que podem subsidiar a proposição de políticas públicas na perspectiva de aumentar a resiliência dos sistemas produtivos regionais e a capacidade adaptativa da sociedade, além de  propor novas oportunidades econômicas”, finaliza a gestora.

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