No ano do novo anormal, a Eco Nordeste se reinventou

Nos despedimos de 2024 com a sensação do dever cumprido e a esperança de que 2025 seja um ano melhor para todos nós.

A imagem mostra uma cena natural serena com um rio fluindo por uma paisagem tropical exuberante. O rio é cercado por vegetação densa, incluindo vários tipos de palmeiras e outras plantas verdes. A água parece ser clara, com ondulações visíveis e algumas áreas com algas ou plantas aquáticas. O céu acima está parcialmente nublado, com uma mistura de nuvens escuras e claras, sugerindo um padrão climático dinâmico.
Rio do Aquífero Urucuia, localizado no Oeste da Bahia, região do Matopiba | Foto: Eduardo Cunha

O ano de 2024 ficará marcado como aquele em que a Crise Climática se manifestou da forma mais dolorosa para quem habita este Planeta. O Observatório do Clima destaca que o ano que se encerra entrará para a história como o primeiro no qual o aquecimento global de 1,5ºC, limite do Acordo de Paris, foi ultrapassado em seus 12 meses.

No Brasil, enchentes devastaram o Rio Grande do Sul entre o fim de abril e a primeira semana de maio; secas e queimadas assolaram os úmidos Pantanal e Amazônia de uma forma inimaginável. E, para encerrar o ano, tivemos três COPs. As de Biodiversidade (16ª) e de Clima (29ª), sem os avanços necessários para enfrentar os desafios que já não são mais projeções e sim realidade.

As esperanças foram transferidas para novembro de 2025, em Belém, plena Amazônia Brasileira. Governos, empresas, ONGs se preparam para a realização de uma COP climática que se espera ser divisora de águas para nós, seres humanos. Sim. Nós estamos ameaçados de extinção em massa e ainda não percebemos isso. O Planeta já provou que sobrevive a esses fenômenos cíclicos, normalmente naturais. Este, provocado por nós, depende de nós para ser pelo menos atrasado.

Já a COP16 de combate à desertificação, realizada em Riad, na Arábia Saudita, terminou sem um acordo entre os negociadores. O secretário executivo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), que reúne 196 países, Ibrahim Thiaw, disse que as partes precisam de mais tempo para chegar a um acordo sobre o melhor caminho a seguir. A preparação das bases para um futuro regime global de seca ficou para a COP17, na Mongólia, em 2026.

Não é do nosso feitio. Mas às vezes não tem jeito. Não gostaríamos de trazer esse tipo de notícia. Mas precisamos dizer que, neste apagar das luzes de 2024, o governador do Ceará defendeu uso de drones gigantes para aplicação de produtos químicos em áreas produtivas, prática proibida no Ceará desde 2019. E também que 25 vereadores de Fortaleza votaram pela redução drástica das poucas áreas verdes que restam na Cidade. Uma tristeza para o Ceará e para Fortaleza.

Projetos e site

Aqui pela Eco Nordeste, tivemos um ano intenso. Concluímos a versão piloto do nosso Projeto Nordestinidades com uma série de dez podcasts, apoiado pelo International Center for Journalists (ICFJ) e Meta, sobre o jeito de falar dos nordestinos que nada tem a ver com o que normalmente vemos em novelas e filmes, a não ser aqueles feitos por nordestinos mesmo.

Mas este foi o ano de dar visibilidade às pautas do Matopiba, aquela fronteira agrícola criada pelo governo nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Uma região de transição entre a Caatinga e a Amazônia, entre o Nordeste e o Norte, riquíssima em água, biodiversidade e saberes ancestrais, mas que tem visto tudo isso ameaçado pelo avanço do agronegócio de forma agressiva e sem considerar aquilo que precisa ser preservado para a sua própria sobrevivência.

O Projeto ma.to.pi.ba., apoiado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) permeou o nosso ano com muitas oportunidades, desafios e aprendizado. Fortaleceu a nossa equipe, a nossa gestão e nos permitiu a construção de um novo site com tudo aquilo que precisávamos para o nosso novo momento.

Desde 2022 nos tornamos uma Organização Não Governamental (ONG), o Instituto Eco Nordeste, com muito mais desafios e obrigações do que uma empresa. Temos o propósito de atuar como jornalistas que buscam fazer a diferença em nossa área de atuação. Fazemos Jornalismo de Soluções para que o Nordeste tenha um desenvolvimento sustentável, justo e inclusivo; e também para desconstruir estereótipos, não apenas sobre o nosso jeito de ser e viver, mas sobre a nossa diversidade. Caatinga não é só mato seco, chão rachado e cacto. É muito mais. E ainda temos outros biomas que interagem na nossa região. Há muito a mostrar, valorizar e proteger.

E é com este intuito que seguimos o nosso trabalho. 2025 promete muito mais conteúdo sobre o Nordeste, sua biodiversidade, clima, resiliência e potencialidades. E a equipe da Eco Nordeste está pronta para trazer para a sua audiência muito mais. Nos aguardem!

Ah! Bom lembrar: estamos de recesso entre 21 de dezembro de 2024 e 5 de janeiro de 2025.

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