Moradores e ambientalistas lamentaram a perda de um frondoso oiti | Foto: Gentil Barreira

Poucos dias após denunciarem o corte de 70 árvores num trecho da Avenida Santos Dumont para a implantação do binário com a Avenida Dom Luís, os integrantes do Movimento Pró-Árvore foram surpreendidos com a a supressão de árvores nas obras de requalificação da Avenida Beira-Mar.

A professora universitária e integrante do Movimento, Bilica Leo, conta que foi informada, mais uma vez, por meio da imprensa local, que 114 árvores estão sendo cortadas para as novas obras de urbanização.

“Eu fiz as contas: de 2014 para cá, com a implantação do Binário das avenidas Dom Luís – Santos Dumont; requalificação da Avenida Aguanambi e da Beira-Mar, 426 árvores foram derrubadas”, afirmou.

Segundo a ambientalista, além de essas obras privilegiarem o transporte motorizado em detrimento dos pedestres, não há abertura para diálogo com o Movimento, que quer acompanhar de perto o processo.

“Nós estamos abertos a dialogar, temos especialistas. Além de questionarmos a necessidade de retirar tantas árvores, queremos acompanhar possíveis transplantes e os plantios de compensação. Eles dizem que vão plantar dez para cada árvore retirada, mas de que espécies, onde, quando, como será o acompanhamento até vingarem?”, questiona.

“Nós reconhecemos que a Prefeitura tem avançado em diversos aspectos, mas ainda falta esse diálogo. E tem mais: não é abrindo via que se resolve o fluxo. Quando mais via tem, mais carro teremos. Qualquer urbanista sabe disso”, completa.

Requalificação da Beira-Mar

As obras incluem uma série de intervenções na área | Foto: Gentil Barreira

A Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) deu início em agosto de 2018 às obras da nova Avenida Beira-Mar. A requalificação viária da Avenida foi dividida por trechos. Na primeira etapa entre a Travessa Bauxita e o Mercado dos Peixes, no Mucuripe.

Na região, estão sendo realizados os serviços de demolição do asfalto, drenagem, infraestrutura para internalização da fiação, além da construção de calçadas e do pavimento da via, que será substituído por piso intertravado.

As obras da nova Avenida Beira-Mar preveem uma série de melhorias urbanísticas e de mobilidade ao longo da via, bem como a construção de um novo calçadão em toda a extensão da orla, compreendida no trecho entre a Praia do Meireles e a Enseada do Mucuripe.

As intervenções incluem a urbanização completa do trecho entre a Av. Rui Barbosa e a Rua Tereza Hinko, dando continuidade às obras de requalificação já realizadas desde o novo Mercado dos Peixes, no Mucuripe, até o calçadão na Estátua de Iracema, às margens do Riacho Maceió.

Com um total de 66.704,38 m² de área totalmente acessível, o projeto compreende a requalificação da Avenida, a construção de um novo calçadão com três pavilhões multiusos, dotados de quiosques de alimentação e bebidas, todos padronizados, e a urbanização dos espigões das Avenidas Desembargador Moreira e Rui Barbosa.

A Prefeitura promete nova iluminação, com fiação embutida, espaços para convivência com caramanchões, academias, banheiros, parque infantil, quadras de vôlei de praia, pista de skate, anfiteatro, pista de hockey, ciclovia, pista de cooper com 2,6 Km de extensão, além de um posto da Casa do Turista e prédio administrativo.

As obras estão orçadas em aproximadamente R$ 40 milhões com recursos provenientes do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e devem durar cerca de 24 meses.

2 Comentários
  1. Essa promessa de que a cada arvore derrubada serão plantada 10 novas é para inglês ver, pois uma arvore até chegar ao tamanho da que foi retirada leva uns 30 anos, isso mesmo, nossa geração não será contemplada com essas árvores, sem falar dos investimento altos que a prefeitura deverá realizar para manter essas novas árvores. Essa “requalificação” á uma obra faraônica e que na verdade vai desqualificar a Beira Mar, pois por muitos anos iremos ter um calçadão mais quente pela falta das árvores que foram retiradas. Essa obra tem que parar agora mesmo e o projeto deverá ser reformulado, pois esse projeto foi feito de maneira insustentável. O calçadão antigo da Beira Mar era o mais harmonioso do brasil para nossas caminhadas que tinham muitos trechos a sombra, hoje já vemos o desconforto na área já reformulada do calçadão por conta do sol. Outra situação é a desqualificação do litoral oeste do Ceará por conta dos impactos que o aterro vai proporcionar, uma tragédia anunciada, pois Iparana, Icacaí, Pacheco, Tabuba , Combuco serão riscada do mapa por conta do avanço do mar que vai piorar significante.
    Sérgio Ricardo
    GEÓLOGO
    Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

  2. Meus Deus que intervenção mais calhorda esta . Rebentaram com a alma da nossa Beira Mar. Passou a um deserto sem oásis de dia e à noite com uma iluminação de um gigante estádio de futebol. Sério, sou português não moro em Fortaleza mas sinto essa cidade como se minha fosse, amo Fortaleza!
    Sou arquiteto tenho muito trabalho em projetos de espaço publico e meus amigos, há outras formas de se fazer uma reabilitação e a norma BÀSICA é RESPEITAR A MEMÓRIA DO LOCAL NAQUILO QUE TEM DE MELHOR.
    Um dos cartões de visita da cidade.! não dá para acreditar. tenho certeza absoluta que, não sendo Fortalezense eu faria um estudo de requalificação para a beira mar com muito mais sensibilidade urbanística, cultural e mantendo o conforto que só as arvores com décadas de vida podem prover.
    Estou desiludido, Fortaleza não merecia.
    Manuel Ayres

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