A sangria do quarto maior reservatório, o Araras, foi recebida com grande alegria | Foto: José Werbson

Fortaleza – CE. Quarto maior reservatório do Ceará, o Paulo Sarasate, mais conhecido como Araras, localizado na Bacia do Acaraú, no Norte do Estado, atingiu o ápice da sua capacidade de armazenamento nessa semana passada. A sangria seria recebida com grande celebração não fosse o período de necessário isolamento social. Mas algumas pessoas ainda foram ao local testemunhar as águas rolando pela parede do Araras.

Com 54 açudes acima de 90%, sendo 44 deles sangrando, e 54 com volume inferior a 30%, o Estado do Ceará encontra-se com a melhor reserva desde o declínio iniciado em 2012, quando iniciou-se uma sequência de seis anos seguidos com chuvas abaixo da média histórica.

A maioria dos açudes que está sangrando fica localizada na região Norte, a que tem recebido mais chuvas nos últimos anos. São oito na Bacia do Coreaú, sete na Bacia do Acaraú, sete na Bacia do Litoral e dois na Bacia do Curu.

Ainda assim, o volume total dos 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) ainda é de 31,5%, considerando que os três maiores do Estado ainda têm reservas pequenas. Situado no Médio Jaguaribe, o gigante Castanhão acumula 13,72% da sua capacidade, o que é muito para quem esteve no volume morto há dois anos, e considerando a sua dimensão.

Já o segundo maior açude do Ceará, o Orós, que fica no Alto Jaguaribe, encontra-se com 22,23% da sua capacidade. O terceiro, Arrojado Lisboa, conhecido popularmente pelo mesmo nome da sua bacia, Banabuiú, está com 9,28% da sua capacidade.

Chuvas

Os dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) revelam que, dentro do primeiro trimestre da quadra chuvosa de 2020, o mês de fevereiro teve o maior desvio positivo em comparação à média histórica, 62%, com 192.2 mm. Já março foi o mais chuvoso, com 276.6 mm, embora o desvio positivo tenha sido de 36%. Abril, com 165.8 mm até o momento, apresenta um desvio negativo de 11.8%.

Mas as precipitações não ocorrem de uma forma regular pelo espaço geográfico do Estado. No acumulado do ano de 2020, até agora os dois municípios mais chuvosos foram Moraújo, no Norte do Estado, com 1.831 mm observados e um desvio positivo de 61.9%; e Novo Oriente, no Sertão dos Inhamuns, com 1.111.7 mm, 51.1% acima da média.

Já os menos chuvosos foram Guaramiranga, no Maciço de Baturité, com apenas 63 mm, ou seja, 95.9% abaixo da média; e Tururu, no Norte do Ceará, com 478 mm, uma variação negativa de 47.4 mm.

A sequência de anos com chuvas abaixo da média começou em 2010, embora 2011 tenha sido o ano mais chuvoso da década. 2012 foi o ano que menos choveu, com um desvio negativo de 54.8%. Nos dois anos anteriores houve uma ligeira melhora, de 0.2% em 2018 e 5.7% em 2019, o que contribuiu para a melhoria da carga dos reservatórios neste 2020, que já está em -3.2% ainda há um mês do encerramento da quadra chuvosa.

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