Fernando de Noronha – PE. Em três décadas, o turismo náutico – atividade apontada como impactante para cetáceos em todo o mundo – aumentou dez vezes em Fernando de Noronha. Mesmo assim, a ilha continua sendo utilizada pelos golfinhos-rotadores para descanso, reprodução e cuidados com os filhotes. Mas, à medida que o turismo cresce em Noronha, eles vão alterando seus padrões de comportamento e ocupação na região do arquipélago.
Para entender mais sobre a relação entre o turismo convencional e também o direcionado ao surf – que se concentra entre novembro e abril – e ao mergulho com a presença da espécie, o Projeto Golfinho Rotador está realizando duas pesquisas junto aos visitantes. Uma pretende estabelecer qual a valoração do golfinho-rotador junto ao turismo de observação. Já a outra é específica para os que buscam as práticas do mergulho e do surf.
“Já aplicamos mais de 95 questionários aos turistas em geral e mais de 28 aos que praticaram mergulho”, contabiliza o biólogo Flavio Lima, coordenador geral do Projeto Golfinho Rotador e presidente da ONG Centro Golfinho Rotador. Ele explica que a resposta dos golfinhos ao turismo crescente depende de vários aspectos comportamentais e antrópicos. “Esses aspectos, quando somados, são responsáveis pela resiliência dos golfinhos. Enquanto tiver rotadores na ilha, essas pesquisas são fundamentais”, avalia.
Na pesquisa do turismo de observação de golfinhos, também estão sendo analisados os benefícios socioeconômicos da comunidade local. Flavio lembra que esta não é a primeira vez que o Projeto Golfinho Rotador realiza esse tipo de levantamento. “Inclusive os resultados de agora serão comparados com os obtidos anteriormente.” A valoração do turismo de observação de golfinho é feita ainda com o objetivo de avaliar se e o quanto essa atividade traz de benefício e recursos financeiros para a comunidade noronhense.
A quantificação e divulgação dos benefícios econômicos advindos do turismo de observação de golfinho para a comunidade local demonstram que a conservação dos golfinhos-rotadores no arquipélago é um bom negócio para o turismo local. Com isso, o Projeto Golfinho Rotador reforça a importância de sua presença nos pontos de observação e monitoramento desses animais, sendo uma de suas conquistas mais impressionantes o registro de cerca de dois milhões de entradas de rotadores na Baía dos Golfinhos, todas sistematicamente monitoradas, pesquisadas e protegidas.
Tudo isso gerou uma gama de resultados positivos que podem ser divididos em ambientais, de conservação, na educação ambiental, científicos, sociais, econômicos e turísticos. Corroborando assim a necessidade da adoção de medidas de proteção que garantam a permanência da espécie na ilha.
Surf e mergulho
O objetivo do segundo questionário que está sendo aplicado é estabelecer qual a relação dos praticantes de surf e mergulho autônomos com a conservação marinha em Fernando de Noronha. “Com o resultado dessa pesquisa, pretendemos propor normas de incentivo à educação ambiental a esse público”, detalha Flavio Lima. O questionário aborda questões sobre motivo da viagem, noções de importância ecológica do local, percepção sobre o grau de conservação das áreas visitadas e se o entrevistado tem efetivo engajamento em alguma organização socioambiental.
As pesquisas sobre a relação entre o turismo e os golfinhos de Noronha, bem como atividades no campo da educação ambiental e monitoramento dos rotadores, além de ações nas áreas de envolvimento comunitário e sustentabilidade realizados desde 1990 pelo Projeto Golfinho Rotador, têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Mais informações: (81) 3619-1295 e (81) 9 9103-3929