Equipe da UFES iniciou o trabalho no mar na sexta (15) e a próxima saída de barco está prevista para esta quinta-feira (21) | Foto: Projeto Golfinho Rotador

Pesquisadores associados do Projeto Golfinho Rotador estão em Fernando de Noronha para realizar estudos genéticos em golfinhos. Na ilha eles descansam, se reproduzem e cuidam dos filhotes.

Equipe da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) iniciou o trabalho no mar na sexta (15) e a próxima saída de barco está prevista para esta quinta-feira (21). A pesquisa tem patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental.

A expectativa é, ao fim desta expedição, recolher amostras de 50 golfinhos-rotadores. A pesquisa utiliza um método pouco invasivo, que dispensa a contenção do animal. Bastões de madeira com esponjas presas à ponta são esfregados no dorso do golfinho quando o animal se aproxima da superfície do mar.

A técnica não provoca lesões na pele dos cetáceos, cientificamente denominados Stenella longirostris. “O fato de ser de ambiente marinho e estar com a pele sempre molhada facilita ainda mais esse tipo de raspagem”, diz a geneticista da UFES Ana Paula Farro.

O material é removido da esponja com uma pinça e conservado em frascos com álcool a 70%. A análise do DNA é feita em laboratório, com o método de reação em cadeia da polimerase (PCR), um tipo de marcador molecular.

Com a PCR, os pesquisadores obtêm dados sobre a diversidade genética dos golfinhos-rotadores e o sexo dos indivíduos amostrados. Esses dados são fundamentais para orientar ações de conservação da espécie.

O Projeto Golfinho Rotador realiza estudos da diversidade genética dos animais em parceria com a UFES há 15 anos, com expedições de amostragem em 2004, 2006, 2009, 2012 e agora em 2019. “Estamos caracterizando geneticamente a população de golfinhos de Fernando de Noronha”, resume o coordenador-geral do Projeto Golfinho Rotador, José Martins.

Populações com baixa diversidade genética e um número menor de indivíduos tendem a ter menores condições de se adaptarem a mudanças bruscas, como alterações de temperatura, ou ainda falta de alimento ou infestação por um parasita.

Diferenças detectadas

Um dos resultados alcançados até agora foi a detecção de diferenças entre alguns rotadores de Noronha e rotadores que vivem ao longo da costa brasileira. Em Noronha há duas populações, uma delas com mais semelhanças genéticas com golfinhos-rotadores encontrados em outras partes do Brasil.

É provável, segundo os pesquisadores, que o grupo de golfinhos-rotadores de Noronha seja geneticamente mais distante dos rotadores encontrados ao longo da costa brasileira, constituindo uma população residente de Fernando de Noronha, que se reproduza entre si e não com as demais populações de rotadores do Brasil. Isso comprova a existência de uma população de golfinhos conhecida como “rotadores de Noronha”.

Sem Comentários ainda

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Pular para o conteúdo