Por Elaine Campelo
Do Insa

O projeto denominado “Apoio à conservação de espécies endêmicas e ameaçadas de cactos na Caatinga brasileira” é liderado pela pesquisadora Vanessa Nóbrega Gomes, do Núcleo de Biodiversidade do Insa, com apoio da Rufford Foundation.

Melocactus lanssensianus (coroa-de-frade) | Foto: João Pedro Crispim

Campina Grande – PB. A família Cactaceae, com mais de 1.480 espécies reconhecidas (Goettsch et al. 2015), representa a segunda em ordem de tamanho entre as plantas vasculares endêmicas das Américas. O Brasil se constitui como terceiro país do mundo com maior diversidade de cactáceas. A contribuição dessas espécies para a fauna local está no fornecimento de recursos como pólen, néctar e frutos, especialmente em períodos de escassez de recursos, devido à sazonalidade climática do Semiárido brasileiro.

Apesar dos dados acima citados, atualmente essas plantas estão entre as 10 famílias mais ameaçadas da flora nacional. Em nível regional, no bioma da Caatinga, aproximadamente 32 espécies de cactáceas encontram-se listadas como ameaçadas de extinção, tendo como principais causadores deste impacto os seguintes fatores: o desmatamento, expansão urbana, agricultura, pecuária, mineração, construção de estradas e barragens, coleta ilegal, urbanização em escala crescente, construção de rodovias, uso ornamental, entre outros.

A pesquisadora Vanessa Nóbrega Gomes, juntamente com os pesquisadores colaboradores Juliana Freitas, Carlos Cassimiro e a coordenadora do Núcleo de Biodiversidade Fabiane Rabelo da Costa Batista, do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) irão desenvolver o estudo com objetivo de avaliar aspectos da ecologia reprodutiva e auxiliar na conservação de espécies ameaçadas, focando em quatro
cactáceas endêmicas do Semiárido brasileiro: Melocactus lanssesianus classificada como ameaçada, Pilosocereus chrysostele quase ameaçada, Melocactus conoideus e Melocactus ferreophilus, sendo estas últimas com risco crítico de extinção.

“Há um artigo publicado em 2015 na revista Nature Plants, alertando que um terço dos cactos do mundo estão sob algum risco de extinção. Então, o nosso trabalho também se volta para a Educação Ambiental. É importante conscientizar a população acerca dos cuidados com essas plantas nativas, alertando que elas na natureza desempenham um papel fundamental. Por isso, conservá-las também garante o equilíbrio do ecossistema”, afirmou Vanessa.

Ainda segundo ela, a escolha das espécies a serem estudadas foi uma das partes mais difíceis do projeto, já que são 32 cactáceas listadas em diferentes categorias de ameaças e todas têm sua importância. Dessa forma, a escolha das espécies também considerou o critério da logística, uma vez que duas espécies (Melocactus conoideus e Melocactus ferreophilus) são amplamente representadas na coleção do Cactário Guimarães Duque e as espécies Melocactus lanssensianus e Pilosocereus chrysostele terão dados coletados em populações naturais nos municípios de Sumé (PB) e Tacima (PB), que estão a uma distância de no máximo 150 km de Campina Grande, o que facilita o planejamento.

O financiamento para o desenvolvimento deste estudo será de seis mil libras, e os pesquisadores terão um ano para execução, que envolve trabalho de campo e de laboratório. Além de relatórios que serão enviados de três em três meses, a equipe também deverá produzir um relatório de conclusão, para apresentar os resultados do estudo.

A Rufford Foundation é uma instituição registrada no Reino Unido que financia projetos de conservação do meio ambiente em todo o mundo, com enfoque em países subdesenvolvidos. Na América Central e Latina a fundação já cooperou com 1.357 projetos, sendo no Brasil, 347 pesquisas já financiadas. O projeto também tem parceria com a Associação de Plantas do Nordeste (APNE).

Veja mais detalhes

“Apoio à conservação de espécies endêmicas e ameaçadas de cactos na Caatinga brasileira”
Rufford Foundation

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