Publicação contém diretrizes para o resgate e atendimento das aves, orientações sobre biossegurança e pode ser baixada no site do Projeto
Contar com informações confiáveis e de profissionais experientes faz a diferença no resgate e cuidados corretos de aves, principalmente albatrozes e petréis, que pertencem à ordem dos Procellariiformes. Com o objetivo de sistematizar o conhecimento e informar as melhores práticas no manuseio destes animais, o Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram) e o Projeto Aves Amar, em parceria com o Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, elaboraram o livro “Reabilitação de Procellariiformes (albatrozes, petréis e pardelas)“, que pode ser baixado gratuitamente neste link.
O volume ainda contou com a colaboração do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), Associação R3 Animal, Fundación Mundo Marino, UC Davis School of Veterinary Medicine, Aquário de São Paulo e apoio do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema). A publicação foi construída por dez autores com vasta experiência no estudo e cuidados com estes animais. Entre eles, a médica veterinária e coordenadora de Medicina e Reabilitação do Ipram, Renata Hurtado, editora da obra.
O livro traz uma compilação da literatura científica e da experiência pessoal de diversos especialistas em aves marinhas, resultado de muitos anos de trabalho com os Procellariiformes. O público-alvo do livro são os profissionais que estão envolvidos com estas aves, principalmente os graduandos e graduados das áreas de Biologia, Medicina Veterinária e Oceanografia.
“Nossa ideia é tanto fomentar a pesquisa, por meio da padronização da coleta de dados e das amostras biológicas quanto prover informações específicas sobre manejo de Procellariiformes, contribuindo para um maior sucesso na reabilitação destas aves”, destaca Renata, que é responsável pela edição da obra, ao lado dos médicos veterinários Juliana Yuri Saviolli e Ralph Eric Thijl Vanstreels. O Projeto Albatroz conta com uma publicação virtual sobre a coleta padronizada de amostras.
Olhar experiente
Com 30 anos de experiência no trabalho com albatrozes e petréis, a fundadora e coordenadora geral do Projeto Albatroz, Tatiana Neves, contribuiu com seu olhar em dois capítulos importantes. No “Biologia geral e espécies com ocorrência no Brasil“, são descritas as principais aves que podem ser encontradas nos mares do País, seus nomes científicos e as diferenças entre elas. Já no “Ameaças à conservação dos Procellariiformes no Brasil“, ela contribui com seu conhecimento sobre o papel da pesca industrial, poluição e outros entraves à conservação destas aves.
Segundo a pesquisadora, é fundamental existir uma publicação que oriente profissionais, tanto no atendimento às aves Procellariiformes encontradas nas praias, quantos àquelas que são capturadas incidentalmente por embarcações pesqueiras e, que chegam a bordo ainda com vida. “Considerando que essas são espécies ameaçadas e muito sensíveis, realizar um manejo adequado nessas circunstâncias faz toda a diferença para a sua sobrevivência”, ressalta.
Sensíveis e ameaçadas de extinção
Segundo Renata Hurtado, a ideia de implementar uma ação específica no Plano de Ação Nacional para Conservação de Albatrozes e Petréis (Planacap) sobre reabilitação das aves veio do crescente número de albatrozes e petréis resgatados nas praias no litoral brasileiro, e por serem espécies sensíveis e ameaçadas de extinção, necessitam de atendimento especializado para sobreviver. “Melhorando os cuidados em cativeiro, esperamos que as taxas de sobrevivência e soltura sejam maiores, contribuindo para a conservação destas aves”, completa.
A elaboração do livro “Reabilitação de Procellariiformes (albatrozes, petréis e pardelas)” surgiu como o cumprimento de uma das ações descritas no Planacap, do qual o Projeto Albatroz tem papel de coordenação executiva por meio de Tatiana Neves.
Projeto Albatroz
Reduzir a captura incidental de albatrozes e petréis é a principal missão do Projeto Albatroz, que tem o patrocínio da Petrobras. O Projeto é coordenado pelo Instituto Albatroz, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que trabalha em parceria com o Poder Público, empresas pesqueiras e pescadores.
A principal linha de ação do Projeto, nascido no ano de 1990, em Santos (SP), é o desenvolvimento de pesquisas para subsidiar Políticas Públicas e a promoção de ações de Educação Ambiental junto aos pescadores, jovens e às escolas. O resultado deste esforço tem se traduzido na formulação de medidas que protegem as aves, na sensibilização da sociedade quanto à importância da existência dos albatrozes e petréis para o equilíbrio do meio ambiente marinho e no apoio dos pescadores ao uso de medidas para reduzir a captura dessas aves no Brasil.
Atualmente, o Projeto mantém bases nas cidades de Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC), Itaipava (ES), Rio Grande (RS) e Cabo Frio (RJ).
Mais informações: www.projetoalbatroz.org.br