Ele é visível da principal avenida de acesso à Praia do Forte, e deixa crianças e adultos maravilhados já na entrada do Espaço Baleia Jubarte | Foto: Instituto Baleia Jubarte

Recepcionados pelo novo esqueleto de uma fêmea adulta, medindo 15 metros e em ótimo estado de conservação, montado em dezembro passado, os mais de 1.500 visitantes registrados no primeiro mês de 2019 puderam conhecer de perto o mundo das baleias, suas necessidades de conservação e o trabalho para assegurar um mundo saudável para as jubartes e para as pessoas.

O Centro de Pesquisa e Educação Ambiental do Instituto Baleia Jubarte (IBJ), na Praia do Forte, no município de Mata de São João, a 63 Km de Salvador, constitui um novo espaço de divulgação e conscientização da comunidade e visitantes quanto à existência e importância da conservação das baleias na região.

Histórico da atuação

A pequena cidade histórica de Caravelas, no extremo sul da Bahia, é o ponto no continente mais próximo do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Os primeiros visitantes da região foram os portugueses, que navegaram pelo Rio Caravelas já em 1503. Desde então, outras celebridades, como o naturalista inglês Charles Darwin, também estiveram por lá, maravilhando-se com a rica fauna local, nela incluídas as baleias-jubarte, muito mais numerosas antes da caça que quase extinguiu a espécie em águas brasileiras.

Em 1987, durante os trabalhos de implantação do Parque, foi redescoberta a presença de uma pequena população remanescente de baleias-jubarte e sugeriu-se a importância de Abrolhos como principal “berçário” da espécie no Oceano Atlântico Sul Ocidental. Assim nascia o Projeto Baleia Jubarte, com a finalidade de promover a proteção e pesquisa destes mamíferos no Brasil. Caravelas passou de importante porto baleeiro no Brasil Colônia a sede da primeira base de um projeto de conservação de jubartes no País.

Em 1988 foram realizados os primeiros cruzeiros para fotografar as baleias-jubarte e as primeiras tentativas de estudar os animais a partir de uma estação em terra no arquipélago dos Abrolhos.

Posteriormente, em 1996, nasceu o Instituto Baleia Jubarte, organização não-governamental (ONG) cujo objetivo inicial era dar suporte administrativo às ações de conservação e pesquisa do Projeto. Com o passar do tempo, foram criados o Programa de Educação e Informação Ambiental e o Projeto Boto Sotalia do Sul da Bahia.

Como resultado da proibição da caça comercial e dos intensos trabalhos de conservação, verificou-se o aumento da população de jubartes de Abrolhos e a reocupação do litoral norte da Bahia, antiga área de ocorrência histórica da espécie. Por este motivo, em 2001 foi criada a segunda base do IBJ na Praia do Forte.

A implantação da nova base possibilitou a realização de cruzeiros de pesquisa no litoral norte, ampliando assim a área de estudo. Devido aos hábitos costeiros da espécie e ao estreitamento da plataforma continental no litoral norte da Bahia, as observações ocorrem próximo da costa, e o turismo de observação de baleias fomentado pelo IBJ como ferramenta de sensibilização da opinião pública contra a caça destes animais tem aumentado a cada ano.

A equipe do Instituto Baleia Jubarte entende que ao trabalhar com as populações locais, os turistas e a opinião pública de diferentes formas, a luta pela conservação das espécies marinhas fica cada vez mais fortalecida. Embora ainda reste muito para se conhecer sobre a história natural dos cetáceos, os esforços realizados pelo IBJ ao longo de mais de duas décadas de trabalho têm mostrado resultados surpreendentes.

Por meio da informação técnica e científica, da interação com as comunidades locais e da participação nas discussões envolvendo políticas públicas, os esforços se tornam cada vez mais efetivos para a conservação da vida marinha, em especial das baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) e dos botos-cinza (Sotalia guianensis).

Muitas parcerias

Os objetivos de conservação e pesquisa do Instituto Baleia Jubarte são alcançados por meio do apoio de uma série de parceiros e financiadores, que auxiliam de diversas formas para garantir o sucesso das ações da instituição.

A parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) vem de longa data. Ele apóia e atua em cooperação com o IBJ desde o início das ações de pesquisa e conservação do Projeto Baleia Jubarte, em 1988, quanto ainda não estava desmembrado do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O IBJ mantém acordos de cooperação técnica com o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos e com o Centro de Manejo, Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA).

O Instituto Baleia Jubarte é membro da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Nordeste (Remane) e Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Sudeste (Remase), criadas pelo ICMBio visando centralizar as informações adquiridas sobre as espécies de mamíferos aquáticos no Brasil e proporcionar maior agilidade na distribuição das informações, integração de projetos e tomadas de decisão no estabelecimento das diretrizes para a conservação de espécies.

O IBJ integra a delegação brasileira na Comissão Internacional BaleeiraInternational Whaling Commission (IWC), defendendo e subsidiando entre outras a proposta brasileira de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul.

Convênios com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), Fundação Universidade do Rio Grande (FURG), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) entre outras, possibilitam a participação do meio acadêmico e o desenvolvimento de monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado em diferentes linhas de pesquisa.

O IBJ mantém ainda acordos de cooperação técnica com 23 ONGs que atuam em nível nacional e/ou regional na proteção das espécies e ecossistemas marinhos.

Entre as organizações internacionais com as quais o IBJ trabalha destacam-se o American Museum of Natural History (NY), nos estudos de genética das baleias; e o College of the Atlantic, Maine, EUA (COA), nos estudos de determinação de rotas migratórias por meio de fotoidentificação.

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