Menino, usando máscara branca, camiseta e short azuis escuros, se curva para observar onça-pintada empalhada sobre uma estrutura de madeira e pedra, por trás de uma barreira de segurança. O piso da sala é de ladrilho hidráulico em padrão geométrico em branco, amarelo e vermelho e ao fundo é possível observar mais seis pessoas de costas observando outras peças em exposição
Cerca de 500 crianças de escolas da região serrana tiveram a oportunidade de conferir coleções e aspectos do trabalho de conservação realizado pelo equipamento | Foto: Museu de História Natural do Ceará

Por Alice Sales
Colaboradora

Pacoti – CE. Pela primeira vez desde a sua inauguração, em 2019, o Museu de História Natural do Ceará Professor Dias da Rocha, com sede em Pacoti, no Maciço do Baturité, recebe visitantes para uma exposição. O Museu, que teve suas atividades interrompidas por causa das medidas sanitárias de prevenção à pandemia de Covid-19, logo após sua abertura, recebeu, nos últimos dias, cerca de 500 crianças de escolas da região serrana, que tiveram a oportunidade de conferir a coleções e aspectos do trabalho de conservação realizado pelo equipamento. A programação celebrou a Semana do Meio Ambiente e contou também com palestras, oficinas e trilhas guiadas.

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Como público-alvo, as atividades contemplaram estudantes de 12 escolas municipais, estaduais e privadas, dos municípios de Pacoti, Guaramiranga e Caridade, além das crianças de Mulungu, que ainda deverão visitar o Museu nesta semana.  A  exposição contou também com a presença de estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec)

A exposição conta com aproximadamente 200 exemplares, entre plantas, fósseis e animais, como aves, mamíferos, insetos, répteis, anfíbios, invertebrados e mamíferos marinhos, além de equipamentos e materiais utilizado pelos pesquisadores para coleta e preparação do material em um museu e utensílios utilizados por caçadores para capturar os animais. Segundo a bióloga Sheila Fernandes, curadora da coleção de Entomologia do Museu,  o principal objetivo dessa primeira exposição aberta ao público é mostrar, principalmente para a população local, que existe um Museu de História Natural na cidade. Muitos moradores de Pacoti ainda não sabiam da existência do equipamento. 

Quadro com moldura de madeira e fundo brancom contendom uma coleção com 21 borboletas e mariposas de diferentes formatos, tamanhos e cores
A exposição conta com aproximadamente 200 exemplares, entre plantas, fósseis e animais, entre eles aves, mamíferos, insetos, répteis, anfíbios, invertebrados e mamíferos marinhos | Foto: Museu de História Natural do Ceará

A ideia da ação veio junto com a de celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho. A partir disso, a equipe do Museu se mobilizou para organizar da Semana do Meio Ambiente, com uma programação científica voltada para crianças. Essa foi uma oportunidade de apresentar o trabalho realizado no Museu e colocar em prática a Educação Ambiental, um dos objetivos de um Museu de História Natural como um espaço de educação não formal.

As reações das crianças ao se depararem com o universo científico da exposição foram as melhores possíveis. “Eu poderia resumir em uma frase: as crianças ficam encantadas! Essa seria a minha definição para a experiência que vivemos durante os últimos dias. Apesar de muitas crianças terem o convívio quase que diário com a natureza, e algumas delas terem contato frequentemente com algumas das peças do acervo, me refiro às residentes aqui na Serra de Baturité, muitas delas nunca visitaram um museu e, principalmente, um museu de história natural”, comemora Sheila.

Segundo a pesquisadora, como prova do impacto que a exposição causou para as crianças, algumas delas visitaram o Museu mais de uma vez: durante a semana com a escola e depois retornaram no fim de semana com os pais, trazendo irmãos, primos e amigos. “Dá para ver a expressão de surpresa quando as crianças entram na sala de exposição e têm o seu primeiro contato com o acervo! Uma das principais perguntas que fazem é: isso tudo é de verdade?”, relembra.

E completa:  “Vou relatar aqui uma fala de duas crianças que moram bem próximo ao Museu e frequentemente tenho a oportunidade de conversar com eles. Um falou: ‘nossa! parabéns! Vocês estão nota 10 com o trabalho!’. Logo depois veio o segundo e complementou: ‘nota dez não, nota um trilhão'”.

Museu de História Natural do Ceará

Pássaros empalhados dispostos numa prateleira com placas de identificação. Na prateleira acima há uma ave maior empalhada no galho de um tronco de árvore sem folhas
Algumas peças do Museu pertenceram ao Professor Francisco Dias da Rocha, importante naturalista da história do Ceará, que dá nome ao equipamento | Foto: Museu de História Natural do Ceará

Ao todo, o Museu tem um acervo com cerca de 7 mil peças de plantas, fósseis, mamíferos, aves, répteis, anfíbios e insetos. Alguns exemplares taxidermizados (empalhados) e em álcool, além de esqueletos secos, amostras de pele e estruturas anexas, como crânios. Boa parte da coleção de mamíferos, especialmente de morcegos, foi depositada por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Ceará como resultado da parceria estabelecida nos projetos desenvolvidos no Maciço de Baturité. 

As coleções são importantes, pois cada espécime registrado é identificado e tem dados geográficos associados (local onde ele foi encontrado), o que destaca seu valor científico. Os espécimes depositados em museus podem ter usos diversos, em diferentes áreas, como biodiversidade, anatomia, biotecnologia, agronomia, saúde pública e até mesmo para pesquisas forenses. 

Sob gestão da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o Museu de História Natural é local de pesquisa e de exposições em diálogo com o Museu Nacional. O equipamento tem sede no Campus Experimental de Educação Ambiental e Ecologia de Pacoti da Uece, na Serra de Baturité, em prédio cedido pela Fundação Educacional Deusmar Queiroz. As atividades do equipamento contam com apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).

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