Iniciativa cearense vai além da comercialização de produtos, contribuindo para troca de saberes e resgate cultural | Foto: Eduardo Queiroz

Itapipoca – CE. O cheirinho do bolo de milho que dá água na boca, o sabor da tapioca e as cores exuberantes das verduras e legumes cultivados por famílias agricultoras é o resultado da Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará, apoiada pela Fundação Banco do Brasil. A iniciativa, realizada pelo Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra), surgiu em 2009, como fruto de experiências de comercialização e articulações vivenciadas nos Territórios Vales do Curu e Aracatiaçu, Sertão Central, Maciço de Baturité e Sobral.

A rede atende 300 famílias, e abrange 16 feiras no Estado do Ceará, que são organizadas em diversos municípios, comunidades e distritos. Os agricultores levam seus produtos para esses espaços que são oferecidos diretamente para o consumidor. A produção é certificada pela Organização de Controle Social (OCS), documento emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que garante que o alimento produzido pelo produtor é Agroecológico.

Nas bancas há diversos produtos que não são encontrados em mercados. “A feira valoriza a cultura que estava se perdendo. É o resgate da identidade rural”, destaca Luiz Eduardo Sobral, coordenador do projeto da Rede de Feiras Agroecológicas e Solidária do Ceará. E completa: “Um bom exemplo é a araruta, planta que estava entrando em extinção. As famílias passaram a trabalhar o seu cultivo, comercializar nas feiras e explicar seus benefícios para a saúde. Deu certo e a procura veio também dos médicos para usá-la em tratamentos”.

O projeto é apoiado pela Fundação Banco do Brasil a partir do Edital Ecoforte Redes, realizado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A iniciativa recebeu o investimento social de cerca de R$ 1 milhão.

O campo mais próximo da cidade

Como as feiras se localizam próximas aos consumidores e levam para o município o que é produzido na região, os clientes têm a oportunidade de conhecer as áreas de plantio, de saber a origem do produto e como é cultivado. “É uma ponte que liga a cidade com o campo e a natureza. As famílias disponibilizam seu cultivo de forma solidária para que as pessoas tenham acesso ao conhecimento e colaborem com o fortalecimento da produção de alimentos saudáveis”, pontua Luiz Eduardo.

Os agricultores familiares são protagonistas e possuem total autonomia para o trabalho. O acompanhamento dos processos é efetuado pelos próprios feirantes, que realizam intercâmbios de saberes de forma permanente, trocas de sementes e novas técnicas de plantio e colheita, além de tomarem decisões sobre planos, questões de embalagem, entre outros assuntos.

Dentro da rede de feiras existem os grupos de beneficiamentos que cuidam de diferentes produções. O coletivo do caju produziu 25 mil litros de cajuína em um ano. Com o investimento social da Fundação BB, a equipe atuará na construção de um forno para cozinhar a cajuína, uma estratégia que vai valorizar a produção e aprimorar o produto final.

Beneficiamento da Produção

O empreendimento tem conquistado o público, e a procura pelos feirantes cresce a cada dia para atender outros mercados. “Atualmente, temos demandas de feiras em organizações e espaços institucionais para discutir essa temática da Agroecologia, consumo consciente e segurança alimentar. O alimento saudável tem ganhado cada vez mais visibilidade”, ressalta.

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