Um fim de tarde nublado no alto do Horto do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, marcou um momento especial da participação dos profetas da chuva e do agradecimento pelas gotas que caem dos céus, molham a terra e a enchem de fartura.

O V Encontro de Agricultoras e Agricultores Experimentadores (Enae) subiu a colina para ouvir um pouco da sabedoria ancestral passada de pai para filho e se deliciar com um banquete produzido com o que a terra e o trabalho árduo nos dão no dia a dia.

“Um dos nossos pressupostos é a valorização e reconhecimento dos saberes que agricultoras e agricultores constróem a partir do trabalho”, destaca Marcos Jacinto, do Fórum Cearense pela Vida no Semiárido e da Coordenação Executiva da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) pelo Estado do Ceará.

Ele enfatiza que esses conhecimentos são transmitidos de geração em geração e a ideia foi promover um diálogo dos profetas num espaço místico, muito simbólico do Cariri e do próprio Ceará.

“Esse evento fala de chuva, celebra a sua chegada e o banquete faz a conexão com a produção agroecológica dos alimentos que garantem a segurança alimentar”, declara.

Josefa Santos de Jesus, quilombola do Sítio Alto, em Simão Dias (SE), foi a representante das mulheres entre os três profetas convidados para a ocasião. “Aprendi tudo o que sei com meus avós e meus pais. Hoje sou guardiã de sementes, da história, das danças de roda”, conta.

“Foi acompanhando meu pai que aprendi a fazer remédio a partir das plantas, a obvervar o céu, a lua, as estrelas, o sol. Este ano não vai ser muito chuvoso. Chove num lugar, noutro não. Mas aprendi com meu pai que devemos estar preparados para tudo, para conviver com essas diferenças”, finaliza.

O evento foi animado pelo artista popular Zé Vicente e foi encerrado com apresentação do grupo A Gente do Coco das Mulheres da Batateira, comunidade do Crato que existe há quase 40 anos.

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