A expedição científica de monitoramento qualiquantitativo hídrico foi entre os municípios de Brejo Grande, em Sergipe; e Piaçabuçu, em Alagoas | Foto: Thadeu Ismerim

 

Por Kátia Azevedo
Jornalista do Projeto Opará: Águas do Rio São Francisco

 

Como parte da programação do Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22), o Projeto Opará: Águas do Rio São Francisco, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal, realizou, na manhã da última quinta-feira (21), uma expedição científica de monitoramento qualiquantitativo hídrico na Foz do Rio São Francisco, entre os municípios de Brejo Grande, em Sergipe; e Piaçabuçu, em Alagoas.

O projeto desenvolve ações de monitoramento qualiquantitativo nas bacias hidrográficas do Rio Jacaré, Riacho Mato da Onça e São Francisco, nos estados de Sergipe e Alagoas, identificando fatores ambientais que impactam nos afluentes do Rio São Francisco, sua dinâmica e qualidade hídrica.

Durante a atividade, foram feitas medições de vazão in loco a cada 30 minutos com a sonda multiparâmetro composta por sensores que analisam os parâmetros físicos e químicos da água como a condutividade elétrica, pH, sólidos dissolvidos totais, oxigênio dissolvido, salinidade, turbidez e temperatura. Também foi feita a verificação da variação da profundidade do rio, da qualidade da água na maré baixa e alta, e observados aspectos como a direção de corrente e velocidade da água.

Para o monitoramento dos parâmetros relacionados com a qualidade da água, são realizadas coletas quadrimensais em diferentes trechos do Rio Jacaré, em Sergipe; e Riacho Mato da Onça, em Alagoas, a fim de verificar as possíveis variações sazonais sobre as características físicas, químicas e biológicas da água.

“A proposta do projeto é realizar medições do rio, incluindo o registro de vazão, e análises de parâmetros físico-químicos e biológicos da água. Para isso, são realizadas pesquisas hidrológicas, físico-químicas e biológicas desde 2017 nos afluentes do São Francisco para identificação de propriedades físico-químicas que ajudam a compreender as situações socioambientais do Velho Chico determinadas principalmente pelas condições climáticas, geomorfológicas e geoquímicas predominantes na base de drenagem do rio”, explica João Marcos Sales, coordenador de monitoramento de pesquisas hídricas do projeto Opará: Águas do Rio São Francisco.

As análises também contribuem para um diagnóstico de outros fatores naturais ligados ao uso e ocupação do solo que interferem de igual maneira nas características ambientais do Rio São Francisco, como o avanço da cunha salina na região do Baixo São Francisco.

“Já há registros de salinidade percebida pelos moradores desde que a vazão no Baixo São Francisco passou para 600 metros cúbicos por segundo (m³/s). A pesquisa do avanço da cunha salina possibilita o acompanhamento da qualidade da água e os efeitos socioambientais envolvidos na região”, destaca a pesquisadora e professora Neuma Rúbia Santana.

O monitoramento da quantidade de água é realizado por meio de um equipamento chamado de molinete hidráulico. A pesquisa também adota outros processos de análise, como a medição da qualidade da água realizada com sonda de multiparâmetros, ecokits e amostras do Rio São Francisco que são encaminhadas para laboratório, além de tecnologias de medição como o método acústico Doppler (equipamento conhecido como ADCP), que possibilita resultados mais precisos e de maior alcance sobre as condições ambientais estudadas.

Outras análises são realizadas no Laboratório de Química Analítica (LQA) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Também são feitos registros meteorológicos com base na Plataforma de coleta de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), bem como o registro das vazões da Agência Nacional de Águas (ANA) no Rio São Francisco.

Para o monitoramento dos parâmetros relacionados com a qualidade da água são realizadas coletas bimensais em diferentes trechos do São Francisco, a fim de verificar as possíveis variações sazonais sobre as características físicas, químicas e biológicas. O monitoramento no Rio São Francisco ocorre em pontos estratégicos que incluem região próxima à barragem de Xingó e afluentes no município sergipano de Poço Redondo e na cidade alagoana Pão de Açúcar; em Propriá, na captação de água para Aracaju e na foz do Rio São Francisco. Neste último é feito o monitoramento da intrusão salina.

Os parâmetros de qualidade da água analisados são selecionados de acordo o uso da água, os parâmetros indicados para o consumo humano, manutenção da vida aquática, medida da biomassa e fontes de poluição. Assim são efetuadas as medidas de parâmetros como temperatura, pH, cor, condutividade elétrica, sódio, potássio, cálcio, pesticidas, Indicadores microbiológicos: coliformes totais, entre outros elementos.

A proposta do projeto é realizar medições do rio, incluindo o registro de vazão, e análises de parâmetros físico-químicos e biológicos da água | Foto: Projeto Opará

Projeto Opará

Presente em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal no sertão de Sergipe e Alagoas, o projeto Opará: Águas do Rio São Francisco desenvolve ações de sustentabilidade nas comunidades do Perímetro Irrigado Jacaré-Curituba (entre Poço Redondo e Canindé do São Francisco); e na Reserva Mato da Onça, em Pão de Açúcar, em Alagoas.

O projeto é executado pela Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco Canoa de Tolda, em parceria com a UFS e visa recuperar e fortalecer a valorização, preservação, proteção e conservação do patrimônio natural e cultural do Rio São Francisco.

As atividades realizadas pelo projeto possuem como eixos centrais a Restauração Florestal, Educação Ambiental, Monitoramento Hídrico e pesquisas na região do Semiárido nos estados de Sergipe e Alagoas, na bacia hidrográfica envolvendo os rios São Francisco, Jacaré e Riacho Mato da Onça. Com estas medidas, o projeto contribui para o fortalecimento socioambiental das comunidades atendidas dentro de um modelo de produção baseada na sustentabilidade do ecossistema, incluindo o acesso aos recursos hídricos, cadeia produtiva de alimentos locais, recuperação florestal e de solos salino-sódicos em áreas irrigadas com o objetivo de melhorar a segurança hídrica do Rio São Francisco.

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