Gláucio Gomes
Diretor de Desenvolvimento
Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel)
Educação Ambiental é a condição para convivência com a realidade do Semiárido. E Sustentabilidade, às vezes entendida como algo abstrato por muita gente, é questão prática, necessária e vital para as famílias e comunidades que, no dia a dia, recorrem aos saberes que foram produzidos através das gerações, que são partes de sua cultura, para aproveitar os recursos disponíveis para sua subsistência e para o desenvolvimento local, ao mesmo tempo em que conservam o seu habitat natural e seus modos de vida.
No Sertão, Educação Ambiental é, de fato, uma questão de consciência ecológica e de resiliência, de famílias que entendem que o Semiárido não é uma condição a ser vencida e sim uma realidade com o qual precisam conviver harmoniosamente. Repleto de desafios, mas também de riquezas e potencialidades a serem aproveitadas com inteligência coletiva e a partir de um princípio de convergência em que as dimensões social, cultural, ambiental e econômica estão conectadas para gerar qualidade de vida em longo prazo para quem está presente hoje e para seus filhos e netos, a partir de interações equilibradas entre as pessoas e o meio ambiente.
Essa compreensão, pelas famílias do Semiárido, de que sua existência é produto da relação equilibrada entre elas e tudo de natural que as cercam, é, talvez, a parte mais importante da cultura do Sertão.
Esse traço, aliás, não deveria estar presente apenas na cultura do sertanejo. Não se trata especificamente do resultado de uma ética de necessidade e da luta por sobrevivência por quem vive no Semiárido. Aprendemos, como sociedade, ao longo dos últimos 30 anos, que essa harmonia entre as pessoas e o meio ambiente, essa consciência de que esse é o caminho para efetiva Sustentabilidade, é uma condição das vidas de todos nós, no mundo inteiro. É o desafio de toda uma geração: como conviver de forma sustentável com nossa realidade ambiental, mantendo um caminho de desenvolvimento ao aproveitar as potencialidades que existem por meio de relações ecológicas, equilibradas, com o meio ambiente?
Desenvolver essa consciência é uma competência das mais essenciais hoje – no mundo do trabalho, da prática da cidadania, no dia a dia das relações entre as pessoas. A Educação Ambiental precisa ser prioritária, desde a educação básica. Tão importante quanto a alfabetização ou quanto aprender a contar, precisa ser tratada no mais alto patamar na hierarquia dos conhecimentos, desde a escola e não apenas na escola. Não ser apenas tema transversal ao currículo formal, mas sim foco de momentos de formação em todos os segmentos da sociedade.
Precisa se conectar com a nossa cultura, com a nossa tecnologia, com o conjunto de saberes e fazeres que nos caracterizam como sociedade. A cultura de convivência com a realidade ambiental, tão importante para a sustentabilidade na vida no Sertão, tem muito a nos mostrar e ensinar nesse sentido. Trata-se de educação para o desenvolvimento sustentável. E, em última análise, de educação para o futuro – ao menos, que torne nosso futuro possível.